Inaugurada em 17 de Agosto de 2013, a feira, que compõe o Circuito Carioca de Feiras Orgânicas, surgiu como uma demanda antiga dos moradores da Freguesia à AMAF (Associação de Moradores da Freguesia). Acontece todo sábado no coração do bairro, na Praça Professora Camisão. Lá é possível encontrar alimentos livres de agrotóxicos, com qualidade e preços acessíveis. Atualmente, são seis barracas que comercializam os mais variados produtos que vão desde frutas, legumes e verduras da estação até beneficiados como bolos, pães e biscoitos.
Os responsáveis por essa diversidade de Produtos da Gente são as agricultoras e agricultores, feirantes e suas famílias que ocupam o espaço da praça para oferecer agroecologia para a mesa de seus consumidores. Feirantes da região de Jacarepaguá e entorno da cidade do Rio fazem parte da feira: Russo e família, do Pau da Fome, Sumaya e Fátima dos quintais produtivos da Colônia, Dona Lourdes e família de Queimados, Angélica de Vargem Grande, Eduardo e Lidiane de Magé, Lucas de Petrópolis e Jorge da Freguesia.
Ao longo de oito anos de existência, um espaço de comercialização como esse incentiva a diversidade na produção e cria novas oportunidades de participação em outros locais e circuitos de venda, como grupos de compras coletivas e entrega de cestas de alimentos orgânicos e/ou agroecológicos.
A feira é também um local de aprendizado sobre os modos de vida dos agricultores urbanos, onde são trocados receitas e saberes sobre plantas e cultivos, consumo responsável e padrões de mercado. É um lugar de resistência da agricultura carioca, de defesa de uma cidade que cria condições de acesso público a alimentos frescos e saudáveis.
Apesar das conquistas e da incrível trajetória da feira até aqui, ela enfrenta alguns desafios que dificultam a sua ampliação e seu funcionamento, como a falta de manutenção da Praça Professora Camisão, a calçada irregular, e a ausência de lixeiras no local. E sendo uma feira do Circuito Carioca de Feiras Orgânicas passa por inseguranças administrativas ligadas ao município do Rio, como a suspensão do Conselho Gestor e do regimento do Circuito.
A Rede Carioca de Agricultura Urbana e a AS-PTA, além de outras instituições como FIOCRUZ, UFRRJ e Rede Ecológica, têm acompanhado de perto esses desafios e seguem apoiando e tentando suprir as demandas. Annelise Fernandez, professora da UFRRJ e membro da Rede Carioca de Agricultura Urbana e da Rede Ecológica, acompanha a feira desde a sua formação e, sendo também moradora do bairro da Freguesia, passou a frequentar a feira todos os sábados. Para ela, consumir na feira é uma questão de coerência com o esforço de pesquisa e extensão em defesa da agricultura carioca. É uma forma cotidiana de apoiar a agricultura familiar e urbana do Rio de Janeiro. Ela nos conta:
“Temos consumidores fiéis, que frequentam a feira desde o seu início, mas a feira ainda sofre de um desequilíbrio entre produção e comercialização. Ainda é preciso alargar o alcance da feira no bairro.” E complementa: “Estar há oito anos na praça, vendendo alimentos orgânicos é uma conquista! Funcionar em um bairro da Zona Oeste, onde se concentra a maior parte da agricultura carioca é uma conquista maior ainda.”