“Da luta eu não fujo”! No mês em que se lembra o assassinato sindicalista paraibana Margarida Maria Alves e inspirados pela sua trajetória de vida e de luta, lideranças sindicais do Polo da Borborema estiveram reunidas nos dias 01 e 02 de agosto, em Esperança-PB para debater os rumos do sindicalismo rural frente a conjuntura política e a criminalização dos movimentos sociais. O Polo é uma rede que agrega 13 sindicatos de trabalhadores rurais da região da Borborema, na Paraíba, com a assessoria da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia.
Durante os dois dias, os dirigentes sindicais avaliaram as ações sindicais para garantia de direitos dos agricultores e agricultoras, o processo de sindicalização de novos associados e o quadro social, e a organização interna para desenvolvimento de suas ações. Em um primeiro momento, divididos em grupos, os participantes debateram sobre a ação dos sindicatos e fizeram um levantamento de todo o trabalho realizado junto à agricultura familiar do município e debateram estratégias que garantam visibilidade a esse trabalho.
“Estamos aqui reafirmando o papel do sindicato, que nasce da necessidade de conhecimento e da luta dos trabalhadores. Estamos tirando estratégias para seguir em frente aqui na região da Borborema, aqui a gente trabalha junto e bebe das experiências do outro para poder caminhar”, explica Marizelda Salviano, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Esperança.
Em um segundo momento, as lideranças agricultoras discutiram sobre o processo de sindicalização, a relação com os sócios e as estratégias para ampliação da base associada. Ao ser questionado sobre as dúvidas dos agricultores e agricultoras de que os sindicatos estariam com os dias contados, a partir da aprovação da Reforma da Previdência que já foi votada em primeiro turno na Câmara dos Deputados, Antônio José da Silva, liderança do município de Solânea, responde: “Esse encontro é uma resposta a essa dúvida, pois ele reativa nossas forças e nossas energias. O sindicato é de uma categoria, enquanto existir agricultor familiar nesse país, essa representação, esse instrumento de luta que é o sindicato jamais será fechado”, afirma ‘Toinho Cadete’, como é conhecido.
Em seu último dia, o encontro debateu o aprimoramento da organização interna e o planejamento dos sindicatos. Um aspecto lembrado nos debates e que merece destaque é o crescente papel da juventude nas direções sindicais. Márcia Araújo, da Comissão de Jovens do Polo da Borborema e da direção do Sindicato de Lagoa Seca-PB, afirma que essa visão é prioritária para a ação do Polo: “As crianças, os jovens tem muito conhecimento que vem adquirindo através dos nossos pais e os sindicatos vem valorizando isso, é um sindicalismo diferente que busca essa valorização de homens, mulheres, crianças, jovens e a nossa mãe terra”.
“Em 1996, nos juntamos para organizar uma nova forma de se fazer sindicalismo e formamos o Polo da Borborema. Não imaginávamos que agora, mais de 20 anos depois, teríamos que nos reinventar e me sinto feliz por termos passado esses dois dias refletindo com profundidade o que fizemos. Saímos daqui com a tarefa de voltar para nossas bases e aprimorar nossas ações, mas também saímos com o desafio de ajudar a refletir o sindicalismo rural em nosso estado. E saímos daqui com uma tarefa grande, a de fazer tudo isso acontecer”, avaliou Manoel Oliveira, mais conhecido como ‘Nequinho’, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Nova-PB.