A Comissão Territorial da Batata Agroecológica se reuniu no último dia 24 de abril no Convento Ipuarana em Lagoa Seca, com 45 participantes. O encontro teve como objetivo realizar um momento de balanço das atividades realizadas em 2013 e planejar o ano de 2014. Integram à Comissão, organizações de trabalhadores e trabalhadoras rurais da Borborema na Paraíba, entre elas o Polo da Borborema e a Ecoborborema, AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, Emater, Banco do Nordeste, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agropecuário da Paraíba (SEDAP), além de órgãos de pesquisa como a EMEPA e ensino como a UEPB/NERA, esses últimos estão se aproximando do trabalho.
A reunião que teve início com balanço sobre a situação da batata agroecológica no território da Borborema no ano de 2013. “No ano passado em Areial fizemos reuniões de planejamento para o plantio mostrando alternativas de produção, livres de veneno e priorizando o uso dos defensivos naturais. Também foram feitas oficinas de biofertilizantes no sindicato e nas propriedades por uma necessidade de enriquecimento do solo. Além disso, o reflorestamento e a implementação de 30 esterqueiras no ano passado foi outro ponto importante”, destacou Zeneide Granjeiro presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Areial sobre a situação de seu município.
“No ano 1979 quando houve a inauguração do frigorífico de Esperança se dizia que para produzir batata com eficiência e com produtividade tinha que ser usado uma gama de venenos. E o agricultor para acessar o crédito rural tinha que utilizar os defensivos que já vinham determinados no projeto. Então na década de 80, esse foi o sistema adotado e com isso nós da Emater adquirimos uma história negativa. Mas houve um avanço e hoje encontramos o caminho certo, nós orientamos os agricultores que o bom é não usar o veneno de maneira alguma. É um trabalho que tem êxito e é gratificante o resgate da cultura da batatinha”, declarou Nelson assessor técnico da Emater de Areial
Na programação houve a apresentação sobre os resultados de monitoramento da produção de batata agroecológica no território do Polo da Borborema. Emanoel Dias, da AS-PTA, resgatou os encaminhamentos do plano de trabalho da Comissão para 2013. O trabalho aconteceu ancorado em três eixos: as atividades de formação, a experimentação e o monitoramento da produção. Em 2013, foram envolvidas 107 famílias de 54 comunidades nos municípios de Areial, Esperança, Lagoa de Roça, Lagoa Seca, Montadas e Massaranduba. Foram plantadas 1.033 caixas o que gerou uma produção de 212.716 toneladas de batata agroecológica nos sete municípios monitorados do Polo da Borborema. Toda essa produção movimentou aproximadamente R$ 270.875,00 nos diferentes circuitos de mercados (feiras agroecológicas, PAA, PNAE, feiras livres, venda na Empasa e outras). “Esse é outro avanço, agora nossa batata não precisa concorrer com as que vêm de outros estados, nós temos mercados locais que absorvem boa parte da produção”, diz Orlando agricultor-experimentador e presidente da EcoBorborema.
Na ocasião foi apresentada também uma pesquisa de campo, realizada ano passado em três propriedades, uma em Esperança e duas em Areial, sobre o uso do pó de rocha na região da Borborema. A respeito dos resultados desse trabalho, João Felinto pesquisador da EMEPA de Lagoa Seca afirmou: “a pesquisa desenvolvida pela Emepa e AS-PTA foi importante porque obtivemos resultados concretos no campo dos efeitos da utilização do pó de rocha na plantação de batata. E observamos que introduzindo 100g/cova de MB4, o que equivale a 2 toneladas de pó de rocha por hectare plantado, aumentou a produção da batata produzindo 7,9 t/ha de batatas, mostrando que essa é a quantidade adequada para as condições do solo da região estudada. Segundo Antônio Ferreira, técnico da Emater, “existem registros anteriores que a produção máxima de batata com adubos químicos foi de 9 t/ha. A Reunião da Comissão Territorial da Batata Agroecológica foi relevante porque conseguimos trabalhar com os agricultores os resultados da pesquisa e com isso eles já puderam sentir o efeito pó de rocha na produção se mostram interessados em implantar essa experiência na quantidade sugerida em suas propriedades.
Fernando Valadares, representante da SEDAP, fez uma apresentação da atual situação do frigorífico, “hoje a realidade é outra: vamos motivar o plantio da batata agroecológica, porque o frigorífico está em perfeitas condições de uso”. Em 2013, foram, investido R$ 36.000,00 na recuperação de motores, roldanas, torre de resfriamento, manutenção dos compressores e retelhamento da edificação. Essa reforma foi uma conquista dessa comissão, pois vocês fizeram uma pressão política e a solicitação foi atendida.
Como planejamento para as ações em 2014, foram encaminhadas: novamente a compra de pó de rocha para ser distribuída com os agricultores e as agricultoras; a elaboração do PAA para organizar a compra da batata e a doação ao banco de alimentos; a venda da batatinha nas feiras agroecológicas de todo o estado da PB; a realização de oficinas regionais e municipais sobre os defensivos naturais; produção de um panfleto que valorize a batata agroecológica para a sociedade; continuidade com o trabalho das unidades de beneficiamento do esterco e fortalecimento dessa comissão territorial.