Avaliar e refletir sobre o papel da juventude camponesa no fortalecimento da agricultura familiar, esse foi um dos temas centrais de mais um encontro da Comissão de Jovens com a Coordenação do Polo da Borborema. Reunidos nos dias 16 e 17 de junho, no convento Ipuarana em Lagoa Seca, o evento trouxe o diálogo entre a juventude e lideranças do Polo, além de uma oficina direcionada ao fortalecimento dos jovens no acesso aos mercados.
Na manhã do primeiro dia, novas e antigas lideranças se reuniram no grande salão São Francisco. Coordenação ampliada, lideranças sindicais e jovens do Polo da Borborema, dialogaram para melhor entender como os jovens se inserem no trabalho da agricultura, no fortalecimento da agricultura familiar agroecológica do território e como os próprios sindicatos e comissões temáticas podem abrir mais espaços para uma ação mais política desse grupo.
Uma apresentação sobre o atual engajamento da juventude abriu o debate. Entre as principais cobranças aos jovens, estavam uma participação mais efetiva nos sindicatos. Sob esse ponto, Euzébio Cavalcante, presidente do Sindicato de Remígio-PB, atentou sobre o que os sindicatos estão fazendo para conseguir trazer a juventude para mais perto. “Precisamos pensar em qual tipo de grupo que esses jovens querem se inserir. Ampliar a visão deles sobre o seu trabalho na agricultura, como juventude camponesa”, frisou.
O empoderamento da juventude sob seu trabalho e o entendimento de seu papel como jovens camponeses, sensibilizou alguns dos participantes do encontro. Em cada fala, em cada gesto, os jovens se colocaram como importante peça para a continuação do trabalho que o Polo vem desenvolvendo ao longo desses mais de 20 anos de trabalho. “Nos sentimos orgulhosos e com a sensação de dever cumprido, mas também com a de que o trabalho não acabou”, disse Alan Kilson, jovem agricultor de Remígio.
O diálogo entre gerações diferentes, unidas pelo mesmo trabalho, deu ainda mais força a juventude camponesa. O entendimento sobre o papel que os sindicatos têm em valorizar o trabalho e identidade desses jovens agricultores, traz esperança na continuidade das ações que o Polo da Borborema vem desenvolvendo com intuito de fortalecer a agricultura familiar e agroecológica.
Oficina de Mercados – Dando sequência as atividades do encontro, uma oficina sobre acesso a mercados locais e institucionais foi facilitada por Afrânio Azevedo, assessor técnico da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia. Entre os objetivos da oficina estavam a reflexão sobre a importância da agricultura familiar e da agroecologia, a socialização da experiência individual dos jovens sobre o destino da sua produção e um diálogo sobre os mercados.
Um primeiro momento convidou os jovens a identificar o que era produzido no lugar onde vivem e colá-los em uma árvore pintada em um painel. A partir daí o diálogo levou os participantes a pensar no que se produzia e em modos de escoar esses produtos. A oficina trouxe ainda questões como espaços para comercialização e distribuição, a organização das feiras agroecológicas na região do Polo da Borborema, além de tentar compreender melhor o funcionamento de algumas políticas públicas como o PAA, PNAE e o Pronaf. Além disso, foi apresentada a experiência da Ecoborborema, Associação de Produtores e Produtoras Agroecológicos do Polo da Borborema, e algumas de suas funções, como o favorecimento na elaboração de projetos que beneficiem os associados.
Ainda parte das ações do Projeto Sementes do Saber, que objetiva contribuir com a inserção econômica e produtiva de jovens agricultores do território, barracas nas feiras agroecológicas serão disponibilizadas a alguns desses jovens. Ações como essa, trazem maior autonomia para a juventude, além de reafirmar sua identidade como jovens camponeses.
O segundo dia de encontro foi marcado pelo planejamento das ações para o segundo semestre do ano. Ao resgatar alguns dos desafios apontados durante o diálogo com a Coordenação ampliada do Polo, os jovens reafirmaram a vontade de maior participação em espaços como a própria coordenação. Dando continuidade, após uma retrospectiva do trabalho feito nos últimos meses, ações como fortalecimento dos grupos de viveiristas e coletores de sementes, ampliação e criação de novos Fundos Rotativos Solidários, continuação das oficinas municipais sobre acesso a mercados, além de outros trabalhos e visitas de intercâmbio, foram marcados para os próximos meses.