Este 20 de março, em que é comemorado o dia da Agricultura, foi um dia de luta para as entidades de trabalhadores rurais ligadas ao Fórum das Organizações da Sociedade Civil em Defesa da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária na Paraíba. Elas realizaram, durante toda a manhã, uma mobilização que fechou rodovias em diversos pontos do estado, para denunciar os índices alarmantes de violência no campo e exigir do poder público providências.
No trevo da BR 104, que liga os municípios de Lagoa Seca, Alagoa Nova e Esperança cerca de 600 agricultores ligados ao Polo da Borborema, com a assessoria da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, interditaram a passagem de veículos com carro de som, bandeiras, faixas e cartazes manifestando sua indignação com o aumento crescente da violência no campo. Os municípios de Queimadas e Juazeirinho também paralisaram as rodovias que cortam estas cidades.
Foram distribuídos ainda panfletos aos motoristas explicando o objetivo da mobilização e chamando a atenção da sociedade para o problema que está expulsando as famílias do campo e comprometendo a agricultura familiar. “Temos que pensar que sem a agricultura as cidades não seriam abastecidas, pois nesse asfalto não nasce batata, não nasce feijão, queremos o direito de permanecer no campo com segurança”, disse Roselita Vitor, do Polo da Borborema, que integra o Fórum em Defesa da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária.
Os manifestantes exigiram a presença das autoridades da Segurança Pública Estadual para liberar o tráfego. O comandante do 10º Batalhão de Polícia Militar (10º BPM), coronel José Ronaldo, responsável pela segurança de Campina Grande e mais de 36 municípios, esteve no local representando o Secretário de Estado da Segurança e Defesa Social, Cláudio Lima. Ele recebeu uma pauta de reivindicações do Fórum e se comprometeu a, nos próximos dias, agendar uma reunião entre uma comissão do Fórum e o Secretário para estudar como atender à pauta entregue pelos manifestantes. Entre as reivindicações estão a implantação de um policiamento rural efetivo, aumento do contingente nas cidades onde se registra o maior número de ocorrências no campo, um serviço de inteligência capacitado para atuar na zona rural, criação de uma delegacia especializada em crimes cometidos no campo e outras.
“Conseguimos externar a revolta dos agricultores e agricultoras da região, que compareceram em grande número à mobilização e com isso abrimos esse diálogo com o governo”, avaliou Nelson Anacleto, do Polo da Borborema. Ainda segundo Nelson, caso as medidas e a audiência prometida não sejam cumpridas, haverá novas mobilizações.
O Fórum das Organizações da Sociedade Civil em Defesa da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária na Paraíba tem como objetivo articular as várias experiências e lutas pelo fortalecimento da agricultura familiar camponesa e pela reforma agrária no estado, no sentido de unificar o que é comum a todas as entidades que atuam no campo. Participam do fórum organizações como Polo da Borborema, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAG), Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Sindicato dos Trabalhadores em Extensão Rural (SINTER), Arribaçã, entre outras.
Leia o panfleto