O encontro abordou o fortalecimento da economia praticada pelas mulheres no campo e na cidade, sempre conectando as práticas agroecológicas à memória e ao cuidado coletivo.
Durante o IV Encontro de Experiências de Agricultura e Saúde na Cidade IV Encontro de Experiências de Agricultura e Saúde na Cidade mobiliza o debate em torno da agricultura urbana – AS-PTA , realizado em setembro de 2024, aconteceu a roda de conversa “Economia e Mulheres na Agricultura Urbana”, reunindo experiências que abordam a importância ecológica e econômica dos quintais das mulheres, e das suas lutas por autonomia e emancipação econômica e política na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Maria Aparecida, agricultora urbana, e Mariana Portilho, da AS-PTA, compartilharam sobre o quintal produtivo da Maria e a aplicação do método Lume. Nascida na Paraíba, mãe de três filhos e moradora de Pedra de Guaratiba há mais de 20 anos, Maria relatou que, por meio da Pastoral da Criança, conheceu a Horta Comunitária da Brisa, iniciativa dedicada a enfrentar a desnutrição infantil que afetava o território. Com seu trabalho e apoios como o da AS-PTA, fez do seu quintal de 200 metros quadrados um espaço de cura e saberes, no qual o cultivo de plantas medicinais, frutas e temperos e a produção de sabão artesanal, xaropes e repelentes à base de ervas promovem a saúde coletiva e contribuem para a economia familiar.
Em seguida, Dona Juju e Renata Souto, integrantes do Grupo de Trabalho de Mulheres da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (GT Mulheres AARJ), apresentaram as cadernetas agroecológicas, que fazem parte de uma abordagem metodológica das mulheres do movimento agroecológico para reivindicar o desenvolvimento de políticas públicas que apoiem o trabalho realizado pelas mulheres nos quintais e as diferentes formas de produzir alimentos saudáveis no campo e na cidade. Elas também enfatizaram o papel das mulheres como protagonistas no processo produtivo e no enfrentamento das disputas nos territórios, geradas por políticas públicas insuficientes ou inadequadas, violências de vários tipos e especulação imobiliária.
Vanessa Negreiros, agricultora urbana de Duque de Caxias, e Terezinha Pimenta, da Capina, trouxeram reflexões sobre a importância do registro do fluxo dos materiais, insumos e equipamentos (passo a passo) presentes na atividade produtiva e da gestão do trabalho para o fortalecimento da economia dos setores populares. Vanessa, que foi a única neta entre 24 a aprender a trabalhar com a terra, mantém um lindo quintal com grande diversidade de plantas, com destaque para as ornamentais que, para ela, também são fonte de renda. A agricultora compartilhou como as redes sociais têm sido uma ferramenta poderosa para divulgação de seu trabalho de ornamentação, da sua produção de sabão ecológico e para conectá-la a educadores da região, fazendo com que possa levar aprendizados sobre educação ambiental para escolas da localidade. Terezinha enfatizou a relevância da metodologia construída pela Capina, na qual os estudos de viabilidade econômica e as pesquisas de mercado participativas são também dispositivos de análise dos modos de gestão do trabalho no âmbito da Economia dos Setores Populares, trazendo a centralidade do processo para o cuidado com as relações interpessoais, uma vez que sem esse fator, não há resultado sustentável, seja qual for a atividade, inclusive na prática agroecológica.
Durante a roda, a AS-PTA junto a AARJ aproveitaram para fazer o anúncio e lançamento do projeto “Quintais Mulheres para o bem bem-viver” GT Mulheres da AARJ e a AS-PTA aprovam projeto de apoio às Mulheres por meio dos Quintais Produtivos Urbanos no Rio de Janeiro. O evento reforçou a importância da autonomia econômica das mulheres e o papel fundamental da agroecologia para promover a sustentabilidade e o cuidado coletivo, tanto no campo quanto na cidade.
Promover a autonomia e dinamizar a economia das mulheres é fortalecer a agroecologia!