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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
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Número 531 – 25 de março de 2011
Car@s Amig@s,
Uma nova pesquisa realizada na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) revela mais um aberrante efeito do uso generalizado de agrotóxicos sobre a população das regiões de grande produção agrícola.
Em Lucas do Rio Verde, município situado a 350 km de Cuiabá, foram coletadas amostras de leite de 62 mulheres atendidas pelo programa de saúde da família. A coleta foi feita entre a 3ª e a 8ª semana após o parto.
Em 100% das amostras foi encontrado ao menos um tipo de agrotóxico. Em 85% dos casos foram encontrados entre 2 e 6 tipos. Entre as variáveis estudadas, ter tido aborto foi uma variável que se manteve associada à presença de três agrotóxicos.
A substância com maior incidência é conhecida como DDE, um derivado de outro agrotóxico, o DDT, proibido pelo Governo Federal em 1998 por provocar infertilidade no homem e abortos espontâneos nas mulheres.
O trabalho de pesquisa foi realizado pela mestranda em Saúde Coletiva da UFMT Danielly Palma, sob orientação do Prof. Wandeley Pignati.
Lucas do Rio Verde está entre os maiores produtores de grãos do Mato Grosso e entre os maiores produtores nacionais de milho “safrinha”, figurando como um dos principais pólos do agronegócio do estado e do país. Os defensores do modelo agroquímico que impera na região consideram o município como modelo de desenvolvimento.
Mas a imagem da cidade começou a ser manchada quando, em março de 2006, a cidade foi banhada pelo herbicida Paraquate, usado na plantação de soja. O veneno, despejado de um avião agrícola, destruiu plantações, hortas e jardins. Atingiu também cursos d’água, casas e pessoas, provocando problemas de saúde e colocando em risco toda a população local.
Este caso específico acabou ganhando divulgação nacional graças ao trabalho de um repórter da Radiobrás (seu trabalho originou o livro:MACHADO, P. Um avião contorna o pé de jatobá e a nuvem de agrotóxico pousa na cidade – história da reportagem. Brasília: Anvisa, 2008. 264 p.). Mas infelizmente, não se tratou de um caso isolado: ao contrário, ano após anos, “acidentes” como esse se repetem nas muitas cidades onde o agronegócio prospera.
Depois deste caso, uma pesquisa feita em parceria pela a Fundação Oswaldo Cruz e a UFMT encontrou resíduos de agrotóxicos no sangue e na urina de moradores, em poços artesianos e amostras de ar e de água da chuva coletadas em escolas públicas dos municípios de Lucas do Rio Verde e Campo Verde (dois dos principais produtores de grãos do estado).
O monitoramento da água de poços revelou que 32% continham resíduos de agrotóxicos. Das amostras de água da chuva analisadas, mais de 40% estavam contaminadas com venenos.
Boa parte desta contaminação é proveniente da pulverização aérea de venenos que é praticada na região. Vários estudos demonstram que, na prática, apenas uma parte dos agrotóxicos aplicados sobre lavouras se deposita sobre as plantas. O resto escorre para o solo ou segue pelos ares para contaminar outras áreas. Segundo diversas pesquisas realizadas pela Embrapa Meio Ambiente, em média apenas metade do que é pulverizado atinge o alvo. A parte que se perde no solo ou é carregada pelo vento pode comumente ultrapassar 70% do produto aplicado.
Mas um dos aspectos mais lamentáveis de todo este drama é que, ao prestar este valioso serviço à sociedade, estudando e comprovando os efeitos danosos dos venenos agrícolas sobre as pessoas e o meio ambiente, os pesquisadores têm se tornado vítimas de ataques pessoais. Via de regra, quando são divulgados resultados de pesquisas como estes, demonstrando a contaminação da água, do sangue ou do leite materno, os defensores do modelo agroquímico de produção partem para o ataque à reputação dos cientistas e, comumente, lançam dúvidas levianas sobre os métodos e a qualidade das pesquisas. Mas, claro, nunca propõem contraprovas ou a repetição dos testes.
Um exemplo tocante deste fenômeno está publicado na seção de comentários do site 24 Horas News, um dos veículos que divulgou a notícia da contaminação do leite materno em Mato Grosso. Diz o internauta Josué:
“Já estou providenciando a foto dessa “pesquisadora” da UFMT e vou espalhar aqui pelo Nortão todo, nos postes, com a frase: PROCURA-SE – RECOMPENSA DE R$ 10 MIL. Depois vamos dar uma coça nela com pé de soja seco, que ela nunca mais vai pesquisar nada aqui” (18/03/2011 13:13:00).
Em agosto de 2010 o professor da Universidade de Buenos Aires Andrés Carrasco foi agredido ao visitar região produtora de soja no país onde participaria de evento para apresentar os dados de sua pesquisa que mostraram os danos causados pelo herbicida glifosato. O estudo foi publicado na Chemical Research in toxicology.
É por essas e muitas outras que poucas pesquisas têm sido realizadas sobre este tema. Este é apenas um exemplo grosseiro das pressões que pesquisadores sofrem — em muitos casos dentro de suas próprias instituições. É preciso muita coragem para cutucar o agronegócio com vara curta.
O que estas pesquisas estão mostrando é apenas a ponta do iceberg. Procurando, muito mais evidências dos efeitos nefastos do uso maciço de venenos agrícolas serão achadas.
Com informações de:
Jornal da Band, 21/03/2011.
O Globo, 23/03/2011.
24 Horas News, 17/03/2011.
Universidade Federal do Mato Grosso, 15/03/2011.
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Neste número:
1. Veneno usado em fumo contamina outras lavouras no Paraná
2. México autoriza plantio experimental de milho transgênico da Monsanto
3. Fungo transgênico contra malária é testado em mosquito barbeiro
4. Bayer fecha fábrica de Temik nos EUA. Produto será eliminado até 2012
5. Maioria dos plásticos libera substâncias que agem como hormônios
A alternativa agroecológica
Agroecologia preserva mananciais
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1. Veneno usado em fumo contamina outras lavouras no Paraná
Agricultores familiares de municípios da região Centro-Sul, responsável pela maior produção de fumo do Paraná, e de municípios do Planalto Norte de Santa Catarina enviaram aos ministérios públicos (MPs) dos municípios, ao Ministério Público Estadual do Meio Ambiente e às secretarias de Estado da Agricultura e Saúde denúncia sobre problemas graves enfrentados na safra de fumo deste ano. Os agricultores afirmam que o uso abusivo de um tipo de agrotóxico, em desacordo com a legislação, resultou na contaminação e morte de várias outras culturas e plantas existentes na região.
Além do dano ambiental, a contaminação das lavouras ameaça o futuro econômico dos agricultores agroecológicos da região. Segundo o técnico agrícola André Emílio Jantara, da ONG Assessoria a Serviços e Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA), os agricultores correm o risco de perder a certificação como produtores de alimentos orgânicos e ter prejuízo com investimentos de quatro anos que trabalharam até converter a unidade produtiva de convencional para a agroecologia. Sem a certificação, os agricultores perderiam o direito ao adicional de 30% que recebem na venda de alimentos ecológicos para programas governamentais que abastecem escolas, creches, asilos e entidades filantrópicas da região.
O engenheiro florestal Luiz Claudio Bona, da AS-PTA, explica que os problemas com o uso dos agrotóxicos na cultura do tabaco é sentido há vários anos, mas a situação se agravou nos últimos dois e apareceu de forma mais visível na safra 2010/2011. Eles apontam o agrotóxico Gamit como causador, uma vez que os efeitos apareceram logo após a sua aplicação, feita na época de plantio do fumo, nos meses de agosto, setembro e outubro. Outras comunidades de agricultores, nas cidades de Santa Cruz e São Borja, no Rio Grande do Sul, já culparam o mesmo veneno por situações semelhantes.
‘Bolha de veneno’
“Depois da aplicação, parecia que tinha se formado uma bolha de veneno no ar, que foi se espalhando”, conta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Palmeira, Vilmar Agostinho Sergiki. De acordo com ele, verduras, plantas medicinais, folhagens mantidas dentro de casa ficaram esbranquiçadas ou tiveram as folhas amareladas. O efeito foi sentido até mais de 800 metros da aplicação e até em plantas isoladas dentro de matas.
Os agricultores culpam a indústria fumageira pela situação. A bula do agrotóxico Gamit, conforme registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, recomenda sua utilização a uma distância mínima de 800 metros de outras culturas. Mas, de acordo com a denúncia protocolada junto ao Ministério Público e assinadas em nome do Coletivo Triunfo, não é o que ocorre.
Segundo o técnico agrícola André Emílio Jantara, da AS-PTA, técnicos e engenheiros agrônomos das empresas fumageiras receitam o veneno aos fumicultores, e esses são obrigados a utilizá-lo em decorrência de obrigações estipuladas nos contratos com as empresas. Eles afirmam, ainda, que os agrônomos fazem o receituário sem fazer um diagnóstico da área onde ele será aplicado, o que contraria o decreto 4.074/02. Assim, na maioria dos casos, as plantações de fumo ficam a menos de 50 metros de outras lavouras.
Fonte: Folha Web – via Rural Centro, 18/03/2011.
2. México autoriza plantio experimental de milho transgênico da Monsanto
O governo mexicano concedeu esta semana a primeira permissão para o plantio experimental de milho transgênico. Manifestantes pedem que o parecer da liberação dada à empresa Monsanto torne-se público.
O anúncio do governo mexicano provocou indignação imediata de militantes da Campanha Nacional “Sín maíz no hay país” (Sem milho não há país) e da União de Cientistas Comprometidos com a Sociedade (UCCS). Eles ressaltam que a decisão deve ser analisada por técnicos e pedem que o parecer da permissão seja divulgado publicamente.
As organizações civis alegam que esta concessão abriria portas para o plantio massivo de milhos transgênicos no país, o que colocaria em risco a alimentação da população mexicana e a agricultura nacional. Segundo eles, este plantio viola a Lei de Biossegurança de Organismos Geneticamente Modificados.
Os ativistas questionam a concessão para o plantio em Tamaulipase. Dizem que ela é “contraditória”, já que no início deste ano foi negada uma permissão semelhante de plantio piloto de milho transgênico em Sinaloa, outro estado mexicano.
O próprio governo do México investiu em uma pesquisa conduzida pela Comissão Nacional para o Conhecimento e uso da Biodiversidade (CONABIO). O estudo revela evidências científicas para proibir o plantio de milho em todo o país.
Os ativistas acusam o governo mexicano de servir aos interesses econômicos da empresa Monsanto e de ignorar os argumentos técnicos e legais sobre plantio de transgênicos. Para eles, a decisão mostra que o governo não está interessado em fomentar a produção campesina de alimentos com tecnologias sustentáveis, sem riscos nem controles por monopólios.
No Brasil, a primeira liberação de uma variedade de milho geneticamente modificado aconteceu em 2007. Na época, a Anvisa e o Ibama questionaram a liberação na Justiça. Os órgãos responsáveis pela saúde e meio ambiente afirmaram que não foram tomadas as medidas necessárias para evitar danos. Atualmente, estima-se que metade da área de milho plantada no Brasil seja composta por transgênicos (pulsar/adital).
Fonte: Agência Pulsar, 11/03/2011.
3. Fungo transgênico contra malária é testado em mosquito barbeiro
Um estudo publicado no último número da revista “Science” analisa a eficácia de uma técnica desenvolvida por uma equipe de cientistas de universidades britânicas e norte-americanas, que inclui o brasileiro Marcelo Jacob-Lorena, da Escola de Saúde Pública John Hopkins, nos Estados Unidos.
Um fungo transgênico pode ser a mais nova arma contra a malária. Pesquisadores inseriram dois genes no fungo Metarhizium anisopliae, que infecta insetos. Um deles produz um anticorpo e o outro, uma toxina obtida de escorpiões. As duas substâncias matam o microrganismo causador da malária. Com essa descoberta, os cientistas querem infectar mosquitos com o fungo, eliminando o parasita dentro do inseto.
Três grupos de mosquitos Anopheles, portadores do Plasmodium falciparum, um dos protozoários que causam malária, foram estudados. O primeiro grupo foi exposto ao fungo transgênico. O segundo foi infectado pelo mesmo fungo, mas em sua condição natural, sem os dois genes antimalária. O terceiro serviu como controle, sendo poupado do contato com o fungo.
No Brasil, a Fiocruz também tem pesquisado uma abordagem semelhante para eliminar o Trypanosoma cruzi, microrganismo causador da doença de chagas, dentro de barbeiros, inseto que atua como vetor da doença. Entretanto, no lugar dos fungos transgênicos, os brasileiros utilizam bactérias.
Fonte: Última Notícia, 10/03/2011.
4. Bayer fecha fábrica de Temik nos EUA. Produto será eliminado até 2012
A Coalizão Contra os Perigos da Bayer, com sede na Alemanha, e os moradores do Vale de Kanawha, em Viginia Ocidental, nos EUA, alcançaram um triunfo histórico: após meio século de campanha, a multinacional química Bayer fechará a fábrica que possui nesta localidade para a produção de isocianato de metila (MIC), substância responsável, entre outras catástrofes, pela morte de milhares de pessoas na tragédia de Bhopal, Índia, ocorrida em 1984.
O produto é usado para a fabricação do Aldicarbe, ingrediente ativo do herbicida Temik. Em 2010 a empresa firmou um acordo com a Agência de Proteção Ambiental, do governo norteamericano, para cessar a produção do Temik até 2012.
A unidade vinha sendo vistoriada pelos órgãos de Saúde e Segurança do Trabalho do governo dos EUA, mas a decisão da empresa se antecipou aos resultados da avaliação.
Fonte: Coalizão Contra os Perigos da Bayer, 18/03/2011.
N.E.: O Temik é registrado no Brasil para uso em algodão, batata, café, cana-de-açúcar, citros, feijão e banana.
5. Maioria dos plásticos libera substâncias que agem como hormônios
Dos 450 produtos testados, 70% liberaram compostos que agem como o estrogênio. Pesquisa inclui mamadeiras “BPA free”
Um novo estudo publicado no início deste mês na revista científica Environmental Health Perspectives analisou mamadeiras bisfenol (BPA) free, garrafas plásticas de água mineral e outras embalagens plásticas compradas em supermercados dos Estados Unidos, como o Wal-Mart e Whole Foods (supermercado de orgânicos). Os produtos foram cortados em pedaços e analisados em duas etapas. Na primeira fase, 70% dos produtos testados, o que inclui boa parte das mamadeiras sem bisfenol (BPA), liberaram químicos estrogênicos. Na segunda fase, os produtos foram expostos à ações normais de uso: exposição ao sol, aquecimento em micro-ondas e lavagem com detergente.
O resultado revelou que 95% dos produtos liberaram substâncias estrogênicas.
Assim, como acontece com o bisfenol A ( BPA), substâncias estrogênicas quando consumidas interferem no funcionamento de células alterando taxas hormonais. Mais de 200 pesquisas já associaram o bisfenol A a uma maior incidência de obesidade, problemas cardíacos, diabetes, câncer na próstata e mama, puberdade precoce e tardia, abortos, anormalidades no fígado em adultos e também problemas cerebrais e no desenvolvimento hormonal em crianças e recém-nascidos. A maior preocupação é com crianças, bebês e fetos que são os mais vulneráveis.
A pesquisa publicada pela Environmental Health Perspectives não determinou quais químicos foram liberados. O que fica claro, no entanto, é a necessidade da realização de mais pesquisas para descobrir quais substâncias estão sendo liberadas e se são seguras para o consumo. Enquanto isso não acontece, consumidores podem diminuir sua exposição evitando o aquecimento de plásticos em microondas ou evitando completamente embalagens plásticas alimentares em favor da utilização de vidro, cerâmica ou inox.
Com informações de: Suite 101 e Environmental Health Perspectives (02/03/2011).
Fonte: O Tao do Consumo, 11/03/2011.
A alternativa agroecológica
Agroecologia preserva mananciais
Os cerca de 400 agricultores da capital paulista terão de adotar práticas conservacionistas
Uma revolução silenciosa começa a tomar corpo na região de mananciais do município de São Paulo, no extremo da zona sul. Esta revolução passa necessariamente pela agricultura e pode se tornar uma alternativa efetiva para preservar o meio ambiente e a água consumida pelos 19 milhões de habitantes da Grande São Paulo.
Números surpreendentes se escondem nas fronteiras do município, não só na zona sul, mas também nas zonas norte e leste, onde se abrigam, no total, 402 agricultores cadastrados. A área agricultável da megalópole paulistana representa 15% da superfície do município, de 1,5 milhão de quilômetros quadrados. Em plena capital se produzem hortaliças, plantas ornamentais e grãos. É na área de mananciais, as Represas Billings e Guarapiranga, que está a maioria desses agricultores: 311. O restante mantém lavouras na zona leste, com 50 agricultores, e zona norte, com 41.
O “nome” da revolução é agroecologia. E o sobrenome é “Protocolo de Boas Práticas Agroambientais”. Até agora poucos, porém empolgados, 34 produtores da região de mananciais assinaram o protocolo, proposto em setembro de 2010 pelo governo estadual e pela prefeitura. Eles devem servir de exemplo para alguns ressabiados agricultores da região, que aguardam por resultados positivos antes de aderir.
Conservacionismo. A assinatura significa que esses agricultores se comprometem a adotar práticas agrícolas sustentáveis, entre elas abolir o uso de agrotóxicos e adubos químicos e preservar mata nativa, nascentes, prevenir erosão e manter o solo permeável, desistindo, por exemplo, do uso da plasticultura (estufas). A região é pródiga em hidroponia, técnica de cultivo que utiliza adubo químico solúvel em água e o plástico nas estufas. O prazo estipulado pelo protocolo para a conversão para a agroecologia é 2014.
“A ideia é transformar essas áreas, a médio prazo, em polos produtores de agricultura orgânica, além de garantir meios justos de comercialização e escoamento da produção”, ressalta a diretora do Departamento de Agricultura e Abastecimento da Secretaria de Abastecimento do Município de São Paulo, Nadiella Monteiro.
“Fixando-se na atividade, além de garantir uma forma ambiental e economicamente sustentável de vida, o agricultor não fica forçado a vender a terra, eliminando o risco de ela se transformar em loteamentos clandestinos, uma das principais ameaças à qualidade das águas que abastecem a capital”, explica Nadiella.
Em troca à adesão ao protocolo, o município dá assistência técnica especializada, por intermédio das Casas de Agricultura Ecológica. São três: a Unidade Sul, a Unidade Leste e a Unidade Norte. Na Unidade Sul, a Casa de Agricultura Ecológica José Umberto Macedo Siqueira, em Parelheiros, há dois engenheiros agrônomos, um engenheiro ambiental e uma estagiária de agronomia.
Cachaça orgânica. “Eu nunca havia tido nenhum tipo de assistência por aqui”, diz o produtor José Geraldo Batista, de 45 anos e agricultor desde os 7, quando ajudava o pai, em Minas Gerais. Nos 7 hectares que arrenda para plantar cana e uma ornamental chamada “buchinha”, conta com a assessoria da Casa de Agricultura e acabou de formatar um projeto de 80 mil litros/ano de cachaça orgânica. “Só falta a Cetesb autorizar”, comemora Batista, que, não fosse a assistência dos agrônomos, teria cometido o erro de construir o alambique a menos de 30 metros de um curso d”água. “Tive de parar a construção, após receber orientação.”
A cana já viceja no campo e ele espera produzir as primeiras garrafas de cachaça orgânica “made in Guarapiranga” até o fim do ano. Enquanto isso, Batista tem renda vendendo a buchinha a atravessadores. “Leva dois anos para colher e eles me pagam só R$ 2 por unidade. É muito pouco”, lamenta ele.
Outra empolgada agricultora é Valéria Maria Macoratti, que cultiva, em sociedade com Daniel Petrino dos Santos, 3 hectares de hortaliças. “Fiz uma aposta com Daniel, de que conseguiríamos produzir sem adubo químico e veneno”, conta ela, que há um ano abandonou o cultivo convencional. “A produção vai muito bem.” Além da assistência técnica, Valéria conseguiu vaga num curso de agricultura biodinâmica e está aprendendo a fazer bokashi, um adubo à base de farelo de trigo, farinha de osso, torta de mamona, vermiculita e micronutrientes. “Se comprasse pronto, pagaria mais. Vamos fazer no meu sítio e dividir custos e o adubo.”
Mauri Joaquim da Silva, do Bairro Lagoa Grande, em Parelheiros, se considera um dos maiores incentivadores para que os produtores assinem o Protocolo. Ele já começou a adotar práticas conservacionistas em sua horta e torce para que os vizinhos, boa parte deles adeptos da hidroponia, se convençam e assinem também.
“Tive vários problemas, sobretudo com atravessadores, e estava falido”, conta Silva, que tem 33 anos e retomou o ânimo com a agroecologia, após fazer um curso da ONG Cinco Elementos, que atua na região com recursos do Fundo Estadual de Meio Ambiente. Agora, em 40 mil metros quadrados, só utiliza práticas conservacionistas e estimula os companheiros a formar uma cooperativa. “Ela ajudará na certificação orgânica, mas principalmente na comercialização”, acredita.
Fonte: O Estado de S.Paulo, 23/03/2011.
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Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
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