Uma dessas visitas de intercâmbio foi realizada no dia 10 de setembro, quando agricultores dos municípios de Solânea e Remígio puderam conhecer as experiências de agricultores-experimentadores de Areial. O objetivo era verificar como as famílias de Areial estavam realizando o plantio consorciado de palma forrageira, visando fortalecer os trabalhos de criação animal por meio do enriquecimento dos campos para produção de ração.
A visita teve início com a fala de um dos agricultores anfitriões, Arinaldo, que colocou o objetivo daquela atividade e explicou como iniciou os trabalhos de palma consorciada. Segundo ele, a ideia surgiu depois de uma visita de intercâmbio feita na propriedade de Luiz Souza, em Solânea. Também havia a motivação de aprender como reestruturar os arredores de casa.
Hoje, cada família tem uma atividade no arredor de casa em relação à criação e ao cultivo de plantas forrageiras, explicou Arinaldo.
Seu José Antônio, mais conhecido como Caboclinho, e sua esposa, Dona Ilza, também apresentaram as experiências conduzidas em sua propriedade. Eles contaram que, antes de adquirir a tela para cercar o plantio de palma, o mato tomava conta, atingia a altura de uma pessoa. O casal mostrou ainda o consórcio de palma com gliricídia, sabiá e fruteiras.
A palma agora está vigorosa, sadia e tem um bom desenvolvimento. Afinal, após o cercamento com tela, é possível soltar as galinhas, que ciscam o mato e impedem que ele se desenvolva, assim como controlam as pragas que afetam a palma, afirmou Caboclinho.
Caboclinho contou também que foi participando das reuniões do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Areial (STR) que ele conheceu o Fundo Rotativo Solidário de Tela. Além disso, antes do envolvimento com o sindicato, ele não tinha um pé de árvore sequer, mas atualmente conta com aproximadamente 700 mudas implantadas. Diz que sempre incentiva os vizinhos a implementarem mudanças nos seus espaços.
Um dos visitantes, Iremar, de Remígio, disse que o que chamou mais atenção foi que onde a palma era consorciada com plantas arbóreas e criação de galinhas ela estava mais sadia. Já no outro campo, onde havia apenas palma sem manejo, percebemos que tem pouca produtividade e a palma está mais sofrida, concluiu Iremar.
Cleibson, da AS-PTA, chamou a atenção dos presentes para outras práticas interessantes adotadas por Caboclinho e dona Ilza. Apesar de contar com apenas 5 hectares, a propriedade da família apresenta vasta diversificação, com plantio de árvores arbóreas, fruteiras e uma pequena criação de galinhas dentro da própria palma. Há ainda um plantio de erva doce.
Nesse trabalho, seu Caboclinho trouxe para nós uma prática agroecológica que ele faz ao utilizar cobertura morta feita com as outras culturas que produz. Neste ano, deve colher aproximadamente 150 kg de erva doce, sendo que o preço no mercado atualmente é de R$ 18,00/kg, observou Cleibson.
Mas nem sempre foi assim. Segundo Caboclinho, a sua terra costumava ser fraca, tudo que plantavam dava pouco e os restos de cultura eram queimados. Depois que passou a participar dos eventos do Polo da Borborema, sua vida melhorou. Começou a adotar a prática de cobertura morta, conseguiu melhorar a qualidade do solo e hoje não queima mais nenhuma folha.
A visita de intercâmbio terminou, mas o aprendizado permanecerá bastante presente para quem participou.
Para Zé Pequeno, agricultor de Alagoa Nova: Temos que acreditar nas mudanças que podemos fazer na nossa pequena propriedade, como também incentivar nossos vizinhos, mostrando para eles a melhor forma de produzir e trazer renda para a família.
Os intercâmbios são muito importantes, porque a pessoa chega como aluno e sai como professor. Depois de conhecer essa experiência, vou colocar em prática e ensinar outras pessoas. Lá no Curimataú, as pessoas não sabem valorizar o pequeno espaço que têm, mas através desta visita quero conscientizar as famílias para aproveitar o arredor de casa com palma consorciada. Além disso, fico feliz em ver outros agricultores cuidando do meio ambiente, declarou Luiz Souza, de Solânea.
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