Na quarta-feira (03/08), o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Queimadas recebeu uma visita especial. Agricultores e agricultoras, estudantes, agentes de ATER, professores e pesquisadores, vieram conhecer a experiência da Rede de Sementes da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba). A visita faz parte da programação da I Caravana da Agrobiodiversidade do Semiárido, formada pelos estados da Bahia, Pernambuco e Sergipe. Somadas a Caravana, também estiveram presentes 5 quilombolas do Maranhão.
A caravana, que já vinha de dois dias de intercâmbio no Sertão do Pajeú, chegou à Paraíba com o intuito de conhecer os acúmulos e conquistas da Rede de Sementes. O primeiro momento contou com a apresentação da organização do trabalho da rede e suas organizações no estado: a história das sementes da paixão, a visibilidade e valorização das experiências dos guardiões e guardiãs, as conquistas e as lutas pela estruturação de uma política de sementes para o semiárido paraibano, além da atuação das 07 dinâmicas territoriais presentes no estado ligadas à ASA Paraíba.
À tarde a programação seguiu com visitas a três bancos de sementes nas comunidades de Torrões, Guritiba e Maracajá, no município de Queimadas. “O que mais me chamou atenção foi a história da fundação do Banco, começou com as mulheres se organizando”, disse dona Maria José, agricultora assentada vinda de Sergipe. Ela participou da visita ao Banco de Sementes da comunidade de Torrões e conheceu, além da experiência do próprio banco, as dinâmicas organizacionais da comunidade. A cozinha comunitária, os fundos rotativos solidários, a organização da juventude e das mulheres. Dona Maria anotava em uma folha de papel suas impressões sobre tudo que via. Ela diz que estão tentando montar um Casa de Sementes da Liberdade – como são chamadas as sementes crioulas no seu estado – na sua comunidade e que a caravana já lhe trouxe muito conhecimento.
Para Paola Cortez Bianchini, Pesquisadora da Embrapa Semiárido e Coordenadora do Núcleo de Agroecologia do Semiárido, o trabalho com as Sementes da Paixão tende a trazer muitos benefícios para as comunidades e para a própria Embrapa no seu modo de fazer pesquisa, de entender ciência e na sua proposta de pesquisa em agroecologia: “Se a gente pensar numa perspectiva de trabalho em rede, a Embrapa tem a contribuir com a pesquisa para fortalecer e valorizar o conhecimento dos agricultores”, diz a pesquisadora. E ainda confirma o que os agricultores e agricultoras já sabem há tempos, que “a Semente da Paixão, é a semente mais apropriada para cada contexto ambiental e sociocultural”.
No segundo dia de visitas, os grupos se dividiram entre as experiências de Sementes no território do Coletivo, onde foram visitados os bancos de sementes das comunidades Caiana em Soledade e a comunidade Alto do Umbuzeiro em São Vicente do Seridó. A força dos homens e mulheres paraibanos, agricultores e agricultoras, é levada pela caravana, para cada um dos seus estados.
Após as visitas de intercâmbio nas comunidades, o grupo se reuniu na Capela Santa Clara em Soledade, onde foi apresentada a pesquisa participativa das sementes da paixão, com ênfase no processo metodológico, construído a partir da valorização do conhecimento das famílias agricultoras sobre as suas sementes. “Os principais resultados dessa integração mostraram que as sementes da paixão produzem mais ou igual às sementes comerciais. Isso nos possibilita levantar subsídios para construção de políticas públicas que possam valorizar a rica biodiversidade de sementes presente nos bancos comunitários de sementes”, afirma Emanoel Dias, assessor técnico da AS-PTA. Ao final, foi apresentado o vídeo e os instrumentos (cartaz, banner e o cordel) que o Polo da Borborema vem utilizando na Campanha não planto transgênicos para não apagar minha história.
A I Caravana da Agrobiodiversidade do Semiárido faz parte do plano de ação de um dos projetos do Núcleo de Agroecologia da Embrapa Semiárido por meio da chamada CNPq/Embrapa Semiárido, e é uma parceria com diversas organizações não-governamentais e os diferentes núcleos de agroecologia consolidados por meio das chamadas do CNPq.