A cidade de Januária, a 169 quilômetros de Montes Claros, região norte Minas Gerais, vai sediar, de 19 a 23 deste mês, um dos mais importantes eventos do Semiárido brasileiro: o Encontro Nacional da Articulação no Semi-árido (ASA). Cerca de 600 pessoas, vindas de várias partes do sertão e agreste nordestino – do Maranhão até a Bahia – e do Vale do Jequitinhonha e da própria região norte do estado anfitrião estarão centradas no debate de questões que possibilitam às famílias agricultoras do Semiárido uma melhor condição de vida.
A convivência com o Semiárido é um assunto cada vez mais urgente de ser debatido, principalmente, em tempos de seca como a atual, considerada uma das maiores dos últimos 30 anos.
Com o tema “Trajetórias de luta e resistência para a superação da pobreza e construção da cidadania”, o VIII EnconASA reúne agricultores com experiências bem sucedidas de convivência com o Semiárido, técnicos e representantes governamentais, o que já demonstra capacidade de proposição de uma estratégia para a construção da cidadania.
O encontro, cuja programação é formada por plenárias, visitas de intercâmbio e oficinas, também será um espaço de diálogo com o governo federal sobre os aprendizados acumulados pela sociedade civil, bem como uma oportunidade de debate sobre as atuais políticas públicas existentes.
“Queremos continuar dialogando com o governo por acreditar que é possível reformular as bases estruturais do modelo de desenvolvimento pensado até hoje para o Semiárido brasileiro. Esse diálogo tem como base as nossas experiências, elas revelam possibilidades de estabelecer novas relações entre o estado e a sociedade civil, nas quais o papel do estado deve ser apoiar as iniciativas autônomas e criativas gestadas no meio da sociedade. Queremos reconhecer os avanços e apontar os desafios, os entraves e as contradições, é o momento de dizer o que esperamos do estado brasileiro e o que nos propomos também a fazer”, assegura Valquíria Smith, coordenadora executiva da ASA pelo estado de Minas Gerais.
Está confirmada a participação da presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Maria Emília Pacheco e de representantes de três ministérios: a secretária Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Maya Takagi, do Secretário Nacional de Agricultura Familiar do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), Valter Bianchini, e do Secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Sílvio Porto.
Também foram convidados o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil, Gilberto Carvalho, e a ministra do MDS, Tereza Campello. A presença deles não foi confirmada até o momento.
O evento é fechado para a participação do público em geral, mas na sua programação há momentos de interação com a população de Januária: a caminhada de abertura do EnconASA e a feira “Saberes e Sabores do Semiárido” que reunirá produtos da agricultura familiar levados pelas delegações dos dez estados. A concentração para a caminhada é às 14h, do dia 19, no Cais. E a feira será montada na frente da rodoviária da cidade.
Programação – O encontro terá três grandes momentos. O primeiro deles vai lançar o olhar para as experiências reais de convivência com o Semiárido, que são protagonizadas por famílias agricultoras e/ou grupos de agricultores de Minas Gerais.
Na quarta-feira (21), os 600 participantes visitarão as 21 experiências relacionadas a questões como acesso à água, acesso à terra e a território das populações tradicionais, auto-organização das mulheres que promove várias conquistas para a localidade, preservação de sementes crioulas, entre outras temáticas ligadas à convivência com o Semiárido.
A manhã do dia seguinte (22) será destinada a refletir sobre os elementos importantes vistos nas experiências mineiras. Outras iniciativas, vivenciadas no Nordeste, serão apresentadas neste momento para ampliar a leitura sobre a temática a partir dos casos concretos. “As oficinas são um espaço para o aprofundamento da temática a luz do que estamos fazendo, reforçando os avanços e refletindo sobre os desafios”, explica Smith.
O segundo grande momento do encontro será o debate sobre a linha de ação que a ASA vai adotar para os próximos anos, a partir da perspectiva da universalização das cisternas de 16 mil litros de água para consumo humano.
Um novo desafio precisa ser definido para aprofundar a proposta de convivência com o Semiárido da rede. Uma proposta que a ASA vem defendendo como fundamental para a região é o trabalho com as sementes crioulas. Para a ASA, assim como a água, as sementes são um importante componente para a garantia da segurança alimentar e da convivência com o Semiárido.
O terceiro momento do EnconASA é quando a sociedade civil organizada, representada pela ASA, dialoga com o governo sobre as políticas de superação da pobreza e miséria do Brasil.
Este momento vai ser iniciado com o relato da experiência de Maria José Dias Ramalho, agricultora de Pernambuco que possui duas cisternas que guardam água para consumo humano e para a produção de alimentos e consegue produzir o suficiente para a alimentação da família e para vender na feira.
Dados – Em Minas Gerais, o Norte e o Vale do Jequitinhonha possuem o clima com características semiáridas, concentram mais de 3,5 milhões de habitantes e representam 34% da área do estado. Já no Nordeste, cerca de 63% da sua população reside no Semiárido, cuja área equivale a 70% do território nordestino.
O que é a ASA? – A Articulação no Semi-Árido é uma rede formada por cerca de 3 mil organizações da sociedade civil que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida. A ASA desenvolve o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido, que se divide em: Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).
Serviço:
Evento: VIII EnconASA
Dias: 19 a 23/11/2012
Local: SESC Laces (Januária/MG)
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Fonte: www.oitavoenconasa.org.br