No último dia 10 de novembro, agricultores, técnicos, estudantes e representantes de organizações da Agricultura Familiar participaram de tarde de campo na comunidade de Volta Grande, município de Palmeira (PR). Os participantes puderam debater pontos estratégicos para o fortalecimento da agricultura familiar da região como os modelos de produção, endividamento e, sobretudo, os caminhos para a transição agroecológica e autonomia familiar.
A comercialização de sementes crioulas para a Conab foi motivo de debate e um caminho alternativo ao plantio do fumo apontado pelo grupo presente. O Centro-sul do Paraná é um dos maiores produtores de fumo do estado.
Os agricultores e agricultoras analisaram a experiência de plantio de uma área de multiplicação de sementes de milho crioulo (da variedade amarelão). Essas sementes foram produzidas por agricultores familiares da região e foram vendidas para Conab por meio de sua cooperativa e doada para outras famílias agricultoras. Agora, são eles, agricultoras e agricultores da comunidade de Volta Grande que passarão a plantar e multiplicar as sementes para assim, elas poderem ser destinadas novamente a venda a Conab, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) na modalidade de doação simultânea. E dessa forma, fortalecer manutenção da agrobiodiversidade local, além de se criar um caminho importante para viabilização econômica da propriedade. Aos poucos, e com muito debate, os agricultores vão construindo alternativas frente à atual crise, em especial, a crise da fumicultura.
Além da comunidade de Volta Grande, agricultores e agricultoras de outras comunidades da região vêm se organizando, por meio de suas associações, cooperativas e sindicatos para preservação das sementes crioulas. No Paraná, foram implantados mais de 100 campos de multiplicação que se encontram em pleno desenvolvimento. Esses campos são plantados e cuidados em sistemas comunitários, onde todo trabalho é realizado por famílias vizinhas e amigas, que juntas buscam alternativas de desenvolvimento.
O plantio destas áreas é um momento importante de formação, pois nesses campos as famílias experimentam práticas de manejo de solo baseado em processos ecológicos como: a adubação verde de inverno (ervilhaca) para fixação biológica de nitrogênio e supressão de plantas espontâneas; o plantio direto sobre a palhada da ervilhaca, utilizando diretamente a plantadeira; testam o uso de fertilizantes alternativos como cama de aviário e pó de rocha; a inoculação de sementes crioula de milho, por meio de bactérias diazotroficas, para fixação biológica de nitrogênio, entre outras práticas.
E assim por meio de manejo ecológico de solos, manutenção e preservação de agrobiodiversidade, a construção coletiva de princípios de uma economia justa e de uma sociedade participativa é que os agricultores da comunidade de Volta Grande e de outras tantas no Paraná vem construindo a agroecologia.