Para reverter essa situação, algumas estratégias importantes foram experimentadas, tais como a diversificação da produção nas cisternas, a criação de pequenos animais de terreiro, cursos de educação ambiental, etc.
Nessa mesma perspectiva de cuidado com o meio ambiente, foi iniciado o trabalho com os ecofogões, uma tecnologia que tem como grande potencial o baixo consumo de lenha (redução em até 50%), além da eficiência no cozimento da alimentação. Eles também minimizam os problemas à saúde causados pela fumaça e fuligem dos fogões à lenha convencionais e diminuem o esforço do trabalho da mulher, que antes fazia o transporte de grandes quantidades de lenha para o cozinhar os alimentos.
A experiência vem sendo conduzida há dois anos e na região já são aproximadamente 300 ecofogões implantados em propriedades familiares apenas pela Casa da Mulher.
A primeira visita, no dia 19 de setembro deste ano, aconteceu na Comunidade de Monte Alegre, na propriedade de dona Maria das Dores, seu Juvenal e três filhos. A família foi uma das primeiras experimentadoras, já tendo um ecofogão há dois anos. A gente não acreditou muito no início que aquele tipo de fogão poderia dar certo e hoje não nos separamos mais dessa inovação, disse ela.
Em aproximadamente quatro semanas a família foi beneficiada com outro ecofogão, sendo que desta vez com forno, que foi uma doação do Projeto Dom Helder Câmara. A justificativa por mais um fogão é porque dona Maria das Dores participa da feira agroecológica e faz muitos bolos para vender na feira.
A segunda visita aconteceu na Comunidade Santo Antonio II, onde dona Josefa e seu Edinaldo vivem com seus cinco filhos. Um fogão geoagroecológico foi construído há três meses, contando com o apoio da ONG Agenda para ministrar uma oficina de capacitação e construção do fogão. O equipamento ainda está em experimentação e, enquanto a família continua usando o fogão convencional, aos poucos vai aprendendo a usar o geoagroecológico. A vantagem desse modelo é que a reprodução de novos fogões pode acontecer sem problemas em virtude de ser uma patente social, o que não é o caso dos ecofogões.
Após a visita a Ingazeira, as agricultoras da Borborema se reuniram para discutir qual o melhor modelo para iniciar a experimentação na Paraíba.
Fiquei muito entusiasmada com o fogão geoagroecológico. Acredito que dentro de nossa realidade essa é uma opção interessante e adaptada a qualquer família agricultora. Esse modelo não tem dependência de ser comprado das empresas. As próprias famílias podem fazer a confecção dos fogões, declarou Angineide, do STR de Queimadas.
Já para Giselda, da Coordenação do Polo da Borborema, os dois modelos devem ser experimentados na região: Precisamos discutir com as famílias que têm interesse em fazer experimentações. Depois vamos tirando as conclusões sobre qual formato corresponde às necessidades das famílias agricultoras na Borborema.
A partir dos depoimentos, ficou estabelecido com as mulheres que a experimentação começará com 20 fogões ecológicos sem forno. Além disso, a ONG Agenda será convidada para fazer uma capacitação sobre o uso do fogão geoagroecológico e também trazer a experiência desse modelo.
A possibilidade de contato e aprendizado direto entre agricultores faz das visitas de intercâmbio uma das atividades mais apreciadas pelas famílias participantes do Projeto Agroecologia na Borborema.
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