O Polo da Borborema realizou, nos dias 9 e 10 de julho, no Santuário Santa Fé de Padre Ibiapina, em Arara-PB, um Seminário sobre Ação Sindical. Com o objetivo de fortalecer a luta e a ação sindical no território, o evento contou com a participação de lideranças sindicais, agricultores e agricultoras e a juventude camponesa da região do Polo.
As atividades tiveram início com uma conversa sobre a atual conjuntura política do país. Divididos em grupos, guiados por perguntas orientadoras, os participantes explanaram sobre sua percepção sobre como a mídia hegemônica brasileira tem tratado assuntos como crise econômica, corrupção e governo. Alan Kilson, jovem agricultor do município de Remígio, atentou para o modo como consumimos o que a TV, por exemplo, nos mostra: “Nós não podemos acreditar em tudo que a mídia nos diz”, afirmou.
O momento seguinte, trouxe uma análise mais profunda, conduzida por Jonas Duarte, professor do Departamento de História da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Entender o processo histórico da política no país é chave para conseguir entender porque o país enfrenta essa atual conjuntura. A partir da comparação com governos anteriores, desde Jango (João Goulart) à FHC (Fernando Henrique Cardoso), o professor construiu um panorama no qual foi mais fácil identificar o que a atual oposição ao governo quer e qual a importância de momentos de formação como o que acontecia ali, durante o seminário. “Esse clima de construção de conhecimento, de interação, é o embrião da sociedade que queremos construir”, disse o professor.
Durante a tarde, por meio da facilitação do Grupo de Teatro Amador do Polo da Borborema, os agricultores e agricultoras puderam aprofundar o debate sobre o papel dos sindicatos rurais. Na forma de peça teatral, o grupo trouxe um modelo conservador de sindicato. Paulo Marcelo, presidente da CUT-PB, facilitou com que os participantes pudessem identificar características negativas no modelo apresentado, como a centralização de poder, o autoritarismo, a despolitização, o machismo, a desvalorização do conhecimento dos agricultores, além do distanciamento da base sindical e descomprometimento com a classe.
A partir daí o debate se fez de modo a tentar entender o porque de ainda existirem sindicatos nesses parâmetros e quais os prejuízos desse modelo. “Nosso papel como sindicalista é tentar mudar a atuação dos sindicatos. Ainda temos algumas características desse modelo sindical ultrapassado, mas através de formações e debates, estamos conseguindo mudar essa situação”, disse Nelson Ferreira, presidente do STR de Lagoa Seca.
Para contrapor o modelo apresentado durante o primeiro dia do seminário, o Grupo de Teatro do Polo apresentou um modelo sindical avançado. Na peça, a participação das mulheres, a descentralização de poder e uma maior transparência e comunicação com a sociedade, foram algumas das características que os participantes puderam identificar. A segunda apresentação serviu para complementar o diálogo anterior, agora identificando as características desse modelo sindical e comparando-o com as do modelo sindical ultrapassado, os agricultores e agricultoras puderam situar a atuação dos respectivos sindicatos de seus municípios e entender também o seu papel na construção e melhoramento desses STRs.
Ao final da manhã, os participantes fizeram um balanço sobre o encontro e elencaram os próximos passos a serem tomados. Entre as ações elencadas está a elaboração de material pedagógico para fortalecer e continuar esses momentos de formação. Além disso, foi reafirmada a importância da mobilização e participação maior da juventude nos sindicatos. E por fim, a realização de um segundo módulo de formação, para atingir mais agricultores e fortalecer ainda mais o movimento sindical dentro do Polo.
No último momento do Seminário, aconteceu a solenidade de lançamento do Projeto Ecoforte no território da Borborema. Contando com a participação de autoridades e lideranças, o projeto foi lançado em 2014 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Fundação Banco do Brasil (FBB) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Com atuação nos 14 municípios que compõem o Polo da Borborema, tem como objetivo contribuir para a recomposição da capacidade produtiva, da segurança alimentar e da geração de renda das famílias agricultoras do Agreste paraibano.