Desde fevereiro de 2009, a equipe da AS-PTA vem se reunindo com a Coordenação do Polo da Borborema para discutir sobre a necessidade de uma ação mais sistemática e qualificada junto à juventude. Afinal, os jovens representam a continuidade da militância em torno a um modelo alternativo de desenvolvimento rural.
A história da ação política do Polo remete às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que formaram as primeiras lideranças. Hoje, essas lideranças é que devem buscar envolver os mais jovens em processos de formação específicos, contemplando os aspectos produtivos (jovens-experimentadores) e políticos (articulação de redes sociais).
Como declarou Nelson Anacleto, da Coordenação do Polo da Borborema: É preciso formar novos quadros para prosseguir com nosso projeto em construção e em crescimento. Devemos discutir a democratização dos sindicatos, para que os jovens entendam que podem exercer um papel importante na direção sindical.
Roselita Vitor, do STR de Remígio e da Coordenação do Polo, também destacou a importância de que a juventude compreenda a dimensão do novo projeto de agricultura agroecológica que está sendo desenvolvido pelas famílias da região: Pensar na juventude é pensar na continuidade de fazer agricultura, e uma agricultura diferente.
Já para Leia Santos, também da Coordenação do Polo: O trabalho com juventude já está posto. Existe uma articulação em grupos nas comunidades. Muitos deles já estão inseridos em associações comunitárias nos municípios. Outros têm papel político dentro dos sindicatos. Em que medida os jovens estão discutindo o modelo de agricultura? A gente tem contribuído para que os jovens realizem esse debate? Como potencializar para que os jovens reflitam a realidade que eles vivem?
A palavra autonomia é bastante citada durante as discussões no sentido de aguçar a capacidade dos jovens de participar das tomadas de decisão, buscando conquistar espaço no núcleo familiar, mas também nas associações e nos sindicatos. O fortalecimento dos Fundos Rotativos Solidários (FRS), a inserção dos jovens em atividades de produção de mudas, beneficiamento de frutas, apicultura e comercialização são apontados como caminhos férteis para envolver a juventude. É preciso, portanto, valorizar o que os jovens estão fazendo nas propriedades, e ao Polo cabe o papel de articulação para trazer esses jovens para um ambiente de aprendizagem que articule prática e teoria.
Como afirmou a jovem agricultora Izonaide Macena: Trabalhar com jovens é desafiante, mas é muito importante. Os jovens não devem se prender apenas ao trabalho da agricultura. Eles podem sair para aprender e se qualificar no trabalho que está fazendo seja para a comunidade ou para fora. O grupo de jovens da minha região foi aumentando a partir das ações desenvolvidas e das visitas de intercâmbio que participaram. Quando chegam de uma visita, falam das experiências para os mais jovens, que passam a se interessar.
A partir desses momentos de debate, agricultores e assessorias buscaram definir os principais aspectos que devem orientar as ações junto aos jovens. Para iniciar esse primeiro encontro da juventude será trabalhada a construção da identidade da agricultura camponesa e do papel que a agricultura familiar cumpre para a sociedade em geral. Espera-se que esse momento seja construído a partir da história de cada jovem e de sua relação com o local em que vive.
O segundo dia será dedicado à análise do papel da agricultura familiar na construção do Território Agroecológico da Borborema. Começando com a apresentação do trabalho do Polo, o debate será inspirado pelo carrossel de apresentação de experiências de jovens que trocarão suas vivências com os demais. Espera-se que a apresentação das experiências possa abrir aos jovens espaço para expressar seus anseios e seja o campo fértil para a construção de um projeto de desenvolvimento que querem construir.
O evento contará com a participação de 70 jovens de 15 municípios do Polo da Borborema.