A AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia em parceria com o Polo da Borborema (uma rede de 14 sindicatos rurais da região da Borborema) está realizando, desde o mês de agosto de 2015, um conjunto de formações com sete turmas de professores e gestores escolares dos municípios de Esperança, Lagoa Seca, Remígio, Massaranduba, Algodão de Jandaíra, Montadas, Casserengue e Alagoa Grande. Os oito municípios estão recebendo o Projeto Cisternas nas Escolas, que viabiliza a construção de cisternas para captação de água de chuva em escolas rurais, na região executado pela AS-PTA, organização que integra a Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba).
O Cisternas nas Escolas é desenvolvido em parceria com as entidades da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), com recursos do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), no âmbito do Programa Água para Todos, do Governo Federal.
Além da construção de 83 cisternas de placas de 52 mil litros cada, com captação da água de chuva de telhado, distribuídas nos oito municípios, o Programa prevê um conjunto de formações com educadores e gestores escolares para a gestão dos recursos hídricos e para a inclusão do debate sobre a importância da água dentro da escola. Na Região da Borborema, as ações do Programa vieram se somar ao trabalho que a AS-PTA e seu Núcleo de Infância e Juventude em parceria com o Polo da Borborema, já vem fazendo, por meio do diálogo com a gestão pública no sentido de promover uma educação do meio rural contextualizada, que valorize a vida no campo.
As formações são sobre educação contextualizada e a convivência com o Semiárido, e envolvem professores e equipe pedagógica das escolas do campo de cada município e acontecem com a parceria das secretarias de educação e dos sindicatos rurais do Polo da Borborema. Cada turma tem cerca de 30 educadores e educadoras, envolvendo um total de 210 pessoas. O conteúdo é trabalhado de forma lúdica e com o uso do teatro em três módulos, o primeiro deles visita o surgimento da agricultura em diversas partes do mundo; o segundo explora a história da agricultura no território, quais as lutas, os tipos de agricultura praticados e suas características. Já o terceiro módulo pretende refletir de que forma os conteúdos trabalhados nos dois módulos anteriores podem ser levados para as salas de aula do campo e incorporados aos currículos escolares.
Segundo Manoel Roberval da Silva, da coordenação da AS-PTA, a essência da formação é promover uma reflexão sobre a educação do campo, suas especificidades e necessidades: “Existem os professores que moram na cidade e dão aula no campo e tem também as escolas da cidade que recebem os alunos do campo, então é importante que essas duas realidades, tão diferentes, sejam consideradas no momento de pensar o conteúdo das escolas, para que a realidade da cidade não desconstrua os conhecimentos adquiridos no meio rural”, disse.
Ao final do primeiro módulo da formação, cada participante leva a tarefa de trazer para apresentar no módulo seguinte, a maneira como cada escola onde trabalha olhou e refletiu, junto com toda a comunidade escolar, sobre a história e agricultura desenvolvida naquele espaço.
Nirley Lira, assessora técnica da AS-PTA, ressalta a importância da parceria com poder público na consolidação do projeto, sobretudo no que diz respeito à política de educação. “O sucesso desse projeto só se concretizará com a parceria do poder público local. Além de fortalecer a política de educação do município, conta-se com a cessão das máquinas para escavação dos buracos das cisternas, o fornecimento da água para construção, além da garantia da participação do corpo docente e demais funcionários da escola nos processos de formação”.
Para mais informações o Cisternas nas Escolas: http://asabrasil.org.br/acoes/cisternas-nas-escolas