O encontro teve início com um debate acerca da atual situação dos Bancos de Sementes. Resistindo ao quarto ano seguido de seca, os agricultores fizeram um levantamento de como anda o plantio de variedades como milho e feijão, além de um balanço sobre os estoques de sementes presentes nos bancos. O que pode ser percebido nesse momento foi a reafirmação da importância dos bancos para a conservação de várias das sementes crioulas das famílias agricultoras, que apesar da escassez de chuva nos últimos anos, permanece plantando e colhendo Sementes da Paixão.
Após esse primeiro momento foi exibido o vídeo “Não Planto Transgênicos para Não Apagar a Minha História”, afim de gerar discussões quanto a campanha contra os transgênicos e a importância das Sementes da Paixão nessa batalha. O vídeo traz depoimentos de vários guardiões e guardiãs, falando sobre seu amor por suas sementes e suas estratégias para conservação das mesmas.
O momento abriu um debate sobre o que são os transgênicos, retirando dúvidas e entendendo melhor a ameaça que essas sementes podem trazer não só a saúde humana como a existência das Sementes da Paixão. Nas palavras da agricultora Adriana Batista, “os transgênicos querem tirar a todo custo nossas sementes da paixão, mas como guardiões nós não vamos deixar”.
Durante o momento foram apresentados ainda os materiais da campanha: os cartazes, banners e cordéis, instrumentos que facilitarão a elucidação das dúvidas e espalhar o conhecimento entre os agricultores. Para além disso, foi afirmado que o diálogo e a troca dessas informações entre os próprios agricultores é mais do que essencial para a conservação das sementes da paixão.
Outro momento do encontro foi a apresentação de um kit para auxiliar na venda das sementes pelos agricultores. Contendo bancada, seladora, balança, debulhador, embalagens plásticas e peneiras, auxiliando na seleção de melhores sementes. Organizados pela marca dos produtos da Agricultura Familiar do Território da Borborema, Produtos do Roçado, o material, distribuído entre alguns sindicatos, será socializado entre os agricultores com o objetivo de agregar valor as sementes na hora da comercialização.
Por fim, foram feitos testes de transgenia em algumas variedades de milho trazidas pelos agricultores. Maria do Carmo, mais conhecida como Dona Lia, se ajoelhou para agradecer quando sua variedade de milho Jaboatão não foi identificada como transgênica. Emocionada, a agricultora disse ter perdido algumas noites de sono preocupada com suas sementes, “nós conseguimos essa variedade com outro agricultor e queríamos saber se era transgênica ou não”.
A formação já aconteceu nas cidades de Solânea, Remígio, Alagoa Nova e Areial e nas próximas semanas serão marcadas algumas datas para continuação dos testes de transgenia, além de atividades da campanha. Co-financiado pela União Europeia, a campanha “Não Planto Sementes Transgênicas para não apagar minha história” é uma ação do Projeto Sementes do Saber.