O Sindicato Continua de Portas Abertas é uma campanha lançada pelo Polo da Borborema no raiar de 2024. O termo “continua” reafirma o posicionamento do Polo desde a pandemia, em 2020, quando foi lançada a primeira fase da campanha “Sindicato de Portas Abertas” para fazer frente à cruzada do governo federal da época que minava a identificação dos trabalhadores e trabalhadoras com o sindicalismo, buscando esvaziar as organizações de representação de classe.
A reedição da campanha, neste momento, acontece como resposta à força que ainda segue viva. As lideranças do Polo da Borborema veem relatando os muitos efeitos das políticas desestruturantes da gestão anterior, as mudanças das políticas trabalhistas e as dificuldades geradas no reconhecimento da importância do sindicato junto aos trabalhadores e trabalhadoras, por efeito da longa campanha de desvalorização e desacreditação vivida nos últimos tempos.
A expressão “continua de portas abertas” da campanha do Polo demonstra o compromisso dessas entidades com sua categoria. Durante a pandemia, os sindicatos mantiveram e incrementaram suas atividades, seja na garantia do acesso aos direitos previdenciários, na emissão de documentação comprobatória como a Declaração de Aptidão ao Pronaf – DAP ou o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar – CAF, seja nas atividades de fortalecimento da agricultura familiar de base agroecológica e na construção de políticas públicas para o setor.
“Apesar de todas as ameaças que sofremos, nunca fechamos as nossas portas. Sempre mantivemos o sindicato de pé”, comenta Zeneide Balbino, presidenta do Sindicato de Areial.
“Os sindicatos mostram as portas abertas para o conhecimento e valorização da vida dos agricultores e agricultoras”, ressalta Marizelda Salviano, vice-presidenta do Sindicato de Esperança.
O termo “portas abertas” também comunica um sentido mais amplo, não material. “Significa dizer que o papel dos sindicatos é ter abertura política para trazer os agricultores e agricultoras. Simboliza uma abertura política para as bases, como grupos de mulheres, de jovens”, destaca Nelson Ferreira, da presidência do Sindicato de Lagoa Seca.
“Significa que os sindicatos estão preparados para enfrentar a luta do dia a dia. A gente bate de frente com um sistema perverso, enfrentado pelos líderes antigos. Margarida pagou com a própria vida. E não pensem que isso acabou. Essa força está muito viva”, assegura Antônio Cadete, do Sindicato de Solânea.
“O Sindicato não é a sede, o prédio que tá lá. Somos nós, sindicalistas, que temos que estar de portas abertas e ouvidos atentos. Só se atende, escutando”, frisa Joaquim Santana, da diretoria do Sindicato de Montadas.
O jovem Edson Johnny, da diretoria do sindicato de Esperança, reforça a fala de seu Joaquim: “Primeiro, temos que trabalhar essa campanha em nós. Somos representantes de agricultores e construímos com eles a forma de nos organizarmos enquanto classe. Pra isso, precisamos ouvir os jovens, as crianças. Quando falamos de sucessão rural, olhamos para os jovens de qualquer jeito? Quando vamos para as comunidades construir caminhos de fortalecimento comunitário, ganhamos muito mais.”
“Para as mulheres, significa trazer para o sindicato as denúncias das violências que sofrem para que sejam escutadas, acolhidas e ter o encaminhamento necessário”, sustenta Maria do Céu Silva, da diretoria do Sindicato de Solânea. E complementa: “Somos uma força enorme que só existe se cada diretor e diretora tiver consciência do seu papel para defender os direitos e correr atrás de políticas públicas.”
Sindicato de Portas Abertas também significa a defesa do território agroecológico contra qualquer empreendimento que resulte na expulsão das famílias do campo, como o que acontece quando as usinas eólicas e solares chegam nas comunidades rurais.
“Quando a gente vê faísca, vai lá e apaga. Isso faz parte da campanha Sindicato de Portas Abertas”, exemplifica Gizelda Beserra, da diretoria do Sindicato de Remígio, referindo-se à campanha que o Polo está realizando de informar às famílias os danos e impactos negativos causados pela instalação dessas indústrias nos quintais das casas.
Materiais – Para dar materialidade à campanha, foi elaborada uma série de materiais que são para uso dos sindicatos, como canecas e copos, quanto para distribuição junto às famílias associadas, como chaveiros, bonés, camisas, calendários e agendas 2024. Os materiais foram produzidos de forma a pactuar com as agricultoras e agricultores o sentimento de pertencimento a uma classe e ao seu espaço de organização.