O encontro Saúde integral nas favelas: uma agenda prioritária ocorreu hoje (18/10) no centro da cidade do Rio de Janeiro e reuniu organizações da sociedade civil, coordenadores dos projetos, pesquisadores, ativistas sociais e parlamentares. A pauta em debate foi a ampliação dos recursos destinados à saúde nas favelas do estado, com medidas para melhorar as condições de vida das populações que habitam essas áreas da cidade.
Atualmente, o Plano Integrado de Saúde nas Favelas conta com 146 projetos, que estão sendo realizados em 175 comunidades, distribuídas em 33 municípios do Rio de Janeiro. Com a ampliação dos recursos, seria possível apoiar mais 300 projetos.
“A grande virtude desse Plano é que a Fiocruz, em parceria com um conjunto de universidades, apostou nas organizações que já estão nas favelas, criando soluções, de modo a fortalecê-las ainda mais, articulando uma produção saudável, agroecológica, com o consumo, com as pessoas dentro das comunidades e das favelas. O projeto Bem-viver, realizado no ano passado pela AS-PTA, distribuiu mais de 1 tonelada de alimentos agroecológicos, além de promover ações de fortalecimento de horta, de construção de cisternas e uma série de outras iniciativas. E tudo isso só foi possível por conta desse Plano Integrado, realizado pela Fiocruz e universidades, que tem essa concepção de valorizar as organizações que estão trabalhando nas comunidades”, afirma Marcio Mendonça, coordenador do programa de agricultura urbana da AS-PTA.
Há previsão orçamentária de liberação de R$ 25 milhões para serem investidos no Plano. Porém há risco de que o governo do estado não efetue esse repasse, repetindo o que ocorreu em 2023. Esse recurso adicional ampliaria a possibilidade de realizar ações mais robustas nas favelas, expandindo ações que priorizem saúde mental, fortalecendo as comunidades. Algumas das ações previstas pela ampliação são produzir diagnósticos locais das condições de saúde para subsidiar políticas públicas e fomentar redes de solidariedade para o enfrentamento da insegurança alimentar, promovendo a agroecologia e a justiça socioambiental.
Agroecologia nas Favelas: Redes Locais Promovendo Saúde
O projeto Agroecologia nas Favelas, que está sendo realizado pela AS-PTA no âmbito do Plano, tem como objetivo contribuir para a construção de uma agenda propositiva voltada às práticas agroecológicas, com destaque para a promoção do papel fundamental da agroecologia para a saúde integral nas comunidades cariocas. Essas práticas vão além da produção de alimentos saudáveis, buscando enfrentar os problemas estruturais das favelas como a insegurança alimentar e os desertos alimentares, que resultam no alto consumo de alimentos ultraprocessados. O projeto visa ainda fortalecer redes locais e experiências locais comunitárias, promovendo a produção, distribuição e consumo de alimentos saudáveis, frescos e diversificados.