No dia 21 de dezembro de 2020, cerca de 60 pessoas se reuniram para refletir sobre o ano que passou e projetar sonhos para o novo ano que chega. Como não poderia ser diferente, o foco central do encontro foi o destaque das experiências de resistência e solidariedade construídas neste cenário de pandemia.
Pela primeira vez, em mais de 20 anos, o tradicional encontro de final de ano do Programa de Agricultura Urbana da AS-PTA e parceiros no Rio de Janeiro aconteceu de forma remota. Mas isso não foi impeditivo para que os participantes trouxessem seus sorrisos e para que pudéssemos sentir o calor do abraço.
Além da equipe da AS-PTA, também participaram representantes da Embrapa, da Fiocruz, da Petrobras, do Verdejar, Mulheres de Pedra, do Centro de Integração da Serra da Misericórdia, da Fundação Angélica Goulart e, é claro, agricultoras e agricultores que produzem comida de verdade em diferentes localidades da cidade.
Na roda de conversa, dialogamos e refletimos acerca da importância fundamental da articulação e da formação de redes da agricultura urbana para o enfrentamento das consequências da crise da pandemia, entre elas o aumento da fome.
Sobre essa iniciativa, Evelyn, do Arranjo Local da Penha, retomou a experiência da distribuição das cestas agroecológicas solidárias que foi desenvolvida como estratégia no início da pandemia e que se consolidou durante todo o ano de 2020. Para a liderança territorial, a articulação: “possibilitou que a gente conhecesse pessoas do território que ainda não conhecia, ampliou as redes de troca. Foi uma mobilização social muito importante que surgiu em torno do alimento”.
Ainda sobre essa ação, Lucas, da organização comunitária Verdejar Socioambiental, destacou que o trabalho foi uma vitória, pois permitiu levar comida de verdade para as famílias que estavam em situação de insegurança alimentar. “Eu sempre quis que as pessoas da comunidade conhecessem os alimentos agroecológicos. Com essa ação, a gente abrangeu diversas partes do Rio de Janeiro. Levamos alimento nesses tempos difíceis.” afirmou o jovem que também compõe o Coletivo de Juventude da Rede Carioca de Agricultura Urbana.
Outro desafio enfrentado pelos produtores durante a pandemia foi a extinção do Conselho Gestor do Circuito Carioca de Feiras Orgânicas e a anulação do seu regimento interno. Bernardete, integrante da Rede Carioca de Agricultura Urbana, conta que “em um contexto de crise, quando as feiras são suspensas, ficamos em um impasse, sem saber qual seria a forma de sobrevivência. Mas, conseguimos nos organizar e tornamos nossa reação uma ação.”
A ação foi criar uma nova modalidade de mercado reafirmando estratégias de comercialização e conquistando novos espaços. “O que fizemos surpreendeu os gestores, foi criada uma coesão de maneira muito espontânea freando o processo de avanço do conservadorismo. Também demonstrou que os espaços de venda direta são um importante espaço de encontro.” concluiu Cristina, da ABIO
Ainda durante o encontro, foi feito o lançamento do Projeto Sertão Carioca: Conectando Cidade e Floresta , patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Para finalizar o encontro, nada melhor que uma boa prosa, falando sobre os alimentos que abasteceram nossas mesas na época de pandemia.
Para isso realizamos a dinâmica da partilha dos Produtos da Gente, e cada participante mostrou sua cesta que continha Café, Arroz, feijão, e um delicioso pote de doce de leite! Todos da Feira Cicero Guedes, da Reforma Agrária, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).