Trata-se da Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias (Agroecologia) do Centro de Ciências Humanas Sociais e Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciências Agrárias (Agroecologia).
SERRANO, Julia Scaglioni. M.Sc.Universidade Federal da Paraíba, abril de 2014; MULHERES DA BORBOREMA CONSTRUINDO A AGROECOLOGIA E A IGUALDADE DE GÊNERO; Marcos Barros de Medeiros.
Esta pesquisa mostra a trajetória organizativa das mulheres no Polo da Borborema a partir da Agroecologia. Na sociedade patriarcal em que vivemos, existem relações desiguais e hierárquicas entre homens e mulheres, ficando a mulher em uma posição subordinada. No campo, essa opressão se expressa de muitas formas, como a desvalorização do trabalho da mulher na agricultura e o isolamento social desta. A Agroecologia, além de trazer uma nova base de produção que busca uma relação de respeito com a natureza e com as pessoas, propõe a organização comunitária e a valorização dos saberes camponeses para um novo modelo de desenvolvimento do campo e, assim, se faz necessário também construir relações de gênero igualitárias. O objetivo desta pesquisa foi investigar o processo histórico do movimento de mulheres camponesas no Polo da Borborema e sua relação com a Agroecologia, evidenciando de que forma tem contribuído para o enfrentamento das desigualdades de gênero no campo. A pesquisa aconteceu entre agosto de 2012 e julho de 2013 por meio da participação nos espaços organizativos das mulheres da Borborema e da realização de entrevistas com cinco agricultoras. As reflexões sobre a mulher do campo se iniciaram no Polo com base em atividades de discussão sobre a produção agroecológica, valorizando o trabalho das mulheres do campo e incentivando sua participação política. Apesar de enfrentarem diversos conflitos ao se introduzirem na militância, mudanças positivas têm ocorrido na vida dessas mulheres. Atualmente, possuem reconhecimento e valorização de sua identidade como agricultora, maior segurança em se colocar em espaços públicos, a liberdade conquistada, mudando inclusive a visão de ser mulher, o que antes era visto como um aspecto negativo. Notamos que as mulheres amadureceram seu debate e consolidaram sua ação, abordando desde a melhora na produção de alimentos até o combate à violência contra a mulher. Fortalecidas, percebem a necessidade de se articular com outros movimentos e expor suas reivindicações ao público. Assim, surge a Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, que em 2013 teve sua IV edição, em Solânea – PB. O processo preparatório da Marcha se constitui em um espaço de Educação Popular, no qual as camponesas planejam, aprendem e ensinam umas às outras, encorajando cada vez mais mulheres a romper o isolamento e enfrentar as diversas formas de violência que as oprimem. A história das mulheres da Borborema mostra como um modelo de desenvolvimento rural baseado na Agroecologia pode vir a fortalecer a luta das mulheres em busca da igualdade no campo.
Dissertação – Mulheres da Borborema – Júlia Scaglioni