Mais de 80 agricultoras e agricultores feirantes das oito feiras agroecológicas, de sete municípios da região da Borborema (Massaranduba, Remígio, Solânea, Esperança, Alagoa Nova, Lagoa Seca e Campina Grande) participaram da “Oficina de Formação sobre Acesso a Mercados”, realizada nesta segunda-feira, dia 18, no Centro Marista de Eventos, em Lagoa Seca.
A oficina foi realizada pela Ecoborborema, entidade que reúne os feirantes ligados ao Polo da Borborema, em parceria com a AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia. De acordo com Marcelo Galassi, da AS-PTA, o objetivo do evento foi atualizar o diagnóstico sobre o momento atual das feiras para saber quais os avanços e quais os principais desafios, além de ser um momento de consolidação dos princípios que regem as feiras.
Após a apresentação, os participantes se dividiram em grupos refletir sobre qual é a realidade atual das feiras agroecológicas no território. A viabilização das infraestruturas do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) voltadas para a produção de alimentos, a exemplo da cisterna calçadão foi lembrada como um fator responsável pela entrada de muitas agricultoras e agricultores nas feiras. Uma dessas pessoas foi a agricultora Cícera da Silva, mais conhecida como dona ‘Moça’, de Massaranduba. Ela vende na feira agroecológica do município há dois anos, desde quando conquistou sua cisterna calçadão, e está muito satisfeita: “A cisterna é uma obra de arte, eu planto tudo lá, aprendi a fazer os canteiros econômicos do lado e não preciso mais comprar nada de verdura. Eu gosto de colocar minha verdura na cabeça e ir pra feira, chega lá, é aquela festa, todo mundo quer, porque sabe que é sadio, é saúde pra eles”, conta a feirante. O aumento do número de consumidores, a melhoria na qualidade de vida dos feirantes e o aumento da relação de confiança entre consumidores e feirantes foram alguns dos avanços elencados pelos participantes da oficina.
Na avaliação dos agricultores, a falta de divulgação, organização do sistema participativo de garantia da procedência e os altos custos do transporte foram citados como desafios para o aprimoramento das feiras em 2014.
Economia Solidária – Ainda durante o debate, os agricultores reafirmaram valores e compromissos com as feiras. Foram tratadas não só como local de comercialização direta dos produtos, mas também como um espaço de interação social, de construção de laços de amizade, de valorização da cultura e dos produtos locais e de visibilidade da agricultura familiar de base agroecológica. Além de tudo isso, um espaço de formação e exercício da economia solidária, como lembra Roselita Victor, da coordenação do Polo da Borborema: “Na feira estamos praticando a economia solidária, a gente combina um preço justo, se um não pode estar na banca da feira, o outro que pode toma de conta, isso é união dos feirantes, é solidariedade, afirmou a liderança.
No período da tarde, os agricultores levantaram propostas para os desafios levantados, entre elas estão: a organização de comissões de ética nas feiras com participação de consumidores; de calendários de reuniões municipais e regionais das feiras; de um protocolo para acompanhamento da qualidade dos produtos das feiras; a promoção de eventos de formação com feirantes e eventos com feirantes, chamando atenção da sociedade. Um novo encontro ficou pré-agendado para a segunda quinzena de janeiro de 2014.