A comissão de juventude do Polo da Borborema se reuniu no último sábado (01) em Queimadas para um momento de formação sobre o tema da violência contra a mulher. A formação faz parte das atividades previstas para esse mês a fim de mobilizar a população para o julgamento de Leônio Barbosa de Arruda, assassino confesso da jovem agricultora militante do Polo, Ana Alice de Macêdo Valentin.
O encontro aconteceu na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Queimadas, e reuniu cerca de 30 jovens. Os participantes se questionaram em quais âmbitos a violência contra a mulher se manifesta em nosso cotidiano. Os jovens foram então convidados a refletir as várias manifestações do machismo, das mais evidentes às mais veladas. “No mercado de trabalho, por exemplo, vemos que homens recebem mais do que as mulheres, pra mim isso também é uma violência”, disse a jovem Emanuele, moradora do sítio Lutador em Queimadas. Aqui os jovens puderam expor opiniões e situações pelas quais passaram onde a violência, muitas vezes velada, manifesta-se em suas vidas.
Após esse momento, cartazes foram confeccionados a partir do que foi discutido e apresentado durante a manhã. Frases como “lugar de mulher é onde ela quiser” e “pelo fim da violência contra a mulher”, foram escritos e reproduzidos a fim de que esses materiais fossem espalhados pela cidade junto a outros lambes confeccionados para mobilizar a população da cidade. O julgamento do caso acontecerá no dia 18 de agosto na Câmara Municipal de Vereadores de Queimadas, a partir das 8h.
O caso – Ana Alice foi raptada quando voltava para casa depois da aula, sendo estuprada e violentamente assassinada pelo vaqueiro Leônio Barbosa de Arruda, à época com 21 anos. Seu corpo foi enterrado próximo a residência do assassino, na fazenda onde ele trabalhava, na zona rural do município de Caturité. A adolescente permaneceu desaparecida até que nas imediações de sua comunidade, uma nova mulher foi raptada e violentada, sendo encontrada apenas no dia seguinte. Ainda muito traumatizada, ela foi capaz de reconhecer o criminoso (e vizinho) e o denunciou à polícia com a ajuda do Comitê de Solidariedade Ana Alice. Graças ao empenho do Comitê e à coragem desta vítima, o assassino foi preso e confessou o crime contra sua vizinha e contra Ana Alice. Confessou inclusive que, no crime contra Ana Alice, não agiu sozinho, teve a ajuda de um cúmplice, à época, menor de idade.
Ana Alice e a outra mulher, não foram as únicas vítimas. No início de 2012, ao sair de um baile de carnaval, ele violentou uma jovem de Boqueirão. De posse de uma arma, obrigou que ela entrasse em seu carro e a estuprou. Um mês depois, após prestar depoimento do primeiro caso na delegacia desse município, tentou fazer nova vítima também em Boqueirão, agora uma adolescente de 14 anos que teve sorte diferente, quando um amigo a libertou da tentativa de estupro.