O fogão é parte determinante de uma casa da agricultura familiar. Na Paraíba, as mulheres preferem cozinhar no fogo a lenha porque além da economia, a comida fica muito mais saborosa. Contudo, a lenha, antes um recurso farto na natureza, está cada vez mais rara na região. Muitas mulheres são obrigadas inclusive a andar por horas ou a comprar a lenha para cozinhar. Em 2010, por meio do Projeto Agroecologia na Borborema, patrocinado pela Petrobras, agricultoras do Polo da Borborema foram conhecer experiências de fogões ecológicos em Pernambuco e resolveram testá-los.
A Comissão de Saúde e Alimentação do Polo, por meio do Projeto Agroecologia na Borborema, distribuiu 20 fogões entre famílias de cinco municípios da região. Esses fogões animaram a formação de fundos rotativos solidários, permitindo que um maior número de mulheres tivesse acesso à inovação. No dia 2 de março, a Comissão se reuniu para avaliar os primeiros resultados.
Para as mulheres beneficiadas, o equipamento trouxe muitas vantagens, sobretudo para a saúde, em função da diminuição da fumaça e da fuligem, além de não sujarem as panelas e as paredes das cozinhas. Também avaliam que os ecofogões permitem uma economia financeira para as famílias por reduzir o uso de lenha, gás e carvão.
A preocupação com o meio ambiente é outra característica da experimentação desses ecofogões. As mulheres beneficiadas com o fogão e as comunidades que se organizaram para instituir um fundo rotativo solidário para a aquisição de novos fogões passaram a perceber o impacto que a retirada da lenha pode causar ao ambiente. Hoje elas compreendem a necessidade de promover a recomposição da paisagem para a garantia não só do combustível, mas também dos demais papéis que as árvores desempenham nos sistemas produtivos.
A experiência com o fogão ainda vem estimulando a reflexão sobre o aumento do lixo nas comunidades e o desaparecimento das cacimbas, lagos e assoreamento dos rios. Além disso, os fogões ecológicos visam o resgate e a valorização de costumes antigos presentes nas comunidades rurais e suas estratégias de produção de alimentos sadios.
Durante a reunião, avaliou-se ainda a organização dos fundos solidários. Nos cinco municípios (Massaranduba, Lagoa Seca, Solânea, Remígio, Queimadas), os fundos assumiram a forma de consórcios, que. constituem grupos de interesse em que todos contribuem com a quantia de R$20. Dessa forma, em pouco tempo completa-se o valor de um novo fogão que é sorteado.
As mulheres do Polo da Borborema estão satisfeitas com o fogão. Antes eu precisava de duas cargas de lenha por mês e um botijão de gás a cada dois meses. Hoje eu uso só uma carga de lenha por mês e já há três meses que não troco o botijão, comemora dona Inês do município de Massaranduba.