Brasília, 14 de dezembro de 2006.
Senhores Membros da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
Nós, pequenos agricultores, agricultores sem-terra, organizações da sociedade civil e movimentos sociais, temos manifestado constantemente nossa preocupação sobre a liberação comercial do milho geneticamente modificado. Com muita apreensão, observamos que a CTNBio e parte do Governo Brasileiro não têm sido capazes de entender a gravidade da situação. Por isso, resolvemos vir a Brasília e acompanhar de perto a última reunião da CTNBio de 2006.
Para nós, a liberação do milho transgênico é um atentado irreversível à agrobiodiversidade brasileira, fruto do trabalho cotidiano de milhões de agricultores e agricultoras e um desrespeito aos consumidores. O Brasil é centro de diversidade de centenas de variedades de milho, que poderão desaparecer ou serem contaminadas com a liberação do milho transgênico.
Em nosso trabalho de construção da Agroecologia, temos demonstrado a viabilidade da produção agrícola livre de transgênicos e agrotóxicos, capaz de promover o desenvolvimento do campo de forma a produzir alimentos de qualidade, em quantidade e com respeito ao meio ambiente.
A liberação do milho transgênico, em contrapartida, beneficiará exclusivamente três transnacionais da biotecnologia, promovendo uma maior concentração de mercado e aumentando o preço dos alimentos.
Exigimos o direito de seguir cultivando nossas variedades crioulas, livres de contaminação genética e que garantem nossa autonomia enquanto produtores. É dever do governo brasileiro e da CTNBio respeitar esse direito.
Não Precisamos de Milho Transgênico!
As sementes são Patrimônio dos Povos a serviço da Humanidade!