O Assentamento Queimadas, no município de Remígio, no Agreste da Borborema, região de atuação do Polo da Borborema está recebendo, desde o último dia 14 de julho, a Oficina de Formação de Pedreiros do P1+2 (Programa Uma Terra e Duas Águas). No local estão aprendendo a construir uma cisterna do tipo calçadão, dez pessoas, sendo nove homens e uma mulher. O instrutor do curso é Severino Ramos dos Santos, agricultor e pedreiro, morador do assentamento vizinho, o Oziel Pereira. Ele conta que aprendeu o ofício de pedreiro nas formações oferecidas pelo Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) em 2005, e desse tempo para cá, já construiu mais de 20 cisternas de 16 mil litros e 16 cisternas de 52 mil litros, como a calçadão. Severino não esconde a satisfação em poder contribuir com a formação de outros pedreiros: “Estou aqui ajudando para que os meus companheiros também aprendam, pois eu penso que o conhecimento não deve ficar só pra mim, é muito bom repassar o que você aprende. Esse é um trabalho muito importante e precisa de muitos pedreiros, bem queria que toda família tivesse acesso a um benefício como o dessa cisterna”, afirma.
Segundo José Camelo da Rocha, Assessor Técnico do Núcleo de Recursos Hídricos da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e coordenador do P1+2, o objetivo da atividade é contribuir com a formação de pedreiros e ampliar a rede de pedreiros que atua na região: “Nossa intenção é que eles não atuem só como pedreiros, a ideia é que eles sejam, acima de tudo, formadores, capazes de compreender e informar sobre o programa para que possam inclusive, ajudar a formar novos pedreiros. Esses profissionais são muito requisitados e sempre se deslocam para realizar outros serviços na construção civil, por isso a necessidade de estar sempre formando novos pedreiros. Na Borborema a Rede de Pedreiros já conta com cerca de 100 pessoas e sempre estamos precisando de mais pessoas”.
Programação – O primeiro dia de oficina foi mais teórico, dedicado a explicar sobre o funcionamento do P1+2, as etapas da construção, os cuidados com a cisterna e a qualidade da construção e do material. Neste momento foi entregue ao grupo uma cartilha com o passo a passo da construção. A partir do segundo dia, os participantes já iniciaram a construção da cisterna na propriedade de Antônio Fernandes Pereira dos Santos, ou seu “Careca”, como é conhecido. O agricultor, que é viúvo, mora com uma filha e um genro no local e está muito satisfeito com a realização do curso no seu sítio: “Eu fiz questão de ceder o espaço para o curso aqui, porque eu acho muito importante esse trabalho. Além disso, o serviço sai mais rápido com muita gente e o pessoal aprende”, comenta. O agricultor já está cheio de planos para quando a sua cisterna começar a juntar água: “O meu plano é ter uma pequena criação de galinhas e ovelhas e também uma horta, para produzir tudo sem veneno”, explica.
Mulher pedreira – O ofício de pedreiro construtor de cisternas não atrai apenas homens. Maria das Dores Medeiros dos Santos, ou Lua, como é chamada, é a única mulher do grupo. Ela conta que o interesse por construção surgiu há cinco anos, quando construiu um alpendre na sua casa e tomou gosto: “Eu não achei difícil, não. Acho que o que um homem é capaz de fazer, a mulher também é. Tudo que a gente quer a gente pode fazer, basta querer, por isso eu vim aqui, aprender e quem sabe despertar nas outras mulheres a vontade de aprender também”. O instrutor do curso e os demais colegas pedreiros concordam em afirmar que Lua está se saindo muito bem no curso.
Em 2013 o Polo da Borborema realizou um curso só com mulheres, no município de Queimadas. Estiveram presentes 16 mulheres, incluindo a instrutora, também mulher, com larga experiência na construção desse tipo de reservatório.
Uma cisterna calçadão demora 15 dias para ficar pronta e custa em média 10 mil reais. Para realizar este serviço são necessários dois pedreiros, cada um recebe do programa R$ 1.200 reais como pagamento. O curso de formação de pedreiros em Remígio está previsto para terminar na próxima sexta-feira, 25 de julho.