Onde antes só havia capim-colonião (Panicum maximum Jacq.) agora se encontra uma mata densa, composta de espécies arbóreas em consonância com cultivos agrícolas. A recuperação da área é o resultado do trabalho realizado pelo Coletivo Verdejar Socioambiental, e tem contribuído com a produção de alimentos e a aumento da área verde na cidade do Rio de Janeiro
O dia começou na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, na comunidade Sérgio Silva, bairro do Engenho da Rainha, no sopé da Serra da Misericórdia. Na visita de apoio do projeto Arranjos Locais, desenvolvido pela AS-PTA em parceria com organizações comunitárias, foi feito um mutirão na agrofloresta.
Pelo caminho, era possível notar que, dentre as árvores de grande porte, era abundante a presença de leucenas (Leucaena leucocephala) e pau-formiga (Triplaris americana). Essas espécies são consideradas pioneiras, e por isso são muito utilizadas na recuperação de áreas degradadas.
“Uma árvore pioneira é aquela que possui madeira leve, crescimento rápido e que se estabelece rapidamente. Já o Pau-Formiga tem um papel importante na incorporação de matéria orgânica em solos degradados, contribuindo através da adubação verde” é o que nos conta Marina Pellegrini, estudante de biologia da UFRJ e estagiária da AS-PTA.
Após a porção de mata, cresce a implementação de cultivos agrícolas. Na integração entre floresta e agricultura marcam presença espécies frutíferas (goiaba, açaí, pitanga, bananeira, cacau), maior biodiversidade de espécies arbóreas (pau-ferro, jurema) e a horta com variedade de PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) e plantas medicinais. Dentre elas o destaque para Chaya (Cnidoscolus aconitifolius) uma espécie importante na história deste quintal. Marcelle Fellipe conta que uma estaca de Chaya foi trazida por um dos fundadores da Organização de uma viagem que fez para Bolívia, o Luiz Poeta – ambientalista e agricultor urbano – e logo observou seu rápido crescimento, tornando-se uma das primeiras árvores da horta e espalhando-se por toda a Serra da Misericórdia.
Apesar de toda essa diversidade, de uma floresta no meio da cidade, “os Verdejantes” informam que a horta comunitária precisa de um novo desenho de manejo, em que se faz necessário refazer o sistema de irrigação. Devido a pandemia, não tem acontecido atividades no espaço, de modo que alguns moradores, que antes trabalhavam frequentemente, hoje em dia se dividem em visitas esporádicas.
Com isso, Rodrigo Morelato destaca: O Verdejar tem passado por dificuldades desde que perdemos nossa sede, primeiro em 2011, na Comunidade Sérgio Silva (Engenho da Rainha) e depois em 2018, no Morro da Esperança (Complexo do Alemão) ambas perdidas por conta da operação da polícia na comunidade. No entanto, direcionamos nossas ações para a construção do Espaço de Educação Ambiental e Práticas Sustentáveis Luiz Poeta.
Durante a visita foram abertos buracos para fincar troncos que vão servir de alicerce para nova sede, além disso, serão construídos portais com placas nas áreas chamadas de ecolimite, justamente para informar aos moradores onde termina a área de construção e onde se inicia a área verde.
Com o intuito de somar forças para a obra do espaço, nesse dia os verdejantes gravaram uma série de pequenos depoimentos para um vídeo sobre o processo de bioconstrução.
O Projeto Redes Locais de Produção e Abastecimento Alimentar: Fortalecendo laços de produção, comercialização e consumo de alimentos saudáveis tem apoio da Misereor e é realizado pela AS-PTA com um conjunto de parcerias comunitárias.