O Comitê de Solidariedade Ana Alice se encontrou com o Governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB), em Campina Grande, na última segunda-feira, dia 07 de abril, para cobrar explicações sobre a fuga, no dia 03 de abril, de Leônio Barbosa Arruda, assassino de Ana Alice Macêdo. Leônio aguardava julgamento na Penitenciária Regional de Campina Grande Raimundo Asfora, conhecida como Presídio do Serrotão e, segundo informações do local, fugiu pulando uma altura de cerca de cinco metros para fora da unidade prisional, na noite da quinta-feira, dia 03 e desde então permanece foragido.
Os representantes do Comitê então solicitaram ao chefe do poder executivo estadual uma audiência com o Secretário de Segurança e Defesa Social para que pudessem cobraram uma resposta rápida no sentido de recapturar o preso que, solto representa um risco à toda a sociedade, e sobretudo às famílias das vítimas e as sobreviventes dos seus ataques: “A gente está em pânico, porque sabe o risco que está correndo, pois ele conhece toda a área em que vivemos e não sabemos o que esse maníaco pode fazer, agora que está solto”, afirmou Angineide Macêdo, mãe de Ana Alice e liderança do Polo da Borborema.
Na audiência com o Secretário de Estado da Segurança e Defesa Social, Cláudio Lima, que ocorreu neste dia 08 de abril, em João Pessoa, estiveram presentes ainda a Assessora de Ações Estratégicas, Cassandra Duarte, o Diretor da Polícia Científica, Humberto Pontes e a Secretária de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, Gilberta Soares. O objetivo do Comitê foi ainda o de se colocar à disposição para contribuir com o trabalho de prisão do fugitivo, fornecendo informações e acompanhando de perto as investigações, além de exigir proteção para as pessoas que se encontram em risco.
O Secretário Cláudio Lima informou que toda a responsabilidade de apurar e punir possíveis envolvidos na fuga é da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, pois os dois órgãos são distintos e autônomos, mas ele se comprometeu a não medir esforços no trabalho de recaptura do preso e o empenho em proteger as pessoas ameaçadas. Já a assessora Cassandra Duarte elogiou o trabalho do Comitê, que vem acompanhando o caso desde o desaparecimento de Ana Alice, em setembro de 2012, até a prisão do criminoso no final do mesmo ano e dando apoio a este e outros casos de violência: “Vocês estão desempenhando um papel importantíssimo, pois de onde é que vem a força do trabalho de investigação? É da população, que contribui com a polícia. Se em todos os casos tivéssemos esse apoio da sociedade, teríamos um número bem maior de sucesso nas operações”, afirmou.
No mesmo dia os representantes do Comitê foram recebidos pelo Secretário de Administração Penitenciária, Walber Virgolino da Silva Ferreira. O secretário admitiu a falha grave na segurança do local e pediu desculpas às famílias das vítimas e ao Comitê, ele informou que já designou uma Comissão Permanente de Processo Administrativo Disciplinar para apurar as circunstâncias que possibilitaram a fuga. Segundo ele, no momento ainda é cedo para apontar culpados, pois tudo começou a ser investigado, mas o secretário afirmou que tão logo sejam identificados, os responsáveis serão punidos e demitidos de suas funções. Ângela Maria Barbosa de Almeida é advogada do Estado e preside a comissão, segundo ela, o grupo designado terá 60 dias para apresentar o resultado das investigações, podendo este prazo ser prorrogado por mais 60 dias.
Questionado sobre o fato de um preso de alta periculosidade e com tão pouco tempo de prisão estar trabalhando na cozinha do presídio, o que teria, de certa forma, facilitado a sua fuga, o secretário da SEAP, explicou: “Os criminosos presos por estupro não encontram convivência nas unidades prisionais, pois geralmente são assassinados. Como não dispomos de um pavilhão exclusivo para estupradores, eles são designados para atividades administrativas, a exemplo da cozinha. Mesmo assim, são vigiados, pois lidam com facas e outros objetos perfurantes. Pra nós não existe preso de confiança, todos devem estar sob vigilância e nós vamos descobrir o que aconteceu para que não e repita e cuidar da transferência dele, tão logo ele seja recapturado”.
O Caso – A jovem Ana Alice de Macedo Valentim, agricultora e militante do Polo da Borborema, foi sequestrada, violentada e brutalmente assassinada aos 16 anos, quando voltava da escola, em setembro de 2012. Seu corpo só foi encontrado 50 dias depois, e graças à denúncia de uma nova vítima que sobreviveu ao ataque e reconheceu o criminoso, que já tinha violentado outras duas mulheres.
Desde então o Comitê de Solidariedade Ana Alice, formado por um conjunto de entidades de defesa dos direitos das mulheres e de trabalhadores rurais, tem somado esforços e se mobilizado no acompanhamento do caso e na cobrança firme às autoridades para que estes e outros crimes contra a mulher não fiquem impunes. O Comitê já realizou mobilizações, caminhadas e protestos em frente ao Fórum exigindo justiça e permanece unido para não permitir que esse criminoso, perigoso para a sociedade não fique solto. “Nesse tempo depois que o crime ocorreu, muitas pessoas me ligaram, me aconselhando a mandar fazer alguma coisa de ruim com o bandido. Pra mim foi difícil segurar os dois filhos maiores de idade que eu tenho em casa. Mas eu sempre tive certeza que esse não seria o caminho certo a seguir. A nossa luta é por justiça para o caso da minha filha e para todas que precisem”, afirmou Angineide Macêdo, mãe de Ana Alice.
Quem tiver informações sobre a localização do criminoso pode entrar em contato com a polícia através dos telefones 190 e 197 e fazer uma denúncia anônima.