Na tarde desta terça-feira, 16 de fevereiro, integrantes da coordenação do Polo da Borborema e assessoras técnicas da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia que estão à frente da organização da VII Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia realizaram uma reunião com representantes de movimentos sociais na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa Seca-PB. A Marcha vai acontecer no dia 08 de março no município de Areial-PB e deverá reunir um público de 5 mil mulheres agricultoras.
O encontro, preparatório à Marcha, reuniu representantes de movimentos como a Secretaria de Mulheres, do Meio Ambiente e de Juventude da Central Única dos Trabalhadores da Paraíba (CUT-PB), a Marcha Mundial de Mulheres, a Câmara Setorial de Gênero do Núcleo de Extensão em Desenvolvimento Territorial (Nedet) da UFCG, o Instituto de Assessoria à Cidadania e ao Desenvolvimento Local Sustentável (IDS.), o Coletivo de Mulheres do Campo e da Cidade, o Instituto Penha e Margarida (Pema) e o Sindicato Rural de Alagoa Grande-PB que irão participar da Marcha. O objetivo foi socializar com os parceiros o processo de construção da Marcha e fazer uma apresentação sobre a metodologia de trabalho do Polo da Borborema no contexto onde a marcha está inserida.
Roselita Vitor, da coordenação do Polo da Borborema, apresentou os princípios da ação política e seu processo de formação junto às mulheres que deu origem a uma rede de quase 1.500 agricultoras-experimentadoras nos 14 municípios onde o Polo da Borborema, com a assessoria da AS-PTA, atua, entre eles, a valorização do conhecimento e do trabalho da mulher, o estímulo à experimentação por parte das mulheres, o rompimento do isolamento, a leitura compartilhada da realidade e a troca de experiências por meio das visitas de intercâmbio.“Para nós a Marcha acontece todos os dias, é essa ave-maria que acontece o ano inteiro. Mas não estamos sozinhas, estamos articuladas com as mulheres da ASA Paraíba (Articulação do Semiárido Paraibano), as mulheres da ANA (Articulação Nacional de Agroecologia), com o Coletivo de Mulheres do Campo e da Cidade, encampanando as lutas nacionais com outros movimentos, como a Marcha das Margaridas”, disse Roselita.
Segundo a liderança, para a construção de um território agroecológico, foi preciso que o Polo enfrentasse o debate sobre as desigualdades de gênero, este debate passou a não ser só das mulheres, mas dos homens também: “A gente sabe que o sindicalismo é um meio muito machista, nós fomos percebendo as desigualdades, o isolamento, a desvalorização e a falta de decisão de muitas mulheres, e vimos que para que a agroecologia se efetivasse, a gente precisaria ir pelo caminho da construção da igualdade das relações entre homens e mulheres”, disse.
Gizelda Beserra, também integrante da coordenação do Polo da Borborema, destacou o protagonismo das mulheres nessa construção: “Se a gente não disser o que a gente quer, homem nenhum vem dizer, não. Portanto esse trabalho quem puxa são as mulheres do Polo, os homens sindicalistas estão sensíveis à luta, mas quem assume a frente são as mulheres camponesas”. Zeneide Grangeiro, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Areial, que recebe a marcha, falou sobre o processo de preparação no município, que teve início já no final de 2015, por meio de 12 reuniões preparatórias municipais que estão acontecendo, reuniões envolvendo todas as comunidades de Areial, evento preparatório com a juventude do Polo da Borborema, diálogo com o poder público e outros atores locais.
Sávia Cássia Ribeiro, da Marcha Mundial das Mulheres, informou que o coletivo de movimentos sociais Frente Brasil Popular incluiu a Marcha no seu calendário de lutas e uma representação dos municípios do entorno de Campina Grande e da Capital, João Pessoa, virão se somar ao evento em Areial. “A despeito de todas as conquistas que tivemos nos últimos anos, vimos em 2015 a divulgação do mapa da violência com a Paraíba aparecendo como o terceiro estado onde é mais perigoso ser mulher. Por isso a gente gostaria de afirmar a importância dessa unidade em torno da luta pela fim da violência contra a mulher”, disse.
A reunião foi encerrada com alguns definições e encaminhamentos práticos sobre a participação dos movimentos e entidades na Marcha.