Esta subdivisão é resultante da presença da Serra da Esperança no sentido norte sul e do Rio Iguaçu correndo de leste para oeste. Os dois elementos da paisagem se cruzam em União da Vitória(PR) e Porto União(SC). Todos os municípios fazem parte da bacia hidrográfica do Rio Iguaçu.
Trata-se de uma região com forte presença do agronegócio, com predominância para os grãos (soja, milho, batata e feijão), a fumicultura e também das monoculturas de pinus, eucalipto e álamo, este último principalmente no Planalto Norte Catarinense, onde os plantios são feitos em várzeas drenadas das margens do Rio Iguaçu.
Segundo a classificação de Köppen, o clima em toda a região é do tipo Cfb, (subtropical com chuvas bem distribuídas durante o ano e verões amenos). As temperaturas médias anuais variam em torno de 17°C. O índice pluviométrico anual varia de 1.200 a 1.800mm anuais. O verão costuma ser quente e chuvoso em todo o estado. O inverno é rigoroso, em geral úmido e com ocorrência de geadas entre maio e setembro. O mesmo se aplica para os municípios do Planalto Norte Catarinense.
Estes padrões têm se alterado sensivelmente e a regularidade climática que caracterizava a região até poucos anos atrás tem sido substituída por oscilações fortes em praticamente todas as estações. Veranicos fortes em pleno inverno e baixas temperaturas na entrada dos verões. A distribuição das chuvas também tem sido alterada, havendo ocorrência de períodos de seca durante os meses de outono e de primavera.
Avanço do desmatamento do PR
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A região possui importantes remanescentes da Floresta Ombrófila Mista, a Floresta de Araucárias, que no seu conjunto garantem uma cobertura florestal bastante diferenciada em relação às demais regiões do Estado. Os municípios de São João do Triunfo, São Mateus do Sul e Paula Freitas (no segundo planalto do PR), de Cruz Machado, União da Vitória, Bituruna, Porto Vitória (na Serra da Esperança) e de Porto União são os que ainda apresentam maior cobertura florestal.
As primeiras experiências com Agroecologia na região já têm mais de 15 anos e tiveram um grande avanço a partir do estabelecimento do Programa Paraná da AS-PTA em 1993. A partir de um início com algumas comunidades nos municípios de São Mateus do Sul e de Bituruna chegou-se a formação de grupos de agricultores e agricultoras experimentadores (A/Es) em 21 municípios da região. Atualmente trabalha-se diretamente em 16 municípios.
As atividades de monitoramento proposta no presente projeto estarão sendo realizadas em municípios de toda a região, tendo como referências principais, 15 unidades familiares de produção, 5 em cada uma das sub regiões a saber:
a) Sub região 2.º Planalto Paranaense:
Abrange os municípios de Palmeira, São João do Triunfo, São Mateus do Sul, Fernandes Pinheiro, Rebouças, Rio Azul e Paula Freitas. O relevo é suave ondulado e predominam solos originários de rochas sedimentares. Região de forte presença da fumicultura, embora em ocupação de área ganhem os grãos (soja, milho e feijão). Nos municípios de São João do Triunfo e Rio Azul a fumicultura responde por mais de 45 % da economia, com um envolvimento de cerca de 70 e 90% das famílias agricultoras respectivamente. É a porção mais desmatada de toda a região, embora ainda existam importantes remanescentes florestais em São João do Triunfo, São Mateus e Paula Freitas. Nestes o comércio de erva mate é de grande importância econômica.
b) Sub região Serra da Esperança:
Abrange os municípios de União da Vitória, Cruz Machado, Porto Vitória e Bituruna, onde o relevo é bastante acidentado e com solos predominantemente de origem basáltica, de elevada fertilidade. Embora a população seja em sua maior parte de agricultores familiares e que ainda moram no meio rural (com exceção de União da Vitória), os municípios de Cruz Machado, Bituruna e União da Vitória são marcados por extensos latifúndios cuja atividade principal consiste na substituição das reservas florestais nativas para plantio de pinus. A economia dos municípios baseia-se principalmente na atividade madeireira, seguida de grãos como milho e feijão. Também é forte o comércio de erva mate, o que representa uma importante via de preservação florestal, uma vez que a espécie é nativa da Floresta de Araucárias e tem sua melhor qualidade em cultivos sombreados. È onde estão os remanescentes da Floresta de Araucária mais significativos de toda a região, com variação entre 40 e 70% de arborização conforme o município. Neste tipo de ambiente as roças conformam mosaicos entremeando-se às capoeiras.
c) Sub região Planalto Norte Catarinense
Abrange os municípios de Porto União, Irineópolis, Bela Vista do Toldo, Canoinhas e Três Barras. O relevo muda de acidentado (em Porto União e parte de Irineópolis na porção catarinense da Serra da Esperança) para suave ondulado nos demais municípios. Os solos são igualmente variados, desde os de origem basáltica no alto da serra até os hidromórficos nas várzeas do Rio Iguaçu, predominando Região de forte influência do setor de celulose e suas monoculturas de pinus, cuja maior demanda é da Rigesa, empresa instalada em Três Barras, na antiga sede da Serraria Lumber, empresa responsável por graves conflitos sociais durante a Guerra do Contestado em função da ganância com que destruíram as florestas de Araucárias e os ervais que no final do século 19 e início do século 20 eram a base da economia regional. Pelo lado catarinense, esta é uma região de grande presença de remanescentes florestais. Região de grande presença da agricultura familiar entremeada por latifúndios agrícolas e florestais. A fumicultura em Irineópolis responde por cerca de 36% da economia municipal, enquanto soja e milho por cerca de 32%. Canoinhas tem na madeira e na erva mate as principais culturas, seguidas pela fumicultura.
Nas três sub regiões serão escolhidas famílias que estão trabalhando diferentes estratégias de transição agroecológicas dos sistemas de produção, bem como em situações de avanço igualmente diferenciadas. O processo de seleção será feito em conjunto com as famílias e organizações parceiras.