O Polo da Borborema e a AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, participaram da terceira edição da Festa da Colheita do Algodão Agroecológico, em Remígio-PB, na região da Borborema. O evento que foi aberto no último dia 24 e encerrado no dia 27, celebra a colheita do algodão agroecológico e tem a participação das entidades e dos agricultores participantes da Rede Paraíba de Algodão Agroecológico.
A festa é uma oportunidade para que os agricultores e a sociedade em geral discutam inovações tecnológicas voltadas para a agricultura familiar, práticas agroecológicas, políticas públicas para o campo, além de ser um espaço de troca de experiências e fortalecimento da identidade cultural do Território Agroecológico da Borborema.
Durante a Festa da Colheita foi realizado o V Seminário da Rede de Algodão Agroecológico do Semiárido. Na programação também aconteceu um Dia de Campo, no Assentamento Queimadas, zona rural do Remígio, onde os participantes puderam analisar o sistema de produção, as melhores formas de manejo, a viabilidade da cultura na agricultura familiar e produção da cultura do algodão sem uso de veneno. Também fizeram parte da programação palestras e minicursos sobre temas como: História do algodão agroecológico, Manejo de pragas e doenças do algodão agroecológico, Certificação do algodão orgânico e Artesanato com algodão naturalmente colorido.
Na Lagoa do Parque, foram montados diversos estandes expondo o trabalho dos agricultores e das entidades que atuam no semiárido. O Polo da Borborema montou um espaço de exposições com demonstrações do trabalho que desenvolve. “Aqui mostramos o arredor de casa, o roçado diversificado do algodão, a criação animal, os bancos de sementes, o artesanato, o trabalho das mulheres na construção da agroecologia, a cisterna calçadão, a silagem, entre outros”, explica Gizelda Bezerra, da coordenação do Polo e uma das responsáveis pela montagem do espaço.
Durante muitos anos, o plantio do algodão foi uma das principais culturas geradoras de renda na região semiárida. O fato de a planta ser resistente à seca e se reproduzir principalmente nos períodos secos, fez com que a produção fosse crescente em meados do Século XX. Porém, na década de 1980 com a chegada da praga do bicudo e do declínio dos mercados, o plantio de algodão na região reduziu drasticamente, levando muitas famílias a abandonarem seus plantios.
Na Paraíba, por meio da observação e experimentação das famílias agricultoras e da assessoria de entidades como Polo da Borborema, AS-PTA, Arribaçã, STR de Aparecida, Coletivo do Cariri, Patac é que foi se resgatando novamente a produção do algodão no território. Este movimento vem contando ainda com o apoio de instituições de pesquisa como a Embrapa Algodão. Esse grupo foi a base de estruturação de uma Rede de Agricultores-Experimentadores do Algodão Agroecológico na região da Borborema. Essa iniciativa estimulou também a criação da Rede Paraibana de Algodão Agroecológico que articula as outras regiões do Estado. De acordo com João Macêdo, assessor técnico da AS-PTA, atualmente 58 famílias dos municípios de Solânea, Areial, Remígio, Arara, Casserengue, Algodão de Jandaíra, Juarez Távora e Lagoa de Roça estão envolvidas com a cultura do algodão agroecológico: “essas famílias estão produzindo o algodão em consórcio com outras culturas, numa modalidade de roçado diversificado”, explicou.
Como parte das estratégias da Rede, as agricultoras e agricultores experimentadores tem se organizado para comercializar o algodão diretamente com as indústrias têxteis que tem como foco o trabalho com fibras orgânicas, conseguindo um preço mais compensador e de maior reconhecimento ao trabalho realizado.
A reintrodução do algodão agroecológico nos roçados da região do Polo da Borborema tem sido uma das formas de fortalecer a diversificação nos sistemas de produção familiar, possibilitando o aumento na renda e a garantia de colheita no período seco.