A realização da 8ª Feira Regional de Sementes Crioulas e da Biodiversidade no dia 19 de julho em São Pascoal, município de Irineópolis-SC foi uma grande demonstração de força e união da Agricultura Familiar e Camponesa. Na organização geral trabalharam juntas a partir de comissões famílias agricultoras tradicionais e assentadas pela reforma agrária do Planalto Norte Catarinense, organizações de base como a Cooperativa de Comércio Solidário (Comsol), Associações Agrupar e Apaeco, o Sintraf Planalto Norte e Sintraf Irineópolis, a Cresol Irineópolis, a Epagri Irineópolis e AS-PTA. Compareceram delegações de pelo menos 22 municípios das regiões Sul e Centro Sul do Paraná, Planalto Norte e Litoral Catarinense. Foram mais de 30 bancas expondo a imensa riqueza representada pela diversidade cultivada e conservada pelas famílias, entre sementes crioulas de milho, feijão, arroz, trigo, centeio, tubérculos e raízes, hortaliças e artesanatos feitos com sementes, além de flores, sucos, geléias, doces e conservas de frutas nativas. Como convidados estavam representantes da Assesoar, do Sudoeste do PR que expuseram o trabalho com raças puras de galinhas caipiras e com armazenamento de grãos com tecnologias apropriadas.A celebração deu o tom místico e também político ao chamar atenção para a destruição de vidas humanas e a contaminação do ambiente em geral provocado pelo uso de agrotóxicos, adubos químicos, sementes transgênicas e pela ganância que marcam o modelo do agronegócio. O contraponto foi dado pela grande movimentação de todos e todas em meio as bancas, buscando a troca e venda de sementes e mudas e o intercâmbio de experiências.O tema da feira foi: “pelo direito de não plantar e nem consumir transgênicos”. Nesta linha, todas as variedades de milho levadas para a feira foram submetidas ao teste de contaminação por transgênicos realizado no local. Todas ganharam um selo de “Livre de Transgênicos” e as famílias assinaram declaração que não plantam e nem querem plantar transgênicos. Pelo contrário: querem manter o direito de manter e m multiplicar as sementes crioulas, passando esta riqueza de geração a geração. Nesta mesma linha foi lançado o abaixo assinado contra a liberação do milho transgênico que será levado adiante em outras regiões do país, ambas ações realizadas em sintonia com a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). São ações nacionais e globais referenciadas pelas práticas locais, mostrando sustentabilidade de processos de construção coletiva de conhecimento ancoradas experiências realizadas em cada família agricultora.