O lançamento oficial do projeto, realizado com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, ocorreu pela plataforma zoom e reuniu quilombolas do Maciço da Pedra Branca, famílias agricultoras urbanas, gestores e pesquisadores de instituições locais
Foram muitas idas e vindas ao Maciço da Pedra Branca para construir coletivamente o projeto. Reuniões no Quilombo de Dona Bilina, caminhadas no Quilombo Cafundá Astrogilda, visitas ao Sítio arqueológico do Quilombo do Camorim, reuniões às segundas-feiras na Agroprata, e tantas prosas no Bar Tô na Boa, da Gisele de Vargem Grande. O motivo de tantos encontros? Idealizar um plano de trabalho que conseguisse expressar as demandas locais, e ao mesmo tempo, fortalecer as ações territoriais já existentes nas comunidades participantes.
Marcio Mattos, coordenador do Programa de Agricultura Urbana da AS-PTA, relembrou que, desde o início, o processo de construção coletiva teve como desafio “colocar as ações para fortalecer a agricultura urbana e os processos de organização protagonizados pelos moradores que já ocorrem, há muito tempo, nos territórios quilombolas”.
Responsáveis por preservar o ecossistema de floresta por meio de práticas tradicionais de conhecimento e manejo do solo, agricultoras e agricultores urbanos dos Quilombos do Camorim, Quilombo Dona Bilina e Quilombo Cafundá Astrogilda são os participantes prioritários da ação. A eles, somam-se agricultores(as) de 8 feiras ligadas à Rede Carioca de Agricultura Urbana, que participarão de atividades e formações, ao longo dos próximos 2 anos. São cerca de 400 pessoas atuando diretamente, e cerca de 3000 participantes eventuais.
Mulheres e crianças serão envolvidas nas atividades, que buscarão fortalecer ainda mais as experiências produtivas e a geração de renda das famílias agricultoras urbanas e quilombolas da região.
Ingrid Pena, coordenadora geral do projeto, destaca que, para que tudo isso ocorra, é necessário reforçar os vínculos e as metodologias de participação e educação popular. “Para essa conexão acontecer é necessário o reconhecimento do diálogo e das estratégias de participação comunitária. Nosso projeto pressupõe a atuação direta dos públicos envolvidos, como a participação de agentes comunitários moradores dos territórios quilombolas. Estamos à disposição para conversar, tirar dúvidas e acolher sugestões para que a gente caminhe, ao longo desses 2 anos, da melhor forma possível” destacou Ingrid.
Para isso, a gestão ocorre de maneira descentralizada por meio da integração dos parceiros em comissões e coletivos, que, articulados em rede, realizarão um conjunto de ações vinculadas a três eixos de trabalho: sociocultural, ambiental e econômico.
A implantação de um laboratório didático vivo, a realização de cartografia social participativa, a implantação e suporte técnico de 30 unidades agroflorestais e hortas comunitárias, apoio à organização do acervo histórico-cultural para a constituição de um ecomuseu, apoio no desenvolvimento do turismo de base comunitária, e estruturação de uma linha de produtos da sociobiodiversidade são algumas das principais ações do projeto.
Além da promoção do desenvolvimento territorial, essas ações são base para estratégias de conservação, uso e manejo sustentável dos recursos naturais da floresta do Parque Estadual da Pedra Branca e suas áreas de amortecimento, a partir de uma perspectiva que valoriza os saberes tradicionais locais associados à biodiversidade.
Sandro da Silva Santos, do Quilombo Cafundá Astrogilda, reafirmou sua participação no projeto Sertão Carioca e reforçou que, em 2021, tem muito trabalho para ser feito. Ele nos lembrou que é preciso considerar a diversidade existente no território de atuação, fato que impõe desafios que precisarão ser superados. “Vamos atuar em um lugar que é como uma colcha de retalhos de várias realidades. Mas, vai dar para fazermos um trabalho bem legal”, comentou a liderança comunitária.
Projeto Sertão Carioca: Conectando Cidade e Floresta
O Projeto Sertão Carioca: Conectando Cidade e Floresta é realizado pelo Programa de Agricultura Urbana da AS-PTA e tem o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Está sendo executado em colaboração com uma rede de parceiros: organizações da agricultura familiar, grupos de mulheres e jovens, instituições universitárias e de pesquisa, além de organismos públicos vinculados a dinâmicas de desenvolvimento local.