Nos dias 15 a 17 de dezembro, foi realizado no Convento Ipuarana, em Lagoa Seca, o IV Encontrão da Juventude Camponesa do Polo da Borborema. Estiveram presentes nesse momento, cerca de 100 jovens, mulheres e homens, de 10 municípios que compõem o Polo.
Esse encontro, que tinha como objetivos o fortalecimento da formação política da juventude, também teve como foco, a formação técnica e o planejamento das três redes de experimentação: Cultivos Agroflorestais, Pequenas Criações e Acesso a Mercados. Além disso, foi um momento importante para o planejamento do processo de formação e mobilização para a II Marcha da Juventude Camponesa do Polo da Borborema que acontecerá em Massaranduba, em agosto de 2018.
O Encontrão teve início na sexta-feira à tarde com a formação sobre o Sindicalismo Rural. As lideranças do Polo da Borborema acompanharam esse momento, quando puderam refletir sobre a organização de classe e seu significado para a vida dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Roselita Vitor, liderança da Coordenação do Polo da Borborema, lembrou que todos são herdeiros das Ligas Camponesas e do legado de Margarida Maria Alves: “O Polo promove uma luta camponesa, enfrentando as grandes corporações, quando organizamos as mulheres, os jovens, os fundos rotativos solidários ou quando defendemos nossas sementes da paixão. E essa luta também é da juventude. É uma luta de todos nós”.
À noite, um grupo maior de jovens chegou para participar dos Seminários Temáticos. Foram divididos em três grupos de acordo com a rede de experimentação das quais participavam (mercados, agroflorestal ou pequenas criações), quando puderam organizar o dia de trabalho e a metodologia do encontro. A noite foi encerrada como o show na voz e violão de Marlon Albuquerque.
No sábado as atividades começaram logo cedo, quando os grupos saíram para promoverem visitas de intercâmbio em famílias de Lagoa Seca. O grupo da Criação Animal foi o maior, pois contemplava os gestores e os beneficiários dos fundos solidários de animais, e se dividiu entre a visita à propriedade de dona Lupinha, na comunidade de Lagoa do Gravatá, e em Vero, criador do sítio Retiro, onde puderam conhecer os sistemas de criação e as práticas de sanidade animal. O grupo de Mercados foi visitar o jovem Oclécio, na comunidade Almeida, que desde muito cedo aprendeu a produzir e a comercializar nas feiras agroecológicas. Por fim, o grupo dedicado ao tema da Agrofloresta seguiu para a experiência de Erivan e Sandra, dois irmãos que dedicam seu amor ao ambiente produzindo e plantando mudas de diferentes variedades.
No retorno ao Convento Ipuarana, os grupos avaliaram e debateram o que foi visto e aprendido. E à tarde, puderam aprofundar e planejar as atividades ligada a cada temática. No tema da criação, duas questões nortearam o debate e o planejamento: a sanidade animal e a gestão dos fundos solidários. No tema da Agrofloresta, o debate girou em torno da consolidação da rede de coletores e também do armazenamento das sementes silvestres. Também dedicaram tempo ao planejamento da produção de mudas e o desafio da água para a manutenção dos viveiros. O grupo de Mercados pode se debruçar sobre as experiências das Feiras Agroecológicas e Culturais e como ampliar a experiência, envolvendo cada vez mais jovens feirantes. Além disso, puderam debater sobre novos canais de comercialização para a juventude, como a aquisição de bancos nas feiras livres.
A animação da segunda noite do encontro ficou por conta da I Gincana Cultural da Juventude do Polo da Borborema. Divididos em três grupos: Agreste, Brejo e Curimataú, os jovens foram disputando conhecimentos ao responder testes que envolviam agilidade, criatividade, raciocínio lógico, além de muita diversão. O grande campeão foi o grupo do Agreste.
Na manhã de domingo, último dia de evento, os jovens se dividiram por município para organizarem um processo de formação com a realização de oficinas técnicas, visitas de intercâmbio, animação dos fundos solidários, mas sobretudo, puderam planejar como cada município irá se preparar para a II Marcha da Juventude Camponesa. Também nessa manhã, puderam tratar sobre a participação nos GTs de Juventude da ASA Paraíba e da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e como participarão dos momentos estaduais de preparação ao IV Encontro Nacional de Agroecologia (IV ENA).
Nesse final de encontro, um tema bastante mobilizador dessa juventude foi o fechamento das escolas do campo e a necessária adesão dos jovens na luta que foi encampada pelo Polo da Borborema como uma bandeira de ação sindical. Os jovens irão se somar em seus municípios aos debates junto aos pais, professores, vereadores, conselhos de educação e de desenvolvimento rural na luta por uma escola do campo de qualidade.
O trabalho com a juventude do Polo da Borborema é assessorado pelo Núcleo de Juventude da AS-PTA que conta com o apoio das entidades da cooperação internacional Comitê Católico Contra a Fome a Favor do Desenvolvimento (CCFD), ActionAid e terre des hommes schweiz.