Cerca de cem jovens indígenas, quilombolas, caiçaras, agricultores do campo e da cidade, das periferias e favelas, e educadores de diversas regiões do estado estiveram reunidos nesta terça, 1º de agosto, para discutir os caminhos do movimento agroecológico do Rio de Janeiro. A atividade aconteceu em Vargem Grande, zona oeste da capital, e serviu como preparatório o IV Encontro Estadual de Agroecologia, que será realizado entre os dias 26 e 29 de outubro, no Quilombo do Campinho, em Paraty.
O dia começou com um saboroso café da manhã agroecológico feito com produtos doados das feiras agroecológicas da região e das comunidades tradicionais do Sul do estado. Em seguida, houve uma rodada de apresentação dos jovens e um bate-papo sobre a organização do encontro estadual, que tem como tema central “Agroecologia cultivando territórios do bem viver” e contará com uma plenária das juventudes. Luciana Sales da Costa, de Magé, foi uma das organizadoras e também representou a Região Metropolitana.
“Demonstramos que a juventude está articulada, passando por cima das dificuldades para a realização deste encontro preparatório”, disse a jovem de 22 anos, que é filha de agricultores e está terminando a Licenciatura em Educação no Campo. Para ela, a preparação agora vai se intensificar. “Temos que amadurecer junto com estes jovens, não deixar a chama apagar, e levar para Paraty a força da juventude para a plenária que a gente conquistou”, completou.
A atividade contou ainda com representantes da Costa Verde e da Região Norte do estado. Os jovens de municípios mais distantes chegaram no dia anterior e foram recebidos no Quilombo Cafundá-Astrogilda, na casa do agricultor Francisco e da agricultora Angélica, no maciço da Pedra Branca, em uma vivência com a comunidade local. Foi o caso de Kuaray Mirim, de 20 anos, que veio da aldeia Yykã Porã, no município de Ubatuba, vizinho de Paraty.
“O dia foi muito produtivo, aprendemos várias coisas com pessoas que não conhecíamos. Jovens que estão fazendo seus plantios para venda e para o consumo”, disse o indígena guarani, que agora espera levar a experiência para a sua aldeia, que está iniciando uma agrofloresta.
Durante o dia, os jovens se dividiram e debateram a situação atual de suas comunidades. Opinaram também sobre os rumos da articulação de agroecologia e as demandas da juventude. Depois do almoço, as informações foram socializadas e alguns apontamentos feitos visando o encontro estadual em outubro. Daniele Elias Santos, que é do Quilombo do Campinho, estava satisfeita com a troca que ocorreu em Vargem Grande.
“A recepção aqui foi muito boa e acolhedora, com muito aconchego e carinho. É o que a gente sempre sente quando está nos territórios tradicionais e de agricultura familiar”. disse ela, que ainda compõe o Fórum de Comunidades Tradicionais Angra-Paraty-Ubatuba. “A gente se sentiu como se estivesse na nossa própria casa. É a nossa própria casa”, finalizou.
Texto e Fotos: Renato Cosentino – AARJ