A comunidade do Burrinho, em São Mateus do Sul, no Paraná, é conhecida por trabalhar a erva mate de forma agroecológica. Mais recentemente, as famílias vêm organizando seus sistemas de produção de forma a ampliar o acesso aos mercados locais. E foi assim que, dando continuidade ao processo de formação sobre o papel das sementes crioulas e o manejo ecológico dos solos, um grupo de 16 agricultoras e agricultores da comunidade, participou no dia 08 de junho de um Dia de Campo.
A atividade teve início na propriedade de dona Rose e seu Eloi com a avaliação de um campo de sementes crioulas de milho implementado no ciclo agrícola de 2017-2018, onde foram testadas 4 variedades: milho Caiano, Carioca, Amarelão,e Nutricional. Com o exercício coletivo, avaliou-se as sementes quanto a adaptação às condições ambientais, ao manejo local, a sua produção e a rentabilidade. Além disso, debateu-se as técnicas de garantia da boa seleção e armazenamento das sementes crioulas e também as formas de se evitar a contaminação por transgênicos.
A segunda parte do dia de campo foi dedicada à instalação de um campo experimental também participativo para análises de adubos verdade de inverno nas terras de dona Dozia e seu Zeno. Foram plantados campos de ervilhaca, centeio, aveia e um coquetel com as 3 espécies. Além disso, está sendo testado também o uso do pó de rocha basalto, um reminerizador local. Pretende-se que nesses campos possam se trabalhar com os agricultores as funções ecológicas do adubo verde, como a ciclagem de nutrientes, papel da matéria orgânica, agregação do solo nas camadas mais subsuperficiais do solo, proteção contra erosão, evapotranspiração e dos microrganismos fixadores de nitrogênio (caso da ervilhaca) e mobilizadores de nutrientes. Por fim, esses campos serão áreas de multiplicação e produção de sementes para a própria comunidade. Espera-se que os aprendizados coletivos possam gerar mais autonomia e soberania as famílias agricultoras.