Mais de 40 agricultores e agricultoras dos municípios que compõem o Polo da Borborema participaram da Oficina “Saúde do Solo”, realizada entre os dias 04 e 06 de outubro, no Convento dos Maristas, em Lagoa Seca-PB. O facilitador do evento foi o Professor Sebastião Pinheiro, do Departamento de Educação e Desenvolvimento Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A atividade é uma iniciativa da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, Polo da Borborema, Patac e Agrônomos e Veterinários Sem Fronteira (AVSF), por meio do Projeto Terra Forte, co-financiado pela União Européia (UE). A oficina faz parte do conjunto de atividades preparatórias para a Semana Mundial da Alimentação (16 a 22 de outubro) desencadeadas nos municípios da Borborema.
Os agricultores e agricultoras levaram para a oficina 45 amostras do solo de suas propriedades e aprenderam com o Professor Sebastião Pinheiro a usar a técnica da cromatografia de Pfeiffer, método criado por Ehrenfried Pfeiffer, no século XX, para medir a saúde biológica do solo e a qualidade dos alimentos produzidos. Sebastião Pinheiro defende o uso da técnica como uma auto certificação da qualidade dos solos, para que os agricultores façam por si próprios o controle da saúde dos seus solos. “Da mesma forma que um pai acompanha o desenvolvimento do seu filho, com capacidade de intervenção, os agricultores e agricultoras podem fazer”.
Durante os três dias de oficina os trabalhadores e trabalhadoras rurais conheceram ainda as reações químicas responsáveis pela vida que surge do solo, o processo de formação do solo que se deu há bilhões de anos. Cada participante pode aplicar a técnica de análise do solo e avaliar a qualidade da amostra que levou, além de fazer comparações sobre os diferentes resultados e compartilhar soluções.
A agricultora Maria de Lourdes Silva, do Sítio Canta Galo, no município de Massaranduba, não conhecia a técnica da análise do solo: “Já participei de muitos eventos sobre o tema, mas essa técnica pra analisar a qualidade do solo é uma novidade pra mim, achei muito interessante e pretendo usar daqui pra frente”, disse. José Domingos de Barros, do sítio Cachoeira de Pedra D’água, também em Massaranduba, disse que vai reunir os agricultores da sua comunidade para ensinar a técnica da cromatografia.”Muitos agricultores de lá não puderam vir, mas nós vamos fazer reuniões com o nosso sindicato e compartilhar tudo que aprendemos aqui”, afirmou.
A Cromatografia
A técnica consiste em separar amostra de solo que após ser colocada em contato com reagentes simples, a exemplo de uma solução de soda cáustica, e um filtro de papel, gera os cromatogramas cuja interpretação das cores e desenhos, formados pelo processo químico, fornece uma análise da qualidade e quantidade de microorganismos, estrutura mineral e as proteínas contidas no solo, que serão determinantes para a qualidade dos alimentos produzidos.
A cromatografia leva em conta o metabolismo do solo vivo: disponibilidade e eficiência da solubilidade, concentração, constância e qualidade biológica dos nutrientes e a relação entre estes elementos.