Com o objetivo de aprofundar o debate sobre a fertilidade e a recuperação do solos, a Comissão de Manejo da Fertilidade nos Roçados do Polo da Borborema em parceria com a AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia realizou no final de 2013, uma oficina sobre Manejo e Fertilidade nos Roçados. Participaram da oficina 60 agricultoras e agricultores dos municípios de Areial, Esperança, Montadas, Remígio, Lagoa Seca e Lagoa de Roça.
A reflexão sobre a fertilidade dos solos partiu da construção coletiva do mapa da Região do Agreste do Roçado, uma das molduras ambientais que compõem a região do Polo da Borborema. As agricultoras e agricultores presentes construíram juntos uma acurada classificação para os diversos solos, relevos e variação do clima para a região, além trazer para o debate as diversas estratégias de melhoria da fertilidade dos solos desenvolvida pelas famílias agricultoras. Após o exercício, os participantes avaliaram a importância do esterco bovino como fonte de reposição dos nutrientes, além disso foi compartilhada a experiência do manejo do esterco por meio da esterqueira para essa região marcada por solos rasos e arenosos.
A esterqueira é uma inovação técnica desenvolvida com apoio das famílias agricultoras e é considerada como uma alternativa de baixo custo econômico que busca melhorar a qualidade e quantidade do esterco. É confeccionada a partir de uma estrutura em nylon, com altura de 0,7 metros, medido 10 metros lineares, com barrotes de madeiras de 1,0 metros de altura fixados no nylon a cada metro. Possui capacidade de armazenamento de esterco de 4,2 m3 por unidade.
Para enriquecer o debate, a família de dona Josélia e seu Carlinhos, agricultores do município de Areial, apresentaram os resultados de uma pesquisa que fizeram com o uso do material das esterqueiras em seus roçados. O casal possui, numa propriedade de 8,5 hectares de terra e quatro esterqueiras que utilizaram em 2013 na adubação do roçado. Para desenvolver a pesquisa, foram adubadas 4 áreas com materiais diferentes no roçado: uma onde usou o esterco convencional (coletado direto do curral), outra usou o material da esterqueira, uma terceira onde usou folhas e ramos de gliricídia e uma quarta como testemunha, onde não utilizou nenhum tipo de adubação. A diferença dos resultados da produção com o uso do esterco melhorado pela esterqueira e adubados com ramos e folhas de gliricídia foram muito superiores as demais áreas. Diante dos resultados, dona Josélia e seu Carlinhos, bem como os agricultores presentes ficaram muito entusiasmados em ampliar o uso das esterqueiras em 2014. Além dos resultados diretos na fertilidade do roçado expressos no aumento da produção, economizaram o dinheiro da compra do caminhão de esterco.
O agricultor Miguel Sobrinho do sítio Cobiçado de Montadas falou sobre a importância da oficina para sua propriedade que já possui duas esterqueiras para produzir adubo orgânico para o solo. “Eu participei da oficina de manejo de produção de esterqueiras que foi muito positivo para aumentar a quantidade de estrume na propriedade. Vi que o estrume do curral por não estar curtido não deve ser usado direto na adubação. Já o da esterqueira pode ser usado sem nenhum problema para as lavouras. O que eu vi aqui e que vou fazer na minha propriedade é continuar manejando a esterqueira, aguando para que sejam produzidos microorganismos e que o esterco chegue mais rápido no ponto de se utilizar no roçado”.
A oficina de Manejo e Fertilidade nos Roçados é uma ação do Projeto Terra Forte, que tem entre as suas estratégias iniciativas de manejo da fertilidade dos solos. O Terra Forte é realizado pela AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia em parceria com o Polo da Borborema, PATAC e os Agrônomos e Veterinários Sem Fronteiras (AVS) e é cofinanciado pela União Europeia.