“Nós marchamos em Remígio, Queimadas, Esperança, Solânea, Massaranduba e em Lagoa Seca, será que ainda precisamos marchar?”, com esse questionamento iniciou-se na última sexta-feira (26) o Encontro da Coordenação Ampliada do Polo da Borborema em preparação a VII Marcha Pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, que acontece no dia 08 de março em Areial-PB.
Com objetivo de trazer reflexões sobre as desigualdades de gênero e qual o papel da superação desse quadro para o movimento sindical, o encontro aconteceu na sede do Polo da Borborema e reuniu diretores sindicais de 12, dos 14 municípios, as mulheres da Comissão de Saúde e Alimentação, além de assessores técnicos do Polo e AS-PTA.
Para suscitar o debate foi exibido o curta-metragem “Acorda, Raimundo… Acorda”, do diretor Alfredo Alves, que retrata opressões de gênero por meio da inversão de papéis entre homem e mulher. A partir do curta, os participantes levantaram questões referentes ao machismo e as formas de opressão que são vivenciadas todos os dias pelas mulheres. O debate destrinchou-se ainda em entender as características do machismo e como o movimento de mulheres é importante para a desconstrução e fortalecimento destas. “A Marcha encoraja a gente a lutar contra isso, nos faz entender que nós não estamos sozinhas”, avalia a agricultora de Massaranduba, Maria de Fátima Fernandes Barros, a Dona Fatinha.
Um segundo momento levantou questões de como o trabalho de mulheres se relaciona com a ação sindical desenvolvida no território da Borborema. A ampliação em políticas públicas referentes as mulheres agricultoras e a maior participação destas no próprio movimento sindical, e o entendimento de que fortalecer as mulheres é fortalecer as organizações são alguns dos avanços visíveis desse trabalho. Além disso, “o trabalho das mulheres vem mudando a cara dos sindicatos”, como disse Nelson Ferreira, membro da coordenação do Polo da Borborema, onde a participação e o surgimento de lideranças femininas é algo cada vez mais comum. Outro importante aspecto do trabalho é o combate a violência contra a mulher. As ações e esforços do Comitê Ana Alice, por exemplo, asseguraram que criminosos como o vaqueiro Leônio Barbosa de Arruda fosse condenado pelos seus crimes. Mas em 2015, muitos foram os casos de violência que foram tratados a partir dos sindicatos, que tem se tornado uma referência para as mulheres que são vítimas de violência institucional, ou mesmo, doméstica. Como encaminhamento, ficou para a Coordenação Executiva do polo pensar na organização de um departamento específico para tratamento da violência.
Por fim, de mãos dadas numa ciranda, homens e mulheres do Polo da Borborema firmaram mais um passo para a concretização da VII Marcha Pela Vida das Mulheres e Pela Agroecologia.