Na tarde desta segunda-feira, 07 de maio, cerca de 300 agricultores e agricultoras das organizações que compõem o Polo da Borborema e o Fórum das Organizações da Sociedade Civil em Defesa da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária, realizaram uma caminhada da Praça da Bandeira, no Centro de Campina Grande, agreste da Paraíba, até a Câmara de Vereadores da cidade, onde os manifestantes lotaram as galerias para participar da sessão pública itinerante da Assembleia Legislativa sobre a problemática da insegurança no campo.
A sessão foi uma propositura do Deputado Estadual Frei Anastácio (PT-PB) atendendo a uma solicitação do Polo e do Fórum das Organizações e contou com a presença de deputados estaduais, vereadores, lideranças populares do meio rural e autoridades da segurança pública no Estado. O Coronel Wolgrand Pinto Jordão, Comandante do Policiamento Regional I, representou o Governador do Estado da Paraíba, Ricardo Coutinho, já o Delegado Geral da Polícia Civil Severiano Pedro, representou o Secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Cláudio Lima. Ambos compuseram a mesa representando o poder executivo estadual na sessão.
O deputado estadual Frei Anastácio (PT-PB) presidiu os trabalhos da sessão ao lado dos deputados Daniella Ribeiro (PP-PB) e Hervásio Bezerra (PSDB-PB). Compuseram a mesa ainda Nelson Anacleto, da coordenação do Polo da Borborema e do Fórum das Organizações e Gabriel Ibiapina, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Arara (PB), representando os trabalhadores e trabalhadoras da região. O vereador Laelson Patrício (PT) compôs a mesa representando a Câmara de Vereadores de Campina Grande.
Nelson Anacleto chamou a atenção para o quadro de agravamento da insegurança no campo, um problema que merece atenção especial por parte das autoridades: “o Estado precisa ter um olhar especial para a questão da insegurança, se ela é um problema sério, na zona rural existe um agravante, que é o risco que corremos de um esvaziamento das nossas feiras livres, devido à migração forçada dos agricultores para as cidades. Temos uma pauta de reivindicações e esperamos que ela fosse cumprida”. Gabriel Ibiapina do STR de Arara, disse que no seu município a situação é tão grave que até as lavouras são saqueadas: “não podemos mais plantar, pois até nossas roças são roubadas. Somos trabalhadores e nossas únicas armas são a foice e a enxada para a luta do dia-a-dia, não temos como nos defender”, afirmou.
O Coronel Wolgrand Pinto Jordão disse que o contingente da Polícia Militar é insuficiente para atender à demanda de segurança da população paraibana: “nosso efetivo hoje é de 9.560 homens para uma população de mais de 3 milhões de habitantes. Estamos trabalhando nisso e a demora em colocar pessoal na rua é tão somente pela preparação que esses homens precisam ter, sobretudo para atuar na patrulha rural, que começou a ser implantada”. O Coronel se disse surpreso com os casos relatados pelos agricultores durante a sessão e pediu a colaboração da população no sentido de fazer com que estes casos cheguem ao conhecimento das autoridades de segurança pública. “Quando a comunidade trabalha junto com a polícia, tudo fica mais fácil, contamos com esse apoio para melhorar o nosso serviço”, concluiu.
Como encaminhamento, ao final da sessão, foi criada uma comissão com representação da Assembleia Legislativa do Estado, da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social e dos movimentos sociais do campo. A comissão terá o papel de aprofundar o debate sobre o tema e dar encaminhamento às solicitações feitas pelas famílias agricultoras ao governo. Já na próxima terça-feira, 15 de maio, haverá uma reunião entre as autoridades competentes e representantes dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais para discutir a situação dos agricultores que estão tendo suas motocicletas apreendidas por não terem condições de regularizar a situação dos veículos. Os representantes do poder executivo estadual se comprometeram a levar as reivindicações do Fórum ao conhecimento do Secretário de Segurança Pública.
O Fórum das Organizações da Sociedade Civil em Defesa da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária na Paraíba é uma articulação que tem por objetivo unificar as lutas comuns a todas as entidades que atuam no campo. Participam do fórum organizações como Polo da Borborema, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAG), Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Sindicato dos Trabalhadores em Extensão Rural (SINTER), Associação Arribaçã, entre outras. O Polo da Borborema conta com a assessoria da AS-PTA Agroecologia e Agricultura Familiar, que acompanha e auxilia nas articulações do Fórum.