Aconteceu em Massaranduba na última quinta-feira(30), durante a I Feira Agroecológica e Cultural da Juventude Camponesa do Polo da Borborema, o lançamento da Campanha “Não planto transgênicos para não apagar a minha história!”. Idealizada pelos jovens com o apoio da Comissão de Sementes do Polo da Borborema e do Núcleo de Sementes da AS-PTA, a Campanha traz, em diversos formatos de materiais, informações sobre os riscos das sementes transgênicas e como evitar a contaminação, diante da ameaça da entrada dos transgênicos no território agroecológico do Polo.
Idealizada durante seminário com todos os Bancos de Sementes do Polo, a Campanha traz como slogan frase do agricultor José Alves de Luna, o Seu Zé Pequeno. Morador da comunidade São Tomé II, município de Alagoa Nova, Zé Pequeno é Guardião das Sementes da Paixão a mais de 50 anos. Como ele, muitos guardiões e guardiãs sentem a ameaça que os transgênicos trazem ao patrimônio genético e cultural que são suas Sementes da Paixão.
Segundo Emanoel Dias, assessor técnico da AS-PTA, a partir do projeto Sementes do Semiárido e o levantamento das Sementes Crioulas da região de atuação do Polo, foram encontradas algumas variedades de milho transgênico. A maior parte do material contaminado não vinha dos bancos de sementes, mas sim adquirido por meio da compra. “A semente do mercado é uma porta aberta para contaminar a Semente da Paixão”, afirma Emanoel.
Durante a Feira, testes de transgenia estavam sendo feitos numa barraca que exibia os materiais da campanha, além de produtos que contêm milho transgênico, afim de alertar a população sobre o que andam consumindo. Além disso estão previstos encontros municipais de formação encabeçados pela Comissão de Sementes do Polo e também a continuação de testes de transgenia.
Apesar do avanço dos transgênicos no território, as famílias agricultoras estão lutando para evitar a contaminação, assim como a juventude camponesa se mostra mobilizada nessa luta, preocupada com o seu futuro. Para a jovem agricultora Ana Joaquina, para além dos malefícios a saúde, o combate aos transgênicos é necessário para conservação da sua história. “Lutamos para proteger nossa semente da paixão para que nós possamos continuar passando essa semente de geração em geração, como nossos avós passaram para nós”, diz Aninha, que tem como Semente da Paixão o milho jabatão.
O combate aos transgênicos, assim como a luta por segurança alimentar, continuidade no campo e autonomia, também é uma das bandeiras de luta dessa juventude. Para além disso, a história de várias famílias agricultoras contidas em cada Semente da Paixão, é reconhecida e reafirmada pelos jovens que exibem com orgulho a representação da história de seus pais e avós e de seu próprio futuro.
A Campanha “Não Planto Transgênicos para não Apagar Minha História” é parte do Projeto Sementes do Saber, e tem apoio do Comitê Católico Contra a Fome a Favor do Desenvolvimento (CCFD) da França, e co-financiamento da União Europeia.