O assassino de Ana Alice, Leônio Barbosa de Arruda, se entregou à polícia por volta das 8h da manhã deste domingo, 13 de abril. O criminoso estava em uma propriedade rural na comunidade de Ramada, do município de Caturité, no Cariri Oriental paraibano. Após 10 dias foragido, ele procurou familiares e pediu para que entrassem em contato com a equipe da Polícia Penitenciária comunicando que pretendia se entregar e por volta das 8 horas foi capturado por agentes do Grupo Penitenciário de Operações Especiais (GOEP), que o reconduziram para o Complexo Penitenciário do Serrotão, em Campina Grande.
Na quinta-feira, 10 de abril, integrantes do Comitê Ana Alice, após receberem informações de onde se encontrava o fugitivo, em diálogo com a delegada titular da Polícia Civil em Queimadas e com a delegada seccional Renata Dias, mantiveram contato com familiares de Leônio Barbosa de Arruda para convencê-lo que a melhor decisão seria a de se entregar. Os membros do comitê explicaram aos familiares que o interesse é o de recapturá-lo vivo, e que iriam cobrar do Estado a manutenção de sua integridade física, o que acreditam, tenha contribuído para a entrega do fugitivo. “O Comitê defende a vida. Enquanto espaço de defesa dos direitos humanos, defendemos que se cumpra a lei, ou seja, que pessoas que cometem crimes contra a mulher não fiquem impunes. Queremos que o criminoso fique vivo para pagar pelos crimes que cometeu, por isso vamos cobrar do Estado a garantia da vida do preso e do cumprimento da sua pena”, afirmou Madalena Medeiros, representante do Centro de Ação Cultural (CENTRAC), uma das entidades do Comitê.
A Fuga – Na manhã do último dia 04 de abril o Comitê de Solidariedade Ana Alice tomou conhecimento da fuga do detento na noite anterior (03 de abril) e logo se mobilizou no sentido de buscar explicações do Governo do Estado e, também, colaborar para recaptura do preso. De acordo com informações da unidade prisional, o preso fugiu pulando uma altura de cinco metros para o lado de fora. A notícia da fuga deixou em pânico as comunidades rurais de Queimadas, Caturité e Boqueirão, especialmente as vítimas sobreviventes do maníaco e suas famílias.
Audiências – Na segunda-feira (07) o comitê se encontrou com o governador Ricardo Coutinho que ouviu as entidades, em Campina Grande, e viabilizou a audiência com autoridades de segurança do Estado. Na terça-feira (08) o comitê se reuniu com o Secretário de Segurança e Defesa Social, Cláudio Lima, em João Pessoa, cobrando ações enérgicas e se colocando à disposição para contribuir com o trabalho de prisão do fugitivo, fornecendo informações e acompanhando de perto as investigações. Além de exigir proteção para as pessoas que se encontravam em risco. No encontro o Secretário assumiu o compromisso de garantir a segurança de três famílias, das vítimas e de testemunhas chaves que contribuíram com a prisão do bandido em 2012, claramente em situação de risco. No entanto, nenhuma medida nesse sentido foi tomada, levando a comunidade a fazer a contratação de segurança privada durante o período em que o bandido esteve foragido.
Ainda na terça-feira, o movimento se reuniu com o secretário de Administração Penitenciária, Walber Virgolino da Silva Ferreira, que se comprometeu em trabalhar para apurar o caso e informou haver designado uma Comissão Permanente de Processo Administrativo Disciplinar para apurar as circunstâncias que possibilitaram a fuga. “O Comitê tem um vida permanente e vai continuar acompanhando este e outros casos de violência contra a mulher. Ainda estamos acompanhando a investigação que vai apurar os responsáveis pela fuga do assassino de Ana Alice e exigir uma punição compatível com a gravidade do caso, já que o fato põe em risco toda a sociedade”, afirma Maria Anunciada Flor, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Queimadas e integrante da coordenação do Polo da Borborema, que compõem o Comitê Ana Alice.
O caso – A jovem Ana Alice de Macedo Valentim, agricultora e militante do Polo da Borborema, foi sequestrada, violentada e brutalmente assassinada aos 16 anos, quando voltava da escola, em setembro de 2012. Seu corpo só foi encontrado 50 dias depois, e graças à denúncia de uma nova vítima que sobreviveu ao ataque e reconheceu o criminoso, que já tinha violentado outras duas mulheres.
Desde então o Comitê de Solidariedade Ana Alice, formado por um conjunto de entidades de defesa dos direitos das mulheres e de trabalhadores rurais, tem somado esforços e se mobilizado no acompanhamento do caso e na cobrança firme às autoridades para que estes e outros crimes contra a mulher não fiquem impunes. O Comitê já realizou mobilizações, caminhadas e protestos em frente ao Fórum exigindo justiça e permanece unido para não permitir que esse criminoso, perigoso para a sociedade não fique solto.