“Nas pedras eu guardo água.
E na cisterna também.
Guardo água no barreiro.
Água vai e água vem.
Na barragem subterrânea,
muita planta também tem.”
(Poeta Euzébio Cavalcanti-Remígio)
A água é elemento essencial ao abastecimento humano, a atividade agrícola, e essencial para a manutenção dos sistemas vivos no planeta. Em algumas áreas, a água é encontrada em abundância, em outras, os fatores climáticos e humanos impedem que essa água seja acumulada de forma adequada a atender as necessidades dos animais, plantas e pessoas. Para amenizar possíveis impactos ocorridos pela falta d água, foi pensado o Programa Uma Terra e Duas.
O Programa Uma Terra e Duas Águas é um instrumento criado a partir da necessidade das famílias agricultoras de possuírem mais água para produção de alimento em suas propriedades. O programa é singular, assim como a sua nomenclatura, P1+2 – onde o algarismo “1”, sugere a terra que será utilizada no plantio e o “2”, os dois tipos de água, a água para beber e produção. Implantado no ano de 2007, através do esforço de entidades que compõem a Articulação do Semiárido Brasileiro, o Projeto Demonstrativo do Programa Uma Terra e Duas Águas, beneficiou famílias de toda Paraíba, através da construção de barragens, tanques de pedra e cisternas de 16 mil litros, para captação de água de chuva. Durante essa fase, foram contemplados 10 estados, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Na Paraíba, o Programa P1+2 é uma equação que tem dado certo, gerando segurança hídrica e alimentar para as famílias. Na fase atual – Projeto Piloto – à construção de novas tecnologias fazem parte do processo, entre elas a cisterna calçadão, que se diferencia pela forma de captação da água, realizada através de uma área cimentada e que pode armazenar 52 mil litros de água. Água destinada para produção de hortaliças e para a dessedentação de animais de pequeno porte.
Como parte das ações de implantação do Projeto na Paraíba, a AS-PTA, Unidade Gestora Territorial (UGT), da região do Pólo da Borborema, está realizando a I Oficina de capacitação de pedreiros, no período de 04 a 15 de Maio na Comunidade Catolé, município de Queimadas. Durante esse período, 14 pedreiros de diversos municípios vão aprender os conceitos de uma cisterna calçadão e todo o processo de construção.
Durante a capacitação os pedreiros colocam a mão na massa e aprendem passo a passo as etapas de construção da cisterna, visando o aperfeiçoamento. O primeiro passo é cavar o buraco, trabalho realizado pela contrapartida da família beneficiária. Com o buraco da cisterna já escavado, as placas de cimento são feitas em formas prémoldada, cada pedreiro aprende na prática como construir as placas que vão forrar a cisterna. Uma cisterna leva em média 28 dias para ser finalizada, desde a fase da escavação do buraco até a cobertura com a tampa e a construção da calçada. Mas de acordo com os pedreiros, a parte mais complicada da construção está na fundação, na escavação do buraco e na concretagem. O acabamento é mais rápido.
A capacitação está sendo ministrada pelo pedreiro pernambucano José Alves de Brito, morador do município de Afogados da Ingazeira. Para Seu José (53), mais do que o retorno financeiro que recebe em ministrar o curso, está à satisfação de ver as famílias realizadas com a sua segunda água.
A cisterna dessa vez irá beneficiar a família de dona Maria José Martins de Oliveira (37). Na propriedade já existe a cisterna de placas (16 mil litros), que a família utiliza para as atividades domésticas e consumo. Para dona Maria a nova cisterna calçadão é uma maravilha, pois assim, ela não vai precisar pegar mais água no Tanque que fica a 300 metros da sua casa, para dar de beber aos animais. Reforça ainda que a cisterna servirá para a produção de verduras e legumes, como o coentro e alface, alimentos para o consumo da família e dos pequenos animais do terreiro.