No território da Borborema, a previsão é de colheita de cerca de 20 toneladas de algodão. Em Esperança, um dos municípios que faz parte da região, o casal José Carlos de Assis e Maria das Graças de Assis plantaram dois hectares de algodão em consórcio com o feijão e eles têm a expectativa de colher, no mínimo, uma tonelada.
E olhe que, por causa das fortes chuvas do inverno desse ano, a folha do feijão apodreceu e criou um inseto, o percevejo de renda, que passou para a folha de algodão. Mas tudo foi controlado sem um pingo de veneno.
Com assessoria técnica da AS-PTA, que tem uma parceria com a Universidade Estadual da Paraíba, Seu Zé Carlos testou vários óleos e biofertilizantes para fazer o controle do inseto. “Todos serviram, mas o que achei melhor foi a solução de vinagre e detergente. Passava num dia e, no outro, o algodão estava bem limpinho”, assegura.
Já na propriedade de Inácio Torres da Silva, conhecido como Seu Caboclo, também em Esperança, o plantio do algodão foi junto ao milho numa área de três tarefas que corresponde a ¾ de um hectare. “Eu fiz assim: uma carreira de milho e quatro de algodão, porque uma planta pode favorecer a outra”, explica.
“Depois de velho, é a primeira vez que planto [algodão]”, conta ele calculando que a safra deve lhe render uns 200 quilos de ramas. “Antigamente, o algodão era uma ‘bença’. Todo ano, o cara tirava o algodão pra vender e, com o que apurava, comprava a roupa de Natal. Quem plantava o algodão, não tinha medo de pegar dinheiro emprestado. O milho e feijão era dinheiro pouco comparado com o algodão”, destaca ele.
Essa semana, as famílias que plantaram algodão começaram a receber os sacos em tecido para guardar as ramas colhidas. Todo ano, eles são confeccionados para acondicionar a colheita porque os sintéticos soltam fibras que se misturam às plumas e não são removidas com facilidade, podendo interferir na qualidade do material vendido.
“É uma bença receber a visita de vocês porque é mais uma afirmação de que o projeto está de pé”, comenta seu Caboclo. O projeto ao qual se refere é do processo de venda de toda a sua produção que será destinada à empresa Veja/Vert. “Todo mundo que passava por aqui e via o algodão colhido me perguntava a quem eu ia vender. E eu dizia: tem um projeto”.
Com a visita de Edson Silva, técnico da AS-PTA, e de Marizelda Salviano, do Sindicato de Esperança, Seu Caboclo foi informado dos prazos de recolhimento da safra. A primeira leva no dia 24 de outubro e, a segunda, em novembro. Tudo vai ser levado para o sindicato de Esperança para pesagem e envio ao assentamento Margarida Maria Alves, no município de Juarez Távora, a quase 70 km de Esperança.
No assentamento, o algodão será beneficiado, ou seja, as plumas separadas das sementes. “No ano passado, as quatro toneladas colhidas foram beneficiadas na Embrapa. Esse ano, como estimamos uma safra bem maior no território, vamos levar para Juarez Távora porque lá tem uma capacidade maior para esse processamento”, explica Edson.