Promover a aproximação entre campo e cidade, a troca de saberes e a distribuição de sementes crioulas foi o que moveu a Rede Sementes da Agroecologia (ReSA) e a Casa da Semente de Mandirituba a realizarem, no último sábado (28/11), um encontro com representantes de 15 hortas urbanas da capital e região metropolitana. A atividade aconteceu na Casa da Ciclovia, no Centro Cívico de Curitiba, distribuindo aproximadamente 800 pacotes de sementes crioulas, organizados em kits com cerca de 50 variedades de sementes de hortaliças.
A ação foi articulada através do Projeto Emergencial de Conservação e Multiplicação da Agrobiodiversidade, coordenado pela ReSA e com recursos do Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT-PR). Durante a partilha, cada participante pode relatar as experiências que vêm sendo desenvolvidas em suas comunidades e bairros com as hortas urbanas.
Para Ana Beatriz Figueiredo Tavares, da Utopia, uma rede de distribuição de cultivos agroecológicos, artesanais e orgânicos, um modo de integrar campo e cidade é buscar relações mais justas e diretas entre quem consome e quem produz os alimentos. “O estreitamento dessas relações gera possibilidades de um consumo mais consciente, o que beneficia tanto o produtor, quanto o consumidor. As práticas de plantio comunitário em espaços urbanos também são um modo de aproximar campo e cidade, e reverberam no sentido de acessibilizar o alimento de boa qualidade proporcionando soberania alimentar”, afirma.
A representante da Casa das Sementes de Mandirituba, Ines Polidoro explica que nesse momento em que a Covid-19 aumenta a fome na cidade, se faz necessário apresentar saídas para a população, e a execução do projeto em parceria entre ReSA e MPT-PR é um caminho para isso.
“É importante trazer o projeto para a cidade, apresentar o que as organizações estão fazendo, trazer as sementes crioulas para as hortas urbanas fazendo elas chegarem nos bairros e na casa das famílias. Nós temos que pensar no que a gente come, e temos que plantar o alimento para não depender do auxílio governamental ou da doação da comida, esse é o propósito, a luta em defesa da vida através da semente crioula”. E acrescenta. “Nos fortalecemos quanto Rede de Sementes, mas também fortalecemos a rede das hortas urbanas. Esses encontros são encontros de resistência”.
Para James Willian, que participou representando a horta urbana da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), o encontro foi um espaço muito importante de troca de experiências entre campo e cidade. “Esse encontro foi importante em duas linhas: uma que conecta o campo com a cidade, traz essa coisa ancestral da semente crioula, e a outra, o lado da conexão das próprias hortas urbanas como rede. Isso com certeza a gente vai ver o impacto muito em breve, já que foram várias hortas participando e bastante sementes distribuídas”.
Ao final do encontro, cada participante preparou uma bandeja de muda de hortaliças para ser plantada em sua horta.