Orientado pelo enfoque agroecológico, o Lume – análise econômico-ecológica de agroecossistemas é um método desenvolvido pela AS-PTA que oferece um olhar crítico para monitorar, avaliar, comparar, apoiar e fortalecer as transformações nos sistemas alimentares.
A formação, que faz parte do planejamento e desenvolvimento do projeto ARÁ, contou com a participação de diversas organizações parceiras de diferentes territórios, como: Fiocruz Mata Atlântica (FMA), Pequenos Agricultores (MPA), Rede Bonfim + Verde, Associação de Agricultores Biológicos do Estado Rio Janeiro (ABIO), Sistema Único de Saúde (SUS), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro (ITERJ).
Com a proposta de aplicar o método durante o desenvolvimento do Projeto ARA, a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da FIOCRUZ convidou a AS-PTA para fazer um processo de formação com as equipes.
O local da imersão foi especialmente escolhido na comunidade Alto Bonfim, no Hostel AUÁ que faz fronteira com o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso), importante reserva de flora e fauna de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro!
Nos dias 07, 08, 09 e 10 de fevereiro de 2023 aconteceu de forma presencial o primeiro módulo da formação. Iniciamos o primeiro dia com uma exposição sobre os fundamentos da análise econômico-ecológica de agroecossistemas. Paulo Petersen, coordenador executivo da AS-PTA e um dos idealizadores do método, fez uma provocação sobre a importância de se conectar questões ecológicas com o combate à pobreza. Pôs luz sobre as agriculturas onde foi possível avaliar os espaços produtivos para além dos mercados – O que ali está invisível? A economia convencional não considera a diversidade dos quintais. Reciprocidade, solidariedade e troca são fatores econômicos que não necessariamente surtem valores monetários mas que são essenciais para uma boa dinâmica de fluxo e autonomia.
No segundo dia, ouvimos o pesquisador André Luiz Corrêa contextualizar sobre o cenário da agricultura familiar da região do Bonfim, comunidade rural de Petrópolis. Em seguida, foram repassados o passo-a-passo que auxiliam e orientam a visita à campo e foram debatidos sobre os instrumentos de aplicação do método
O terceiro dia foi marcado pela ida ao campo. Os participantes foram em quatro grupos visitar os agroecossistemas na região do Brejal e Bonfim. Na parte da tarde, ao apresentar o croqui com divisão de trabalho por gênero, foi possivel se ter uma perspectiva da economia feminista – que visibiliza o trabalho doméstico e de cuidados realizado pelas mulheres, que muitas vezes não é considerado e remunerado, mas é fundamental para as famílias, comunidades e sociedade como um todo.
No quarto e último dia, compartilhamos as experiências de cada grupo e de que forma o método traz uma percepção acerca da produção e dos aspectos sociais que permeiam as relações de produção e comercialização dessas famílias, bem como a relação com a comunidade e com espaços de organização coletiva. Dialogamos a partir da realidade de cada agroecossistema visitado e falamos sobre as semelhanças e diferenças, analisando a divisão social e geracional do trabalho.
Equipe ASPTA,
Equipe Fórum Itaboraí/Fiocruz e
Equipe Agenda Saúde e Agroecologia/Fiocruz