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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
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Número 580 – 13 de abril de 2012
Car@s Amig@s,
Sobre o arroz Clearfield SCS117 desenvolvido pela Epagri
Os pesquisadores da Epagri Dr. Rubens Marschalek e Dr. Moacir Antônio Schiocchet entraram em contato com a AS-PTA solicitando direito de resposta em decorrência de “distorções e abordagens equivocadas a respeito de melhoramento genético de arroz irrigado” que eles identificaram na matéria “Arroz mutagênico tolerante a herbicida é lançado em SC”, publicada na edição 577 deste boletim. Solicitam, por fim, publicação da íntegra se seu texto ou de errata. A pedido, e por prezarmos o contraditório, o texto está em disponível em http://pratoslimpos.org.br/?p=4051 para os interessados. Não avaliamos, porém, ser o caso de publicar uma errata, com exceção de um único ponto. Explicamos.
Marschalek e Schiocchet alegam que a cultivar SCS117 CL por eles desenvolvida “não tem nenhum efeito MUTAGÊNICO, como menciona o título da referida matéria”. A matéria divulgada no boletim, entretanto, em nenhum momento afirma isso. Um produto que apresenta “efeito mutagênico” pode ser capaz de provocar mutações em quem o consome, ou seja, provocar danos no seu DNA, podendo levar ao desenvolvimento de câncer e outras doenças. O “produto mutagênico”, diferentemente, foi criado a partir de mutação induzida – esta sim a informação contida no texto do boletim. A distorção aqui foi deles.
A tolerância a herbicidas do grupo químico das imidazolinonas foi obtida por mutação induzida através da utilização de mutagênico químico. Todas as cultivares recomendadas para esse sistema são identificadas com o sufixo “CL”, em referência ao método Clearfield, da BASF (Steele et al., 2002; Croughan et al., 1996 – citados por Fontana et al. 2007 e XXVIII REUNIÃO TÉCNICA DA CULTURA DO ARROZIRRIGADO, 2010, p. 60 e 100-1).
Os pesquisadores adicionam que “A cultivar SCS117 CL (…) foi obtida por hibridação dirigida entre a cultivar Epagri 109 e a linhagem oriunda do cruzamento entre Irga 369 e AS 3510, esta última portadora de um alelo de tolerância a herbicidas do grupo da Imidazolinonas. Desta forma, ela, a SCS117 CL, nem sequer é cultivar obtida por mutação induzida”. Ou seja, a nova variedade resulta do cruzamento com variedade derivada de uma mutagênica (AS 3510) e carrega essa característica, daí sua tolerância ao herbicida e denominação “CL”. Nada diferente do afirmado no boletim.
Com relação à transferência da resistência ao herbicida para o arroz vermelho, os pesquisadores esclarecem que: “Quanto aos receios dos jornalistas, na matéria publicada, de que a cultivar resistente se cruzaria ou cruzará com o arroz vermelho daninho, de fato esta preocupação é pertinente, e limitará o uso da tecnologia, ou melhor, limitará sua vida útil, pois as hibridações de fato existirão, inevitavelmente. Assim, a atual tecnologia do Clearfield, baseada no alelo (cujos direitos de propriedade intelectual são da BASF), precisará em breve ser substituída por uma resistência à uma próxima e nova molécula de herbicida, e assim sucessivamente num circuito interminável.”
No link para a íntegra da carta da Epagri também é possível ter acesso a documento da Basf sobre a relação entre opinião pública e o sucesso ou fracasso de uma ação mercadológica, no qual aponta-se a importância de se descolar o sistema Clearfield da ideia de mutagênese.
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Errata: ao contrário do divulgado no boletim 577, o arroz vermelho é da mesma espécie do arroz cultivado, e não seu ancestral.
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Neste número:
1. Decisão judicial suspende cobrança de royalties pela Monsanto
2. Monsanto segue cobrando royalties, apesar de decisão judicial
3. Monsanto apresenta novo valor dos royalties da soja
4. CTNBio troca seis por meia dúzia
5. Governo tenta regulamentar plantio de milho transgênico em torno de UCs
6. Inseticidas seriam responsáveis por morte em massa de abelhas, apontam estudos
7. Agrotóxicos podem ter regra mais rígida
8. Polônia decreta banimento de milho transgênico da Monsanto
9. Cresce movimento pela rotulagem de transgênicos nos EUA
10. Canadá desiste do porco transgênico
Evento
Fórum da Igualdade: sem justiça social e ambiental não há futuro
Porto Alegre, 16 e 17 de abril
Programação e inscrições: http://www.forumdaigualdade.org.br/
A alternativa agroecológica
Parcerias entre organizações beneficiam agricultores familiares da região Centro-sul do Paraná
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1. Decisão judicial suspende cobrança de royalties pela Monsanto
O processo foi movido por vários Sindicatos Rurais e pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS
A Monsanto não pode mais, temporariamente, cobrar royalties na comercialização de grãos produzidos com sementes de soja transgênica, tolerante ao herbicida Roundup. Decisão do juiz Giovanni Conti, da 15ª Vara Cível da Comarca de Porto Alegre, garantiu a suspensão em todo o Brasil. O magistrado determinou também que a Monsanto devolva os valores cobrados dos produtores desde a safra 2003/2004, corrigidos pela inflação e acrescidos de juros de 1% ao mês.
De acordo com os sindicatos rurais de Passo Fundo, Sertão e Santiago, no Rio Grande do Sul, a disputa envolve a cobrança de royalties em pelo menos nove safras, o que significaria “bilhões de reais” em jogo. Segundo sindicalistas, a decisão da primeira instância beneficia cerca de cinco milhões de sojicultores brasileiros.
Com a decisão, a empresa também está proibida de vedar a doação e troca de sementes de diferentes safras entre sojicultores. A soja tolerante a esse herbicida ocupa, de acordo com a multinacional, cerca de 85% da área de produção do insumo no país.
No processo, a Monsanto argumenta que, tendo recebido patentes no Brasil e nos Estados Unidos sobre sementes geneticamente modificadas, teria direito à propriedade intelectual sobre a compra do insumo e sobre as safras seguintes resultantes da semente original. Já os sindicatos alegam que a Lei de Cultivares (Lei nº 9.456, de 1997) prevê que “não fere o direito de propriedade sobre a cultivar protegida aquele que reserva e planta sementes para uso próprio”. (…)
Link para a sentença
(na íntegra em http://pratoslimpos.org.br/?p=4030)
Com informações de Valor Econômico, 08/04/2012
2. Monsanto segue cobrando royalties, apesar de decisão judicial
Em posicionamento divulgado nesta segunda-feira (9), a Monsanto informa que não foi oficialmente notificada de qualquer decisão a respeito dessa questão. “A obtenção de benefício com o uso da tecnologia sem a devida remuneração se constituiria num enriquecimento sem causa”. Além disso, a multinacional afirmou que irá recorrer a qualquer decisão contrária e acredita que a decisão poderá ser revista.
No entanto, em entrevista ao Notícias Agrícolas, o advogado dos produtores, Neri Perin, afirmou que a decisão já foi tomada pelo Sistema Judiciário e que deve ser publicada no Diário Oficial ainda nesta semana. “Eu não acredito que a decisão seja suspensa ou alterada”, disse.
Segundo Perin, que está reunido com os importantes nomes do agronegócio gaúcho na Fetag/RS (Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul), caso as cobranças voltem a ser feitas a multa estipulada é de R$ 1 milhão ao dia. O advogado Ricardo Alfonsin disse ainda que assim que for oficialmente notificado, a Monsanto deve cessar as cobranças enquanto não conseguir derrubar a liminar. (…)
A decisão da justiça gaúcha também trouxe as atenções do setor ao preço dos royalties que deverão ser cobrados sobre a variedade transgênica Intacta RR2 Pro. O valor será de 7,5%, enquanto o da RR é de 2%.
Segundo a Monsanto, esse aumento se deve ao maior número de benefícios e tecnologias que a variedade deve apresentar. Caso esse índice se confirme, o valor por hectare será de R$ 115,00.
Com informações de Notícias Agrícolas, 09/04/2012
3. Monsanto apresenta novo valor dos royalties da soja
Valor será 522% mais caro
Representantes da Monsanto estiveram nesta segunda-feira (09) reunidos com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Eduardo Riedel, presidente da Associação dos Produtores de Soja de MS (Aprosoja/MS), Almir Dalpasquale, e presidentes de sindicatos rurais para apresentar o valor dos royalties estipulado para a cultivar de soja Intacta RR2, que deverá estar disponível no mercado para a safra 2012/2013. Na reunião, realizada na Casa Rural, os representantes da multinacional reafirmaram informações correntes de que o preço a ser pago pelo produtor rural para uso da tecnologia desenvolvida pela empresa ficará em R$ 115 por hectare.
A tecnologia RR2 é uma atualização da RR1 e foi testada por 500 produtores brasileiros, com resultados considerados positivos, antes de ser colocada em disponibilidade no mercado. A cultivar transgênica promete maior resistência às lagartas e aos defensivos agrícolas, além de aumento substancial de produtividade. Este é o argumento que embasa o aumento substancial dos royalties dos atuais R$ 22,00 para R$ 115,00 por hectare.
Avaliando as razões apresentadas pela Monsanto, o presidente da Famasul recomenda precaução na hora do produtor tomar a decisão sobre o plantio. “A apresentação de valores se baseia em avanços tecnológicos. Confiamos nos investimentos feitos pela empresa para o setor para o país, mas recomendamos ao produtor que faça as contas e haja com cautela na hora de definir a tecnologia a ser usada na sua lavoura”, considerou.
FAMASUL, 09/04/2012, via Notícias Agrícolas
4. CTNBio troca seis por meia dúzia
Presidente da CTNBio prega continuidade
A nomeação do novo presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) não deve mudar o panorama pró-transgênico encontrado nas decisões da comissão nos últimos anos. O farmacêutico bioquímico Flavio Finardi Filho foi escolhido de uma lista tríplice pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, para presidir a CTNBio, responsável por autorizar plantios comerciais de organismos geneticamente modificados (OGMs) no mercado.
Desde o meio de março no cargo, Finardi evitou se posicionar contra ou a favor dos transgênicos em entrevista ao Valor, mas diz ser “a favor da ciência”. “Agirmos com base na ciência não significa que estaremos sempre favoráveis e sempre contrários aos organismos geneticamente modificados”, diz Finardi.
Para ele, existem posições divergentes dentro da comissão entre quem é a favor de maior número de liberações e quem não aceita mais transgênicos no mercado. “A polarização é boa, pois representa toda a sociedade dentro dos 27 membros do colegiado”. Finardi Filho atua na CTNBio desde agosto de 2008 como especialista titular na área Vegetal.
Finardi diz que a responsabilidade de decidir o que pode ser permitido e proibido no mercado é grande e, por isso, as decisões são baseadas em trabalhos científicos. “Acredito ser necessário, sem proteger empresas ou governo, termos mais organismos geneticamente modificados para que seja garantido o aumento da produção na agricultura e a saúde dos animais”, disse Finardi. A CTNBio também tem o poder de liberar vacinas transgênicas usadas na pecuária em geral.
Grupos contrários ao uso da tecnologia alegam que haverá poucas mudanças com a entrada de Finardi no comando da comissão. Eles afirmam que o presidente sempre foi favorável aos OGMs. Segundo eles, Finardi é “entusiasta da biotecnologia”. Por isso, a expectativa é de que o panorama deve ser manter nos próximos dois anos, período que dura o mandato do presidente, que pode ser renovado por mais um ano.
Desde 1997, a Comissão autorizou a comercialização de 33 produtos vegetais transgênicos no mercado. Do total, 14 foram feitas somente em 2010 e 2011, durante a gestão do ex-presidente Edilson Paiva. Foram sete variações de milho, três de algodão, três de soja e uma de feijão no período. A Embrapa responde somente por duas liberações, uma de soja e uma de feijão, e que ainda não chegaram no mercado. A estatal prevê que a soja estará disponível ao produtor em 2013 e o feijão em 2014.
O coordenador-geral da secretaria executiva da CTNBio, Rubens José do Nascimento, confirma a polarização existente nas discussões e diz que ela vai permanecer. Segundo ele, a comissão representa a posição do governo. “A posição da comissão é a do governo, pois a maioria dos assentos são de membros do governo e eles são distribuídos com essa orientação”, diz Nascimento.
De acordo com ele, não existe uma “tendência” de liberação e sim uma orientação firme. “O governo quer adotar os organismos geneticamente modificados que sigam todos os protocolos de biossegurança”, diz Nascimento.
Ele também critica participantes da comissão que são contra os transgênicos. “Alguns deles dizem que as liberações são afobadas e aprovadas na correria e isso não é verdade. A tecnologia é acompanhada desde o laboratório e envolve muito estudo”, diz.
O assessor técnico da ONG Agricultura Familiar e Agroecologia (AS-PTA), Gabriel Fernandes, diz que não se deve esperar mudanças no perfil da CTNBio. “Em suas decisões anteriores, Finardi foi favorável aos processos com transgênicos. A escolha dele para o cargo mostra qual rumo a comissão vai tomar”, diz.
O engenheiro Leonardo Melgarejo, representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) no colegiado, disse que a ciência descobre efeitos e reações dos transgênicos, o que não parece reduzir a confiança de algumas pessoas na tecnologia. “Finardi já havia manifestado no passado sua posição otimista em relação à escassa relevância dos riscos associados a esta tecnologia”, diz Melgarejo.
Valor Econômico, 03/04/2012
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Em 2005, Flavio Finardi recebeu homenagem à qualidade, excelência científica e originalidade da Associação Nacional de Biossegurança/ANBio, entidade que tem entre seus sócios a Monsanto, a Bayer e a Syngenta. Fez o parecer técnico sobre segurança alimentar do Evento de Transformação LLRice62 [arroz transgênico] em 2002, com financiamento da Aventis Seeds Brasil [posteriormente comprada pela Bayer].
A ciência segundo a CTNBio, em http://www.mst.org.br/node/8721
5. Governo tenta regulamentar plantio de milho transgênico em torno de UCs
A demanda por regulamentação do milho surgiu por conta de um conflito no entorno do Parque Nacional (Parna) do Iguaçu – o das cataratas. Proprietários rurais dos 14 municípios do entorno se queixam de que a zona de amortecimento – de 10 quilômetros – impede o plantio do grão geneticamente modificado. Do outro lado, ONGs investem contra a mudança.
“Encaminhamos um ofício para o MMA no ano passado e não tivemos resposta. Em fevereiro desse ano, o Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento] deu um parecer favorável ao plantio a menos de 10 quilômetros. Na semana passada, oficiamos a presidente Dilma Rousseff”, afirma a advogada da ONG Terra de Direitos, Ana Carolina Brolo de Almeida.
Ao contrário do que acontece com a soja e o algodão, cujo plantio em torno de áreas de preservação foi normatizado por decreto, o milho não tem nenhuma regulamentação.
“Criamos uma câmara técnica para estudar o assunto, dentro do Conselho Consultivo do Parque. Depois de analisar a questão, solicitamos ao Instituto Chico Mendes (ICMBio) a diminuição dessa zona de amortecimento, de 10 quilômetros para 800 metros”, explica Mariele Xavier, bióloga e secretária executiva do Parna do Iguaçu.
Pelas normas de coexistência espacial entre lavouras transgênicas e convencionais, estabelecidas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), deve haver espaço de 400 metros entre elas, quando forem vizinhas.
“Propusemos 800 metros por medida de precaução, dobrando os 400 exigidos pelo conselho”, esclarece Mariele, que recebeu do ICMBio a sugestão de 1,2 mil metros como contraproposta.
“O MMA e o Mapa estão trabalhando em um decreto regulamentando o plantio de milho transgênico. É a melhor solução”, diz o Secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, Roberto Cavalcante, afirmando que a distância estudada é mesmo de 1,2 quilômetro. (…)
O Estado de São Paulo, 02/04/2012
Íntegra da matéria e outras sobre o assunto em: http://pratoslimpos.org.br/?p=3981
6. Inseticidas seriam responsáveis por morte em massa de abelhas, apontam estudos
Substâncias introduzidas nos anos 1990 afetam a capacidade de orientação dos insetos.
Duas pesquisas independentes, uma britânica e outra francesa, demonstraram que um tipo de inseticida introduzido há 20 anos prejudica a capacidade de orientação das abelhas e zangões. O estudo francês demonstra, além disso, que quando os insetos estão expostos a estes inseticidas, aumenta sua mortalidade. O britânico, que o número de abelhas rainhas cai vertiginosamente e as colmeias entram em declive.
Ambas as pesquisas, apresentadas na revista Science, se basearam em um tipo de inseticida chamado neonicotinoides que atualmente é utilizado em grande escala para proteger as colheitas em grande parte do mundo. Estes inseticidas emergem como supostos responsáveis – ou pelo menos cúmplices – pelos colapsos de abelhas observados na América do Norte e na Europa na última década. Entretanto, as pesquisas não descartam que outros fatores, tais como transtornos imunológicos ou infecções, possam estar contribuindo para o declive das abelhas. (…)
No estudo inglês, feito pela Universidade de Stirling, foram misturadas pequenas doses de inseticida imidacloprid na dieta de 50 colônias de abelhas. Estas quantidades simulavam aquelas que os insetos encontram nas plantações de colza. A outras 25 colônias de abelhas foi dada uma dieta livre do inseticida.
Posteriormente, as abelhas foram deixadas livres durante seis semanas para que pudessem procurar seu alimento em jardins, florestas e plantações. Ao final das seis semanas, as colônias de abelhas que haviam ingerido o inseticida eram entre 8% e 12% menores que as colônias daquelas que não o haviam ingerido. Esta diferença de peso é atribuída ao fato de que os insetos tenham trazido menos alimento à colméia e haviam nascido menos operárias.
O resultado mais chamativo da pesquisa é a diferença no número de rainhas entre umas colmeias e outras. Se os insetos que não haviam ingerido o inseticida tinham uma média de 13 rainhas por colméia, as que o haviam ingerido tinham uma média de 1,7. Embora o estudo não esclareça qual seja a causa desta diferença, os autores do trabalho a atribuem ao fato de que os pesticidas afetam o sistema nervoso das abelhas e que distorce sua capacidade de orientação.
Esta interpretação coincide com os dados do estudo francês realizado com abelhas e com o inseticida tiametoxam. Neste caso fixaram chips eletrônicos ao tórax de 653 abelhas, das quais uma parte recebeu uma dose de inseticida. Os pesquisadores observaram que 43% das abelhas expostas ao inseticida morreram fora da colmeia – supostamente porque grande parte delas se perdeu. Entre as que não receberam o inseticida, 17% morreram fora da colmeia. (…)
Reportagem de Josep Corbella, publicada no jornal espanhol La Vanguardia, 29/03/2012.
Tradução: Cepat (Via IHU-Unisinos, 31/03/2012)
7. Agrotóxicos podem ter regra mais rígida
Agência de vigilância sanitária pretende endurecer na concessão de registro para empresas que atuam no setor
Uma das regras em estudo pela Anvisa é estabelecer limite para a vigência dos registros, que hoje não expiram
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pretende endurecer as regras para concessão de registro a empresas que produzem agrotóxicos no Brasil.
A medida deve atender o mercado brasileiro que se consagrou, na última década, como o maior do mundo. Somente entre 2000 e 2010, o crescimento do setor foi de 190%. A média mundial é de 93% no mesmo período.
Apenas em 2010 a movimentação gerada em solo nacional foi de R$ 13,37 bilhões. Em todo o mundo, o valor chegou a R$ 93,7 bilhões.
Ontem, a agência apresentou um estudo sobre a produção, venda, importação e exportação das substâncias para controle de pragas e revelou que metade dos produtos registrados no país não chega às mãos dos agricultores simplesmente porque não são fabricados.
Reserva de mercado
O diretor da agência, José Agenor Álvares, afirma que as empresas adotam essa procedimento como forma de garantir reserva de mercado.
“Nós vamos estudar e ver como a regulamentação pode mexer com isso. Daremos o mesmo tratamento a todo produto que chega para registro ou vamos dar prioridade ao que é de interesse da agricultura nacional, da produção no Brasil? No meu entendimento, temos de partir para regulação”, disse.
Atualmente, o processo de emissão do documento é burocrático, leva mais de quatro meses e tem custo que varia de R$ 91 a R$ 1.831. A Anvisa estima que 65 das 130 companhias autorizadas decidiram usar a permissão apenas para se beneficiar em futuras fusões, ganhando com isso valorização de até 30%.
Há pelo menos 350 outras empresas aguardando na fila pelo registro.
O artifício faz com que exista uma variedade menor de marcas à disposição dos produtores no mercado e aumenta o preço para os usuários.
Limite de vigência
O problema traz reflexos tanto para o valor final dos alimentos comercializados no mercado interno como para os que seguem para exportação.
Uma das formas que devem ser estudadas pela agência para diminuir o problema, além de determinar prioridades, é estabelecer um limite para a vigência dos registros, que hoje não expiram.
Já está em tramitação no Senado um projeto de lei que estipula limite máximo de dois anos para um portador do documento iniciar a produção, mas o texto ainda não foi aprovado pelos congressistas.
As discussões internas da agência devem ser iniciadas hoje, mas não há prazo determinado para que sejam concluídas.
Folha de São Paulo, 12/04/2102
8. Polônia decreta banimento de milho transgênico da Monsanto
Agora é oficial: a Polônia decretou o banimento do milho transgênico MON 810, produzido pela Monsanto. A decisão foi uma vitória que resulta das mobilizações recentes de apicultores e ambientalistas, que pediram a proibição do produto no país. Marek Sawicki, Ministro da Agricultura, disse que o pólen produzido pela variedade modificada pode de fato estar devastando a já reduzida população de abelhas do país.
Fonte: http://pratoslimpos.org.br/?p=4042
Com informações de: http://www.allaboutfeed.net, 11/04/2012, via Genet
9. Cresce movimento pela rotulagem de transgênicos nos EUA
A bancada dos agricultores dos Democratas na Assembleia Legislativa de Minnesota apresentou projeto de lei que estabelece que todos os alimentos transgênicos vendidos no estado sejam claramente rotulados como tais.
Hoje estima-se que cerca de 70% dos alimentos industrializados contenham ingredientes transgênicos, segundo levantamento realizado em 2010 pela Universidade de Colorado.
Muitos países exigem a informação no rótulo, mas a agência de alimentos americana FDA não o faz. Nenhum estado dos EUA requer rotulagem atualmente.
Phyllis Kahn, co-autor da proposta, avalia que o projeto não será aprovado na atual sessão legislativa. No entanto, cresce o movimento pela rotulagem de transgênicos no país. Até o final de fevereiro, de acordo com a Conferência Nacional das Assembleias Estaduais, 20 estados estavam considerando implementar a rotulagem.
Pesquisa de opinião realizada em 2010 pela Reuters e National Public Radio revelou que 93% dos americanos defendem que os produtos transgênicos sejam rotulados.
Fonte: http://pratoslimpos.org.br/?p=3999
Com informações de Minnesota Daily, 03/04/2012
10. Canadá desiste do porco transgênico
A Universidade de Guelph anunciou o arquivamento de seu projeto de criação de porcos transgênicos. O motivo alegado foi a retirada de seu patrocinador. Conforme noticiado pelo jornal Ontario Pork, a empresa financiadora do “Enviropig” resolveu redirecionar seus recursos a outras pesquisas. O pesquisador chefe do projeto ainda publicará alguns de seus dados, mas as atividades de pesquisa serão encerradas.
A decisão tem implicações internacionais. O controverso Enviropig seria o primeiro animal transgênico aprovado no mundo, podendo colocar em risco a indústria canadense de suínos em decorrência da rejeição dos consumidores.
Para o Canadian Biotechnology Action Network, a Universidade não tem os recursos nem a expertise científica necessária instalada para atender a todas as exigências dos órgãos reguladores. O projeto teve início em 1995 e a Universidade patenteou a tecnologia no Canadá, Estados Unidos e China, mas nenhuma empresa demonstrou interesses reais em licenciá-la.
O porco transgênico foi modificado para produzir fezes com menor teor de fósforo, reduzindo assim seu potencial poluidor. O problema, entretanto, pode ser enfrentado com soluções já existentes e muito mais simples. Há um suplemento alimentar que produz o mesmo efeito prometido pelo porco modificado.
Com informações do CBAN – Canadian Biotechnology Action Network
Saiba mais sobre o assunto: http://www.cban.ca/Resources/Topics/Enviropig
A alternativa agroecológica
Parcerias entre organizações beneficiam agricultores familiares da região Centro-sul do Paraná
A AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, junto aos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Palmeira, de São João do Triunfo, de São Mateus do Sul e de Rio Azul, vem desde 2009 mantendo uma parceria com a Embrapa de Canoinhas-SC em um trabalho de produção e multiplicação de sementes de batata e hortaliças como inhame, cará-moela, vinagreira, batata-doce, taioba, araruta, mangarito, ora-pro-nobis e outras. A produção e multiplicação dessas sementes são realizadas pelas famílias agricultoras da região.
Para a montagem destes campos de avaliação e multiplicação, conta-se com a doação de mudas pela Embrapa. Desde o início do projeto já foram montados mais de 20 campos demonstrativos na região. Neste ano, serão montados mais três campos demonstrativos de batata: dois em Palmeira e um em São João do Triunfo, onde serão realizados dias de campo com as famílias e parceiros do programa.
Outro ponto fundamental dessa parceria são os dias de campo, momentos únicos para a troca de experiências, circulação de informações e o aprofundamento dos sistemas de produção da batata já desenvolvidos pelas famílias agricultoras.
Desde o início da parceria, já foram beneficiadas mais de 600 famílias agricultoras que puderam adquirir mudas de batata de boa qualidade e desenvolvidas principalmente para a agricultura familiar agroecológica.
AS-PTA, 21/03/2012
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Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
Este Boletim é produzido pela AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e é de livre reprodução e circulação, desde que citada a AS-PTA como fonte.
Para os números anteriores do Boletim, clique em: https://aspta.org.br
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