Entre os dias 10 e 12 de dezembro, mais de 20 pessoas entre jovens lideranças, coordenação do Polo da Borborema e assessores técnicos da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia estiveram reunidos no Centro Marista de Eventos, em Lagoa Seca-PB, na construção de mais um passo do Diagnóstico da Juventude Rural.
Nesse encontro, os jovens puderam revisitar as principais hipóteses do estudo construídas coletivamente no encontro anterior para a realização de entrevistas e sistematizações nas comunidades. As hipóteses sobre a razão pela qual os jovens fazem a opção por ficar ou sair da agricultura foram reorganizadas em 6 dimensões: Terra; Participação; Educação; Cultura; Políticas Públicas e Violência no Campo. Em cada dimensão, pode-se debater e aprofundar como cada um dos aspectos interferia na vida particular de cada jovem, quais eram as diferenças para a vida de meninos e meninas, como se manifestavam na família, na comunidade e no território onde estão inseridos.
Após atualização da problemática da juventude do campo, o grupo construiu um roteiro de observação para realização de 6 entrevistas, em 6 municípios da região: Queimadas, Massaranduba, Areial, Esperança, Remígio e Lagoa Seca
No sábado, dia 12, pela manhã, os grupos socializaram as histórias visitadas e refletiram sobre os ensinamentos e desafios para o fortalecimento do trabalho com a juventude na Borborema. Ficou demonstrado que a questão da água e, sobretudo, da terra é estruturante para a região. Não há como tratar de continuidade dos jovens na agricultura, sem repensar a estrutura agrária da Borborema. Outro fator limitante eu apareceu foi a educação formal, em vários aspectos: professores no campo que não compreendem o modo de vida no meio rural; o material didático que desqualifica esse espaço e modo de vida; o fechamento das escolas do campo e as inúmeras violências que esses jovens passam ao chegarem na cidade, ainda muito jovens: preconceito de origem, linguístico, racial, étnico, gênero, etc. A forma como são tratados nesse momento da vida interfere na formação pessoal, na continuidade dos estudos e/ou na permanência na agricultura. Nesse processo, a família joga papel central na afirmação ou não da agricultura como um modo de vida digno para seus filhos.
De outra forma, o movimento que está sendo construído na região vem ajudando muitos jovens a superarem seus preconceitos e reconstruírem seus projetos de vida: as oportunidades de participação e de adquirirem novos conhecimentos; os espaços abertos nos sindicatos rurais; as campanhas de fortalecimento da vida na agricultura familiar, vêm revelando as múltiplas aptidões dos jovens, promovendo geração de renda e autonomia, e com certeza, vem construindo um caminho positivo de afirmação da identidade dessa juventude camponesa, que agora passa a levar, com mais consciência o sítio para cidade.
Há muitos desafios ainda, ora no campo pessoal, ora na educação formal, ora na cultura que ainda prende esses jovens e, sobretudo, as jovens em seus papéis socialmente construídos. Mas saber ler essas dificuldades para superá-las é o grande desafio desse projeto. Já está marcada para março, nova rodada de estudos. Serão realizadas novas entrevistas, novas reflexões. O diagnóstico sobre a Juventude Rural da Borborema conta com o apoio da entidade de cooperação internacional suíça Terra dos Homens.
Conheça a jovem Cilene:
Em poesia, a jovem Sabrina, de Massaranduba pode sintetizar os casos estudados. Confira:
“JOVENS NA CONSTRUÇÃO DO FUTURO”
E hoje é mais um dia de sistematização,
dia de alegria e de animação,
tudo começou animado
levando o senhor então…
Cada um ontem foi um jovem visitar,
voltou trazendo consigo a vontade de plantar
se emocionaram com jovens que
uma história linda tem a compartilhar.
Marcela me emocionou
vem lá do sitio covão,
trazendo consigo uma história linda de amor e dedicação.
Me identifiquei muito com ela
na história, no jeito de ser,
no seu orgulho de ser
que é no seu jeito de viver.
E muito difícil eu sei,
tem que ter muita determinação
lutar contra o preconceito
ter fé na religião
andar com a cabeça erguida
pedir ao santo proteção.
A gente às vezes não entende a discriminação
quando vai para cidade
acha tudo tão grandão
um mundo novo, mas o preconceito desmotiva então .
Delfino lá de Esperança
outro jovem dedicado
cria abelha, cria ovelha,
muito bem apresentado.
Sua vida na agricultura, muito bem organizou
tem a DAP, vai pra feira, tem o biodigestor.
Já Geane, de Remígio,
uma jovem dedicada
que trabalha, que estuda,
uma jovem assentada.
Muito guerreira, a sua própria timidez venceu
derrubou as barreiras que a vida lhe deu.
Os pais tem isso de não deixar seus filhos participarem
com medo deles voar e nunca mais voltar.
Outro jovem dedicado é Ademir
Garçom irmão de Erivan
que trabalha com amor,
jovem agricultor.
Ademir apaixonado por criação
cuida dos animais com todo coração.
Eles vivem em paz, na felicidade trabalhando
e trabalhando com responsabilidade
sabem a ligação do campo e da cidade.
Cilene de Massaranduba,
outro sonho agricultor de produzir,
cuidar da terra com amor,
trabalha pra viver por amar pra sobreviver.
Uma coisa forte na sua vida é a produção
de quando a seca apertar ainda ter milho e feijão.
Jovem dedicada gosta da sua criação
e ama a produção de jaca acerola e mamão.
Matheus de Queimadas gosta de criação
pois se identifica, ama também os animais de coração.
É um jovem que despertou na vida a paixão da agricultura
e de gostar e valorizar a sua cultura…
A parceria com o pai, essa linda união
o fundo rotativo, a vida em geração de amar
e cuidar do seu pedaço de chão.
Diversas raças, diversas cores, uma paixão um amor…
Preconceitos todos sofrem de ser quem é ou pela sua cor
matuto, sou e somos com orgulho e com amor.
Eu também sou jovem,
em cada história procuro um pouco de mim
os sonhos, a vida, o sorriso, o jasmim.
Por políticas públicas os jovens lutam
com determinação, com a camisa vermelha e a voz da união.
Todos jovens tem um sonho da igualdade
de viver em paz, campo jovem e cidade.
#SabrinaMaria