Mais de 500 mulheres do campo e da cidade de diversas regiões da Paraíba realizaram uma mobilização na manhã desta terça-feira, 04 de dezembro, na capital João Pessoa, para exigir dos poderes públicos medidas mais efetivas de combate à violência contra a mulher e pelo fim impunidade dos agressores. A concentração aconteceu na Praça da Independência, no Centro da cidade, em seguida, as mulheres saíram em caminhada com carro de som, faixas e bandeiras pela Avenida Epitácio Pessoa até o prédio da Secretaria Estadual da Mulher e da Diversidade Humana, onde entregaram uma pauta de reivindicações dos movimentos sociais de mulheres urbanas e rurais. Para Glória Batista, da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba) e uma das organizadoras do evento, a mobilização foi positiva em diversos sentidos: “destaco a importância de irmos à rua, não só denunciar a violência contra a mulher, mas exigir medidas que deem um fim a ela e à impunidade dos agressores. Também a interação entre mulheres do campo e da cidade que estamos construindo, tentando unificar as nossas bandeiras a partir da diversidade”, afirmou.
Audiência – Uma comissão foi recebida pela Secretária responsável pela pasta Iraê Lucena e pela Secretária Executiva da Mulher Gilberta Soares. Também participou da reunião o Chefe de Gabinete do Governador, Waldir Porfírio. As mulheres solicitaram uma audiência com o Governador Ricardo Coutinho (PSB) e também com o Secretário de Segurança Pública, Cláudio Lima. O encontro que foi agendado para a próxima segunda-feira, dia 10, coincidentemente quando se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos. “A ideia é que possamos entregar a nossa pauta de reivindicações diretamente ao Governador e fazer o diálogo com a Secretaria de Segurança. Contamos que a reunião aconteça mesmo no dia 10, caso contrário, continuaremos pressionando, também com novas mobilizações, para que ela ocorra o mais rápido possível, ainda no marco da Campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher”, afirmou Glória Batista.
A mobilização exigiu a efetivação de ações concretas e urgentes para o enfrentamento à violência contra as mulheres. Entre as reivindicações estão: adequação e ampliação do número de delegacias especializadas de atendimento às mulheres e qualificação dos funcionários; aplicação rigorosa da Lei Maria da Penha, com Juizados especiais que reconheçam e punam todos os crimes de violência contra as mulheres: violência psicológica, sexual, patrimonial, etc.; melhoria das condições de trabalho para as equipes dos serviços de atenção às mulheres em situação de violência e Políticas públicas comprometidas com a erradicação da violência contra as mulheres em todos os setores: Segurança Pública, Saúde, Educação, Assistência Social, Cultura, entre outros.
Polo da Borborema – O Polo da Borborema esteve presente na mobilização com uma caravana de 100 mulheres das cidades de Solânea, Remígio, Casserengue, Lagoa Seca e São Sebastião de Lagoa de Roça, Massaranduba, Queimadas. Maria Leônia Soares, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massaranduba e liderança do Polo da Borborema ressaltou a importância dessa iniciativa para o trabalho que as mulheres do Polo vêm desenvolvendo na superação das desigualdades entre homens e mulheres para a construção da agroecologia: “Mesmo com todos os avanços que temos na construção, ainda é um desafio para as mulheres agricultoras terem o seu papel reconhecido, além da própria violência no campo. Há menos de um mês vivemos o assassinato da filha de uma agricultora do Polo, uma jovem de apenas 16 anos, que poderia ser uma liderança. Então os poderes públicos precisam entender a gravidade do problema e eventos como este são importantes para chamar a atenção, pois as autoridades estão lá, muito bem protegidas”, afirma Maria Leônia.
Organizaram a mobilização as entidades: Coletivo de Mulheres do campo e da cidade, ASA Paraíba, AS-PTA Agroecologia e Agricultura Familiar, PATAC, CENTRAC, MST, CPT, MAB, MPA, Polo da Borborema, Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais, CEOP, Levante Popular da Juventude, Frente Feminista do Movimento Levante, Marcha Mundial das Mulheres, Coletivo de Mulheres Alexandra Kollonta- Consulta Popular, Rede de Mulheres em Articulação na Paraíba, Grupo de Mulheres Mães na Dor, Colmeias, Associação Paraibana de Imprensa, Articulação de Mulheres Brasileiras, Cunhã Coletivo Feminista, Bamidelê Organização de Mulheres Negras, Fórum de mulheres da Paraíba, União Brasileira de Mulheres, Centro da Mulher 8 de março, Coletivo Olga Benário e Índias Tabajaras.