Foi lançado na manhã da última quarta-feira, 08 de outubro, na sede do Banco Mãe de Sementes, no município de Lagoa Seca, região da Borborema na Paraíba, o Projeto “Rede de Agroecologia na Borborema”, coordenado pela AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia. A iniciativa é uma das três propostas selecionadas no Nordeste pelo Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica (Ecoforte). O lançamento contou com a participação de cerca de 300 pessoas entre agricultores, agricultoras, representantes do Polo da Borborema, da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), do Comitê Gestor do Ecoforte e autoridades políticas locais e nacional, entre elas o Ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA) Laudemir Muller, o Secretário Nacional de Economia Solidária (SENAES) Paul Singer, a Secretária Adjunta da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Lílian Rhal e o Ministro Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República em exercício Diogo de Sant’ana. Estiveram presentes ainda o prefeito de Lagoa Seca, Tadeu Sales de Luna e o presidente da Câmara de Vereadores, o vereador Nelson Anacleto, liderança sindical do Polo da Borborema.
O lançamento teve início com a fala de abertura de Roselita Vitor, da coordenação do Polo da Borborema, que ressaltou a importância do Ecoforte para o fortalecimento do trabalho que vem se desenvolvendo no território há mais de 20 anos. Marcelo Galassi, da coordenação da AS-PTA na Paraíba, apresentou o projeto a ser desenvolvido na Borborema. Em sua fala, explicou que o projeto proporcionará o aprofundamento do aumento de escala da produção agroecológica no território, fortalecendo iniciativas de convivência com o semiárido e o consequente aumento da produção de alimentos de qualidade. “A compra de matrizes de ovinos para estimular a criação de fundos rotativos solidários, a aquisição de barracas para a estruturação de feiras agroecológicas e a compra de motoensiladeiras para aumentar a quantidade de forragem armazenada estão entre os investimentos do projeto no território, que totalizam um montante de 1,2 milhão de reais, e beneficiarão indiretamente quatro mil famílias agricultoras da região”.
A secretária adjunta da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Lílian Rhal, ligada ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), destacou o papel das mulheres como responsáveis em grande medida pela garantia da segurança alimentar dos territórios. Ela lembrou ainda a conquista de uma meta importante da parceria entre governo e sociedade civil no Semiárido: “Fomos desafiados e finalmente alcançamos a meta de um milhão de cisternas, essa é uma conquista de todos vocês, o governo ajudou, mas foi a força de vocês que concretizou. Temos que olhar pra frente e dizer não que queremos mais um milhão de cisternas, e sim que a gente quer que nenhuma família fique sem sua cisterna”, disse se referindo aos programas Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Uma Terra e Duas Águas (P1+2).
Assinatura de convênio – após as falas das autoridades, houve a assinatura do convênio celebrado entre a Fundação Banco do Brasil e a AS-PTA. Assinaram o gerente da agência do Banco do Brasil do município de Esperança, Antônio Gilmar Freitas Diógenes e o coordenador da AS-PTA Marcelo Galassi. Como testemunha assinou o Ministro do MDA, Laudemir Muller. O gestor destacou os avanços das políticas públicas que, segundo ele, foram conquistas da sociedade organizada: “Foi dito aqui que o Semiárido hoje tem uma cara diferente, e eu digo mais, o Brasil hoje tem uma cara diferente, uma cara sem fome, pois 36 milhões de brasileiros saíram da miséria. Isso não veio de graça, aconteceu por conta da luta de vocês”, disse. O ministro reafirmou ainda a importância estratégica da agricultura familiar de base agroecológica: “Precisamos avançar no modelo de produção da agricultura familiar, que produz um alimento limpo, livre de veneno, isso é bom para a sociedade e gera renda para os agricultores. Não podemos apenas produzir, temos que nos organizar para vender também, o melhor modelo para o Brasil é a agroecologia”, finalizou o ministro.
Após a cerimônia, a comitiva de autoridades, formada por cerca de 20 pessoas, visitou a feira com a exposição de produtos e experiências da agricultura familiar de base agroecológica, montada no espaço exterior do Banco Mãe de Sementes, além do ambiente que demonstra um quintal produtivo. As autoridades puderam conhecer de perto as experiências e interagir com os agricultores e as agricultoras locais.
O projeto “Rede de Agroecologia na Borborema” está estruturado em torno de cinco eixos temáticos: os Bancos de Sementes Comunitários; Unidades Itinerantes de Beneficiamento de Forragem; Quintais Agroecológicos; Fundos de Repasse em Cadeia de Pequenos Ruminantes e Feiras Agroecológicas. Na região de atuação do Polo da Borborema, que inclui 14 municípios, o objetivo do projeto é contribuir para a recomposição da capacidade produtiva, da segurança alimentar e da geração de renda das famílias agricultoras do Agreste paraibano. O projeto incorpora um foco particular em relação a dois dos mais vulneráveis segmentos da agricultura familiar: mulheres e jovens.
O Ecoforte foi lançado este ano pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Fundação Banco do Brasil (FBB) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS), o Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A iniciativa integra o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Brasil Agroecológico).