“Antes da AS-PTA eu era uma agricultora invisível! Eu fico até emocionada em dizer isso, mas é verdade”, com essa frase, Dona Juliana Medeiros Diniz, paraibana que atualmente reside em Magé, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, arrancou sorrisos e olhos marejados de agricultores e técnicos da AS-PTA que visitavam a propriedade de Marinalva Belarmino, no assentamento Junco em Remígio-PB. Afim de conhecer a organização e como os trabalhos com comissões temáticas se desenvolvem na região do Polo da Borborema, técnicos e agricultores do programa de Agricultura Urbana, estiveram na Paraíba visitando experiências e compartilhando saberes.
Com 16 anos de existência, o programa de Agricultura Urbana da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, com sede no estado do Rio de Janeiro, estimula o aproveitamento de pequenos espaços em comunidades periurbanas e até dentro da cidade para o cultivo de alimentos, plantas medicinais e criações de animais, sob um enfoque agroecológico. Entre os dias 20 e 22 de maio, a comitiva que contou com 12 agricultores e 11 técnicos do programa, visitou propriedades nas cidades de Remígio, Queimadas e Massaranduba.
Na quinta-feira, segundo dia de visita, no assentamento Junco em Remígio, os visitantes tiveram a oportunidade de conhecer a experiência de Nalva e sua família. Visitando a propriedade, os técnicos e agricultores conheceram tecnologias sociais como a cisterna calçadão, os canteiros econômicos e o rico arredor de casa que Nalva cuida com muita dedicação. Também foi apresentado o trabalho da Comissão de Saúde e Alimentação e a organização das mulheres do Polo, em ações como a Marcha Pela Vida das Mulheres e Pela Agroecologia e o Comitê Ana Alice. Essas ações impressionaram os visitantes, não só pela organização, pelo o número de mulheres envolvidas, mas também e principalmente pelo empoderamento das mulheres agricultoras da região.
Ainda no mesmo dia, o grupo conheceu a experiência do jovem Alex da Silva Marques, na comunidade de Cachoeira de Pedra D’água em Massaranduba. Com apenas 17 anos, Alex já tem seus próprios animais, conquistados por meio do Fundo Rotativo Solidário voltado para os jovens da comunidade. Além disso, é coletor de sementes e com o kit recebido, agora também tem seu próprio viveiro. A união da família no trabalho e a organização da experiência da juventude, apresentada em meio a visita pela jovem Mônica Lourenço, moradora do Assentamento Caiana e secretária do Sindicado de Trabalhadores Rurais de Massaranduba, foram pontos importantes da visita.
Durante a excursão, os agricultores, agricultoras e técnicos ainda conheceram as experiências com o trabalho dos Bancos de Sementes Comunitários e as questões de acesso a mercados por meio da organização da Ecoborborema e da rede de feiras agroecológicas. Marcio Mattos, coordenador do programa, esteve na visita do programa a Paraíba e falou sobre a importância da troca de experiências e como entender os processos desenvolvidos na região servirão para ajudar nas dinâmicas do trabalho com o programa no Rio. “O objetivo principal dessa visita é ver como se organiza o trabalho aqui, não é um intercâmbio técnico, mas no sentido de entender essa organização e assim avançar na agroecologia”, completa o coordenador.
Lideranças dos municípios onde o Programa de Agricultura Urbana funciona, os agricultores levarão as experiências e vivências adquiridas no Polo para continuar e fortalecer o seu trabalho. O Programa atua ativamente no fomento e animação da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ), uma rede de organizações da sociedade civil e órgãos públicos voltada à promoção da agroecologia no estado e integra a Rede Aguila (Rede Latino-americana de Agricultura Urbana).